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Constança Urbano de Sousa não se demite porque seria uma “atitude cobarde”

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Tiago Petinga / Lusa

A Ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa

A Ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa

A ministra da Administração Interna afirmou, esta quarta-feira, que não ponderou a sua demissão e que, enquanto tiver a confiança do primeiro-ministro, não o vai fazer porque seria uma atitude cobarde.

Em entrevista à RTP, a ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, falou abertamente sobre a tragédia que se abateu em Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, no sábado passado, e como será a atuação do Governo daqui para a frente.

Questionada sobre a possibilidade de se demitir, a ministra afirmou que não ponderou essa decisão e que, enquanto tiver a confiança do primeiro-ministro, António Costa, não o vai fazer porque seria uma atitude cobarde.

“Aquilo que era mais fácil para um político era demitir-se. Eu optei por continuar a minha missão de serviço público e estar aqui dando a cara, assumindo as responsabilidades, 24 sobre 24 horas. Demitir-me seria uma atitude cobarde e eu não sou cobarde“.

“Apenas estive focada em estar aqui, em resolver problemas e enfrentar a adversidade. Estar aqui foi muito importante, foi extremamente importante para todos estes homens que trabalharam aqui arduamente ver que eu também estava aqui a trabalhar. Um comandante nunca abandona os seus homens“, afirmou.

Falhas e possíveis culpados

Sobre a eventual falha do Estado na resposta ao incêndio, a ministra afirmou ser “muito prematuro” dizer se houve falhas ou não e que o mais importante agora é resolver a situação no teatro de operações.

“Temos de perceber que aquilo que se passou no sábado foi uma situação absolutamente anómala (…). Aconteceu aquilo que os especialistas chamam de um incêndio eruptivo. O incêndio faz uma espécie de tornado de vento e bolas de fogo a uma velocidade absolutamente estonteante”, explicou.

“Não é possível afirmar que era possível prever e prevenir que este tipo de incêndios tivessem a dimensão que tiveram”, declarou ainda a ministra.

Constança Urbano de Sousa quer agora esperar pela “fita do tempo” dos acontecimentos, que é o que vai possibilitar avaliar “quem fez o quê e o que falhou”. A ministra não exclui, no entanto, a abertura de um inquérito. “Preciso ter dados, que ainda não disponho, para saber se tenho matéria para abrir um inquérito”, explicou, notando que já foi aberto um inquérito pela própria GNR para saber o que falhou na EN 236.

Batizada de “estrada da morte”, foi aí que várias pessoas morreram quando estavam a fugir às chamas, uma vez que a via não chegou a ser cortada. Uma situação que, admite, lhe causa “alguma perplexidade”.

A governante adiantou ainda que a interrupção no sistema de comunicações de emergência SIRESP vai ser investigada, mas assegura que não houve uma falha total mas sim intermitências, e que é possível que tenha havido “uma subvalorização das previsões meteorológicas” por parte do Instituto do Mar e da Atmosfera (IPMA).

Prevenção e soluções

De acordo com a ministra, em 2015 gastou-se no combate aos incêndios 63 milhões de euros, em 2016 foram investidos 72 milhões de euros e, este ano, esse montante vai aumentar para os 76 milhões de euros.

“É preciso fazer uma reforma estrutural mas é preciso perceber que este tipo de reformas não têm resultados a curto ou a médio prazo. Aquilo que for hoje implementado só se vai sentir daqui a dez anos. Precisamos de reorganizar a nossa floresta, precisamos de tornar a nossa floresta muito mais resiliente a estes fenómenos que se vão agravar”.

“No ano passado, em agosto, começámos logo a trabalhar nesta reforma com um conjunto vasto de diplomas que são da inteira responsabilidade do Governo e já foram aprovadas. Depois, existe uma outra parte do pacote que tem de ser trabalhada na Assembleia e, portanto, não podem acusar este Governo de não ter feito nada“.

A ministra diz que está em andamento um decreto-lei que permite que não haja uma monocultura plantada por vários territórios em Portugal, tal como acontece com o eucalipto, e, relativamente às terras ao abandono, também abordou a iniciativa do “Banco Nacional de Terras” que vai permitir a sua exploração.

“Foi o momento mais difícil da minha vida”

Questionada pelo jornalista Vítor Gonçalves se este foi o momento mais difícil do seu mandato, Constança Urbano de Sousa diz que foi não só o “mais difícil do meu mandato, mas da minha vida“.

“Nós nunca estamos preparados perante a tragédia, perante o absolutamente inesperado e inimaginável. É preciso uma enorme capacidade de superação estarmos perante uma tragédia desta dimensão e ter que reagir sempre de cabeça erguida, tomar decisões, manter a moral dos homens e mulheres que foram incansáveis e deram o seu melhor”.

Relativamente às famílias das vítimas, a ministra diz que, em primeiro lugar, “devemos prestar os nossos sentimentos, a nossa dor e a nossa solidariedade” mas também é necessário “dar uma resposta e perceber o que é que aconteceu“.

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23 Comments

  1. A ministra deve um pedido desculpas por ainda estar num cargo que nunca deveria ter ocupado. Certamente ela vai ter de responder criminalmente pela sua parte de responsabilidade na morte e invalidez de centenas de inocentes em todos os incidentes do país, será só uma questão de tempo.

