O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS) avisou hoje que o mundo tem de se preparar para uma “eventual pandemia” do novo coronavírus, considerando “muito preocupante” o “aumento repentino” de casos em Itália, Coreia do Sul e Irão.
“Devemos concentrar-nos na contenção [da epidemia], enquanto fazemos todo o possível para nos prepararmos para uma possível pandemia”, disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, numa conferência de imprensa em Genebra.
No entanto, a epidemia recuou na China, onde o novo coronavírus surgiu no final de dezembro e onde 77.000 pessoas foram infetadas desde então, refere a OMS.
Especialistas da missão conjunta da OMS em várias províncias chinesas, incluindo Wuhan, o epicentro da epidemia, descobriram que a epidemia de Covid-19 atingiu na China “um pico seguido de 23 de janeiro a 02 de fevereiro passado, e está em declínio desde então“, disse Tedros Adhanom Ghebreyesus.
“Isso deve dar aos países esperanças de que esse vírus possa ser contido”, afirmou, mais uma vez saudando as medidas drásticas tomadas pela China, onde dezenas de milhões de pessoas vivem confinadas há semanas.
Noutras partes do mundo, a epidemia de pneumonia viral acelerou hoje, com relatos de subidas acentuadas na Coreia do Sul e no Irão, que agora registam o maior número de casos de contaminação e mortes fora da China.
Segundo Ghebreyesus, o aumento repentino no número de casos em Itália, no Irão e na Coreia do Sul é muito preocupante”, acrescentando que deverá viajar na terça-feira para Teerão, acompanhado de especialistas.
Na Europa, a Itália, que atualmente contabiliza seis mortos, tornou-se o primeiro país do continente a instalar um cordão de controlo médico-sanitário em torno de dez cidades do norte.
A Itália, que passou de seis para 219 casos em quatro dias, é o país mais afetado na Europa e o terceiro no mundo, depois da Coreia do Sul e da China.
A OMS decidiu enviar missões científicas para a Itália e o Irão, com a intenção de ajudar as autoridades nacionais a implementarem as medidas de contenção necessárias.
A primeira equipa “está a chegar a Itália”, enquanto a segunda viajará terça-feira para Teerão, disse o diretor de emergências de saúde da OMS, Michael Ryan, na entrevista coletiva diária para relatar a evolução desse surto epidémico.
Ryan considerou provável que, no caso do Irão, a rápida multiplicação de casos esteja relacionada com as festividades religiosas com a participação de muitos milhares de fiéis, já que o centro do surto está localizado em Qom, considerada uma cidade sagrada para os xiitas.
Por seu turno, Tenros Adhanom Ghebreyesus acrescentou que, do ponto de vista científico, a missão conjunta na China também ajudou a demonstrar “que não houve mudança significativa no ADN do coronavírus”.
Quanto à taxa de mortalidade na China, é atualmente de 0,7% e entre 2,0% e 4,0% em Wuhan, detalhou.
Os especialistas também descobriram que as pessoas que foram infetadas, mas não sofrem de sintomas graves, têm um tempo de recuperação de cerca de duas semanas, enquanto aquelas que são severamente afetadas levam entre três a seis semanas, explicou.
A epidemia de Covid-19, que teve origem na China, já infetou mais de 79.000 pessoas em todo o mundo, segundo os números das autoridades de saúde dos cerca de 30 países afetados.
O número de mortos devido ao coronavírus subiu para 2.592 na China continental, contabilizando também mais de 75 mil infetados, quase todos na província de Hubei.
Além das vítimas mortais na China continental, já houve também mortos no Irão, Japão, na região chinesa de Hong Kong, Coreia do Sul, Filipinas, Estados Unidos e Taiwan. Na Europa, os países mais afetados são a Itália e a França.
Em Portugal já existiram 13 casos suspeitos, mas após análises foram dados negativos.
Existe apenas um caso de um português infetado, trabalhador num navio de cruzeiros que se encontra de quarentena no porto de Yokohama, no Japão.
// Lusa
Coronavírus / Covid-19
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