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O primeiro-ministro de Espanha e líder do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), Pedro Sánchez.
Secretário de Organização do partido, Santos Cerdán, negociou comissões de pelo menos 520 mil euros, pagas por empresas de construção, na adjudicação de obras públicas. Primeiro-ministro diz que “não há crise no Governo”.
O primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, reconheceu esta quinta-feira haver “indícios muito graves” de corrupção envolvendo o ‘número três’ do Partido Socialista espanhol (PSOE), mas rejeitou uma crise no Governo e a possibilidade de antecipar eleições.
Numa conferência de imprensa na sede do PSOE, em Madrid, Sánchez garantiu que só agora conheceu o relatório da investigação policial segundo o qual o secretário de Organização do partido, Santos Cerdán, negociou comissões de pelo menos 520 mil euros, pagas por empresas de construção, na adjudicação de obras públicas.
Pedro Sánchez pediu “desculpa e perdão” a todos os espanhóis e, especialmente, aos militantes e simpatizantes do PSOE e anunciou uma “auditoria externa” às contas do partido, apesar dos “relatórios positivos” do Tribunal de Contas sobre a organização.
Reestruturação interna a caminho
O líder do PSOE anunciou ainda, para breve, uma reestruturação da direção do partido.
“Até hoje de manhã estava convencido da integridade de Santos Cerdán”, disse o líder do PSOE, que reconheceu ter trabalhado de forma muito próxima com o ‘número três’ do partido desde 2014 e estar a sentir uma “profunda tristeza” e uma “enorme deceção”.
Santos Cerdán, que garantiu estar inocente, demitiu-se já da direção do PSOE, a pedido de Sánchez, e anunciou que vai também deixar o lugar de deputado.
“Não há crise no governo”
Sánchez disse que este caso afeta a direção do PSOE, mas não o Governo espanhol e garantiu que não há uma “crise no governo”, “em absoluto”.
O primeiro-ministro rejeitou, como já fez no final da semana passada, antecipar eleições e voltou a dizer que a legislatura chegará ao final, até 2027. Sánchez disse ainda que pretende voltar a ser candidato a primeiro-ministro quando houver eleições legislativas em Espanha.
Pedro Sánchez, primeiro-ministro desde 2018, voltou a ser eleito para o cargo pelo parlamento espanhol em novembro de 2023, por uma geringonça de oito partidos. Desde que foi reinvestido no cargo, pessoas próximas do primeiro-ministro, como a mulher ou o irmão, e antigos membros do Governo e da direção PSOE, foram envolvidos em processos judiciais por suspeitas de corrupção.
O líder do PSOE disse que com “respostas contundentes”, como esta, faz a diferenciação entre “supostos casos e outros” que têm “efetivamente indícios que os corroboram”.
ZAP // Lusa