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Costa diz que só soube do memorando de Tancos no dia da demissão de Azeredo

Paulo Cunha / Lusa

O primeiro-ministro, António Costa, diz que só soube do memorando da Polícia Judiciária Militar (PJM) sobre o assalto a Tancos no dia em que o então ministro da Defesa, Azeredo Lopes, apresentou a sua demissão.

A afirmação do líder do Executivo faz parte das respostas que António Costa escreveu aos deputados da Comissão Parlamentar de Inquérito a Tancos, noticia o Expresso.

Logo nas primeiras questões, noticia o semanário, o primeiro-ministro diz que recebeu o memorando da PJM na manhã de 12 de outubro de 2018, data em que Azeredo Lopes se demitiu. “Foi-me presente pelo meu chefe de gabinete um documento não assinado, não datado e não timbrado”, escreveu.

De acordo com António Costa, o documento foi-lhe entregue pelo assessor militar, o major-general Tiago Vasconcelos, “a quem pouco tempo antes nesse mesmo dia fora facultado pelo tenente-general Martins Pereira [chefe de gabinete de Azeredo Lopes]”.

“Nesse documento refere-se a existência de um informador“, acrescentou.

Na resposta por escrito à Comissão de Inquérito, António Costa negou ter tido conhecimento do memorando em causa antes de 12 de outubro. Um ano antes, recorda o Expresso, o ex-diretor da PJM e um investigador daquela polícia tinham entregado esse documento ao chefe de gabinete de Azeredo Lopes.

António Costa assegura que nesse mesmo dia de 12 de outubro mostrou o memorando ao então ministro da Defesa. “Dessa reunião, fiquei com a convicção de que o ex-ministro da Defesa Nacional nunca o tinha visto anteriormente“. Foi também neste encontro que Azeredo Lopes apresentou demissão da pasta da Defesa.

“Constatei tratar-se de algumas folhas de papel sem timbre, data, rubrica ou assinatura, epígrafe, contendo assunto ou registo de qualquer tipo que permitisse identificar a sua origem”, escreveu Costa sobre as conclusões que tirou após ler o documento.

E acrescentou: “Aparentemente, descreve um conjunto de técnicas e procedimentos operacionais que teriam sido empreges pela Polícia Judiciária Militar para recuperar o material que fora furtado em Tancos. A leitura do mesmo revela: a) o objetivo preciso de recuperar o material roubado; b) a preocupação em salvaguardar a identidade de um informador; e c) indicia que a PJM procurou ocultar à Polícia Judiciária o conhecimento desta operação”.

António Costa frisou que o Governo não desvalorizou o roubou, tendo também defendido Azeredo Lopes. “O Governo em nenhum momento desvalorizou a ocorrência de Tancos (…) [Azeredo] transmitiu-me sempre, em todos os assuntos, a informação que considerou relevante ou que eu solicitei”, afirmou por duas vezes, citado pelo Expresso.

O assalto aos paióis de Tancos ocorreu em junho de 2017, tendo já o caso 21 arguidos.

ZAP //

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