  2. Senhora ministra “Um comandante prepara os seu homens e não os mata”, Paz a Gonçalo Conceição! Abraço a todos o familiares e amigos sobreviventes as mãos destes canalhas da Administração Interna. Senhora ministra a prevenção é amiga de todos os males, os incêndios não foram uma invenção de 2017, ou será que foram?

  3. Há toda a vantagem em que a ministra fique !
    Está de consciência pesada por aquilo que deveria ter feito e não fez. Tem todas as razões para emendar a mão e dar o litro.
    Um novo ministro socialista da administração interna, diria que não tem de responder pelas políticas anteriores, cruza os braços, e aguarda pelos novos incêndios de 2018 !
    Já a varridela nos comandos da Protecção Civil, GNR e Bombeiros era caso para considerar, já que as falhas foram muitas, graves e irresponsáveis !

    • Concordo com o seu comentário, deve ser aberto um inquérito para apurar responsabilidades, até criminais, às falhas da Protecção Civil, GNR e chefias dos Bombeiros, já que aqueles que estavam agarrados às mangueiras tiveram apenas atitudes meritórias.

    • Vê-se que o FG não teve familiares bem passados. Ainda vai a tempo! Julho Agosto e até Setembro, oportunidades para ‘cabar com a população dispersa do interior. Isso sim, é a missão da sua protegida cara-de-sopeira-obstáculo-com-pernas.
      A desertificação do interior é um desígnio, uma necessidade. Temos que ter algo mais para vender, para pagar a dívida…
      Os relatos de “ninguém veio aqui ajudar” já são tantos que até dá náusea. Para quê andar a “provar” que não? Toca a inverter os raciocínios. Tratem de provar que sim, que foram lá mas invisíveis! De resto, a incompetência, passado um certo nível passa a crime. Não há que cair na parva piedadezinha para com quem nada perdeu.
      O espetaculo global foi da inoperancia do mais lamentável que há memória. Pior (talvez) só seria se tivesse sido feito de propósito… ora aqui está um pensamento… náaaa, na pode ser… ?

      • Meu caro
        Adorei a sua ou será vossa(?) prosa, pena é que apenas confirme as minhas suspeitas que como disse, são sublimações que escondem “males liberalistas e tontos”, vidé o exemplo do armário do qual me sugere a saída…
        Para teminar, só mais uma coisinha, o seu humor de gosto duvidoso, “Vê-se que o FG não teve familiares bem passados…” apenas revela que ficou em “brasa” e com as entranhas revolvidas de onde o “requinte” das frases!!!

      • Ó lindo menino, a sua prosa apenas confirma os seus ódios, respeite quem morreu e seja honesto, pelo menos consigo, vai ver que essa azia passa…

    • Lá vem o senhor com a teoria da perseguição. Descanse que por aqui ninguém quer saber da ministra ou do governo. Estamos apenas interessados no Mural Vs Moral. É que ambos são limitadores e embora em planos diferentes, não deixem de condicionar o comportamento humano. E o senhor tem muros que tarda em ultrapassar? Saia do armário!

      • Distinto
        Peço desculpa, não percebi a pretensão da moral do mural, adorei a sugestão para sair do armário, o conceito é seu/vosso ou foi adquirido na convivência de más companhias pensadoras???

  4. A que propósito o pomposo jornalista questiona a Ministra acerca de demissão? Mas isto esteve ou está em causa?…. qual o fundamento da pergunta?…. Enfim, exactamente a pergunta do “Cabo de esquadra” que quer ser ” Escrivente”. O Xico Jornaleiro a querer vender emoções. Será que o Director do Jornal não o deveria demitir?

  5. Amigos arbitos de bancada, todos falam mas se os Bonbeiros vos pedirem um euro para comprar um carro para a incoporação, não se lenbram de lhe dar um 1 euro, só se lembram quando arde, ??????? VVVVKKKK

    • Ó Manel… de onde é que o senhor saiu? Bonbeiros… Incoporação… lenbram
      Isso é galego, mirandês ou um dialeto que o senhor inventou?

  6. Cobarde e estar sgarrada ao poder so para usufruir de todas as benesses se houvesse um presidente da repblica com tomates ja tinha ido mas ele quer e ser agrada vel mantem incompetentesnos cargos

  7. Não entendi nada destas trocas de galhardetes.
    A Ministra tem q se demitir porquê?
    Para vir outro escroque tentar deitar areia para os olhinhos do Povo?
    Já chega…deixem-nos andar entretidos a enganar o Povo que se deixa enganar.
    Afinal de contas e INFELIZMENTE é só mais um ano do mesmo.
    Mortes, e romaria política

  8. Grande Mulher não é Cobarde, parece a Padeira de Aljubarrota, como reformado que sou da segurança social recebo apenas 250€ por mês, eu também não era cobarde de receber o seu vencimento mensal.
    Lamento ter conhecimento que a GNR tivesse desviado os condutores para a estrada da Morte, e não haver culpados, só por isso a senhora Ministra como titular deste cargo, não lhe ficava nada mal demitir-se.

  9. Politizar estes acontecimentos trágicos é uma falta de respeito para com as vítimas.
    A demissão da ministra não ajuda em nada. Não foi ela que plantou os eucaliptos. Não foi ela que pegou fogo à mata. Não é ela que vai comprar a madeira queimada a preços de saldo. Ela não tem fábricas de papel.
    Morrem muitas mais pessoas todos os anos com cancros, ataques de coração, feridas incuráveis (nos casos dos acamados), diabetes, AVCs e até gripes, mas nunca pedem a demissão do ministro da saúde.

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