As 4 crises, a “chave” dos cofres cheios e recados a Montenegro. Costa faz balanço de 8 anos

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Nuno Veiga / Lusa

O ex-primeiro-ministro António Costa.

Na despedida do cargo de primeiro-ministro, António Costa fez um balanço dos seus oito anos de governação. Mantendo o futuro político em aberto, deixou recados a Luís Montenegro, falou das quatro crises que enfrentou e explicou como se conseguiu o excedente histórico.

“Uns terão certamente boas memórias e outros más memórias”. Foi, desta forma, que António Costa explicou que não está “preocupado com marcas” e que cada pessoa pode ficar com “o souvenir que entender” da sua governação.

Sobre a sua demissão, notou que “do ponto de vista ético e institucional”, “quem está numa situação de suspeição pública não pode manter-se nas funções” de primeiro-ministro.

Quanto ao futuro, está tudo em aberto. Ao contrário da posição que assumiu há uns tempos, agora, Costa não fecha portas.

Na hora de sair do cargo para dar lugar ao novo primeiro-ministro, Luís Montenegro, Costa deixa ao adversário político o desejo dos “maiores sucessos profissionais e políticos porque o sucesso dele é o do país”. Mas, pelo meio, também deixa alguns recados ao presidente do PSD a propósito do excedente orçamental.

“A chave” do excedente está na Segurança Social

“Manifestamente estavam enganados” aqueles que “defendiam que tínhamos de estrangular salários” para dinamizar a economia, atirou o socialista sem nunca referir o PSD.

Costa lembrou que houve um crescimento económico “dez vezes” maior do que nos anos anteriores, destacando a “enorme importância” do turismo para isso, mas também os serviços tecnológicos.

O ex-primeiro-ministro realçou que Portugal andou décadas preocupado com défices, enquanto agora tem uma situação de excedente orçamental histórico.

Uma mudança positiva que “resulta de termos feito coisas”, sublinhou Costa, recordando que começou a governar com ameaças de multa e de um Procedimento por Défices Excessivos.

“Preferia começar a governar não tendo esta preocupação de saber onde vou buscar dinheiro”, sublinhou numa tirada para Montenegro, destacando ainda que o líder do PSD tem “mais liberdade” para governar.

Nesta altura, há “uma situação mais estável, onde posso investir mais“, considerou.

Apesar disso, Costa alertou que “há sempre imprevistos” e que é preciso ter excedente para se poder “não ter quando for necessário”.

“O equilíbrio orçamental não é uma religião”, apontou ainda.

Sobre o excedente, Costa vincou que “a chave” esteve no “enorme aumento das receitas da Segurança Social” devido a “mais emprego” e “melhores salários”.

Isso “permitiu que o Estado precisasse de menos dinheiro para se financiar, reduzindo a dívida pública e deixando menos encargos para o futuro”, apontou.

“Os salários subiram acima do acordo da Concertação Social, não foi por termos aumentado a TSU [Taxa Social Única]”, acrescentou.

As quatro crises

Neste balanço sobre a sua governação, Costa também notou que “não foram oito anos quaisquer”, frisando que teve de enfrentar “múltiplas crises” enquanto primeiro-ministro.

O político socialista destacou quatro crises em particular, referindo à situação financeira do país, com o risco de procedimento por défices excessivos, aos incêndios de 2017, à pandemia de covid-19 e, finalmente, à guerra na Ucrânia que “nos conduziu à maior crise inflacionista dos últimos 30 anos”.

Apesar de tudo, o país conseguiu “recuperar do impacto da pandemia” e houve uma “constante melhoria das contas públicas”, passando de “uma situação por défice excessivo em 2015, para uma situação de saldo positivo em 2023”, salientou ainda.

Costa também notou que o primeiro saldo positivo “da nossa democracia” foi alcançado em 2019, durante o seu Governo.

Quanto ao impasse na Assembleia da República, com a dificuldade na eleição do próximo presidente do Parlamento, Costa não quis comentar. “Já não sou comentador e ainda não sou comentador, talvez um dia venha a ser”, concluiu.

ZAP //

5 Comments

  1. O “mal” que desejo aos portugueses que diziam estar mal, é que males maiores não encontrem, nos males que para mal de todos nos aconteceram.
    Não confio, e a amostra de ontem não abona.
    Cá me vou manter, de camarote.
    Ah, já me esquecia…
    Contente, snr. Presidente?

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  2. Claro que Costa deixou os cofres cheios, mas como braço direito de Sócrates deixou-nos uma banca rota. Será que compensa? Aparentemente ainda hoje estamos a pagar esse erro , por isso talvez não tenha compensado. Ouvia alguém na TV a dizer que esta foi a primeira vez que o PS saiu do Governo sem deixar uma banca rota e isso diz muito.

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  3. Snr Oliveira,
    O valor não está nas palavras, mas na qualidade (ou na falta dela) de quem as profere.
    Assim sendo, e dada a sua nulidade nessa matéria, não posso deixar de exprimir o devido agradecimento pelo reconhecimento das minhas altas competências, expresso no seu “douto” comentário.
    Muito obrigado.

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