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A covid-19 foi o balde de água fria de muitos países, mas pode ser uma oportunidade para a Nigéria

O mundo está a braços com uma pandemia e a Nigéria não é exceção. Agora que o país está a aliviar as restrições impostas para conter a disseminação do novo coronavírus, já se olha para o futuro.

A principal questão que se impõe agora na Nigéria é que medidas realistas de saúde pública podem ser tomadas neste país para garantir que a infeção e as taxas de mortalidade permanecem no limite mais baixo do espetro.

Doyin Ogunyemi, médica de Saúde Pública e professora na Faculdade de Medicina da Universidade de Lagos, na Nigéria, defende que, em primeiro lugar, é necessário dotar o país de mecanismos de obtenção de dados confiáveis.

Neste sentido, a especialista considera que é primordial acelerar o tempo decorrido entre a recolha das amostras biológicas e os resultados dos testes à covid-19, que, muitas vezes, excede o período de recuperação de aproximadamente duas semanas para casos leves da doença, em vez das 48 horas de referência.

Apesar de a escassez de materiais, especialmente reagentes, ter sido o motivo, a verdade é que estes atrasos dificultam o acompanhamento da propagação e intensidade da doença na Nigéria. Outro problema associado, e até já conhecido, é a falta de testes no território.

De acordo com o Centro de Controlo de Doenças, foram realizados 60.825 testes no final de maio, num país que tem uma população superior a 200 milhões de pessoas. Em comparação, o Gana, cuja população é de cerca de 30 milhões, realizou mais de 200.000 testes.

Ogunyemi considera que existem algumas medidas imediatas que a Nigéria pode adotar para conter os efeitos negativos da pandemia, nomeadamente ao nível da consciencialização da população. A especialista refere ainda, num artigo assinado no The Conversation, que os esforços para reduzir a propagação necessitam de ser descentralizados.

Assim, a médica defende o aumento da capacidade dos locais de teste nos vários estados da Nigéria para que haja, pelo menos, um laboratório em cada um dos 36 estados. Atualmente, existem 28 laboratórios funcionais para testes à covid-19 no país.

Garantir a formação contínua do pessoal médico, isolar os casos confirmados, fornecer resultados de testes em 48 horas e evitar a contagem dupla de infetados está também na lista de prioridades elencada por Doyin Ogunyemi, que defende que a Nigéria tem de agir já, numa altura em que pôs fim ao lockdown.

Se a pandemia é encarada por muitos como o azar do ano, pode, no entanto, ser vista pela Nigéria como uma oportunidade de investimento adequado no seu sistema de saúde.

LM, ZAP //

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