A chanceler alemã, Angela Merkel, disse hoje que os interesses económicos e políticos da Rússia podem vir a ser seriamente afetados se Moscovo continuar a violar as leis internacionais na península da Crimeia.
Durante um discurso no Parlamento de Berlim, Merkel disse que a Rússia está a praticar táticas expansionistas falhadas dos séculos XIX e XX.
“Se a Rússia continuar o que está a fazer durante as últimas semanas, a catástrofe pode afetar não apenas a Ucrânia”, disse a chanceler perante os deputados numa sessão parlamentar em que se encontrava presente o embaixador ucraniano na Alemanha.
“Isto não vai alterar apenas as relações entre a União Europeia e a Rússia. Isto vai – e estou firmemente convencida disto – afetar a Rússia economicamente e politicamente”, sublinhou Merkel.
A chanceler disse ainda que a Rússia devia aprender com os erros do passado referindo que este ano se assinala o primeiro centenário da Primeira Guerra Mundial e os 25 anos da queda do Muro de Berlim.
“Não podemos fazer com que o tempo ande para trás”, disse.
“Os conflitos de interesses no centro da Europa em pleno século XXI só podem ser resolvidos com êxito se não forem utilizados meios do século XIX e do século XX”, acrescentou.
Merkel tem sido apontada como a figura política mais influente da União Europeia perante a crise da Crimeia mas tem sido igualmente criticada pela relutância em pressionar a Rússia devido aos interesses comerciais de Berlim em Moscovo.
Durante a visita que realizou na quarta-feira à Polónia, onde se encontrou com o primeiro-ministro Donald Tusk, Merkel avisou a Rússia sobre a possibilidade de “uma segunda fase de sanções” a impor à Rússia se Moscovo não recuar das posições que mantém na Crimeia.
O parlamento da Crimeia marcou para domingo um referendo para que os habitantes da Península decidam se querem pertencer à Federação russa ou uma autonomia mais alargada em relação à Ucrânia.
As autoridades da Crimeia não reconhecem o novo Governo da Ucrânia, que foi nomeado pelo parlamento após a destituição do Presidente Viktor Ianukovich, atualmente exilado na Rússia e que reivindica ser ainda o chefe de Estado.
Tanto as novas autoridades de Kiev como a comunidade internacional ocidental consideram este referendo ilegal e têm apelado à Rússia para que não apoie a iniciativa.
A crise na Ucrânia começou em novembro do ano passado quando Ianukovich recusou assinar um acordo de associação com a União Europeia e promoveu uma aproximação à Rússia.
/Lusa
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