Recusando a ideia de existir um excesso de turistas no país, o primeiro-ministro quer que turismo cresça em Portugal atingindo os 10% do PIB.
Apelando para que a Assembleia da República aprove a proposta do Governo na criação do programa de arrendamento acessível, António Costa defendeu esta quinta-feira ter como objetivo “aumentar a intensidade” do setor em Portugal, rejeitando que seja o turismo o responsável pela crise na habitação.
“O turismo vale 10% do PIB da União Europeia e, em Portugal, ainda só vale 8%. Temos de, pelo menos, atingir a média europeia”, disse o primeiro-ministro na abertura da Cimeira do Turismo, em Lisboa, por ocasião do Dia Mundial do Turismo.
António Costa recordou ainda a libertação de 280 milhões de euros na linha Qualificar, criada para apoiar projetos de qualificação no turismo, e da criação de mais 185 rotas e 225 novas operações aéreas.
“Quero dizer que não há turistas a mais em Portugal. Pelo contrário, temos de aumentar a intensidade do turismo em Portugal”, disse o primeiro-ministro socialista, acrescentando ainda que o país está “aquém” daquilo a que pode chegar.
António Costa aproveitou a sua intervenção na Cimeira do Turismo para falar do novo aeroporto do Montijo, afirmando ser necessário “corrigir o erro de há dez anos não termos feito o aeroporto”.
Problemas da habitação
Sobre os problemas na habitação e nas dificuldades em arrendar ou comprar casa, António Costa afirmou que “a solução não é proibir o turismo“.
Segundo o governante, a solução passa por criar mais oferta na habitação a preços mais acessíveis, ressalvando que essa solução não poderá vir toda do Estado ou depender dos municípios.
O Governo enviou para a Assembleia da República uma proposta que espera ver aprovada e que “permite reduzir significativamente a taxa liberatória para quem tenha contratos com alguma estabilidade”.
“Não será suficiente a oferta do Estado e dos municípios para responder a esta necessidade de habitação. É, por isso, absolutamente essencial que isto seja aprovado o mais rapidamente possível”, afirmou Costa.
Em sintonia com o líder socialista está também Fernando Medina, presidente da câmara de Lisboa, um dos distritos onde é mais difícil comprar ou alugar apartamentos.
“Não é o turismo que está a criar o problema da habitação, e o problema não se resolve com limitação do turismo. Resolve-se com aumento da oferta.” afirmou o autarca de Lisboa acrescentado ainda que “a única proposta que tem o condão de aumentar a oferta é baixar os impostos sobre os rendimentos prediais”.
Isto é demagogia ao mais alto nível.
Usar expressões (feias) como “proibir o turismo”, ou sonantes mas vazias de sentido como “…aumentar a oferta”, são exemplos.
Ninguém quer proibir o turismo. Portugal é um país que lida com o turismo há muitas décadas. Temos até regiões inteiras cuja actividade principal é o turismo. Os portugueses têm uma visão deles próprios de excelentes anfitriões, amáveis e afáveis com os turistas (até ao ponto da submissão).
Por isso não é uma questão de má vontade ou de antagonismo infundamentado que está a levantar questões entre os portugueses.
O que nos está a preocupar é o caminho que isto está a tomar, sobretudo nos principais centros urbanos.
Um influxo de consumidores com elevado poder de compra, oriundos de países onde as reformas de, por exemplo, funcionários públicos é suficiente para poderem dar-se ao luxo de ter 2ªs casas em países do Sul da Europa apenas com as poupanças que fazem em energia durante o inverno, causa um esforço nos mecanismos de oferta e procura que é incompatível com o poder de compra dos habitantes desses países anfitriões.
É claro que, as elites impermeáveis a estes efeitos e os comerciantes e operadores do sector turístico, estão de braços abertos aos desenvolvimentos recentes. Estes, ou não são afectados, ou beneficiam directamente com isto. Para eles,…tudo bem.
Então e os outros?! Como é que um operário fabril ou um empregado do comércio, ou um técnico administrativo consegue continuar a viver, mandar os filhos à escola ou fazer compras na cidade onde as suas famílias tem vivido à várias gerações? Na sua cidade?!
É claro que não vai conseguir.
Anda muita gente a ‘empandeirar em arco’ com a perspectiva de Lisboa se tornar numa Praça Financeira, por efeito de canibalização do efeito do Brexit.
Andamos tão cheios de nós próprios que até já nos permitimos esses deslumbramentos.
Como diria Sant Agostinho,…”Deus nos livre!!!”
Só nos faltava mais essa. Então isto já está da maneira que está ainda querem encher a cidade com mais ‘riquinhos’ da área financeira?! ‘Preppies’ de baixo escalão etário e elevadíssimo poder de compra?!
Para benefício de quem? Dos Lisboetas? Dos Portugueses em geral?
Não me parece. Parece-me antes que são sempre os mesmos que beneficiam com este tipo de coisas.
Estamos sempre a criticar o Estado. Estamos sempre a esquecer-nos que o estado (também) somos nós:
O Estado é composto de População, Território, Instituições, Cultura, Recursos Materiais e Imateriais.
Um “Governo” (que faz parte do conjunto das ‘Instituições’) tem sempre por obrigação principal a Defesa dos Interesses do Estado. É essa a sua vocação institucional.
Mas justificar com interesses, apenas, financeiros quaisquer decisões que afectam os restantes interesses do Estado é,… ‘míope’.
Que valor tem ter as melhores águas do mundo, de onde se pescam os peixes de melhor qualidade, se os ditos peixes são todos comprados para os melhores restaurantes de Paris, Nova Iorque e Tóquio e os portugueses não conseguirem comprá-los? (até porque, em breve, nem estarão disponíveis para venda em Portugal)
Não será isto caricato?
Então temos tantas coisas que são consideradas as melhores coisas do mundo nos seus respectivos sectores, mas nós os (supostamente donos) não podermos beneficiar delas?!
Há vários anos atrás, tive uma visão ‘orwelliana’ do que poderia ser o cenário social da Europa Unida.
Nessa visão (versão pessimista) via os alemães, os ingleses, os suecos e holandeses a banharem-se ao Sol, em belas esplanadas neste país à beira-mar plantado, a disfrutar deste clima maravilhoso com que fomos abençoados, nesta terra que há quase mil anos defendemos à espadeirada e canhonada, como nossa, enquanto,…NÓS…fomos todos viver e trabalhar nas fábricas de Dusseldorf, a conduzir monta-cargas nos parques industriais de Slough, e a fazer as camas nos hotéis de Genebra e Zurique.
Por favor senhores ‘governantes’,…não me deixem ser ‘bruxo’.