A comissão promotora do desfile comemorativo do 25 de Abril na Avenida da Liberdade, em Lisboa, decidiu, esta sexta-feira, abrir o evento à participação de todas as entidades interessadas, embora estabelecendo regras por causa da pandemia da covid-19.
Em comunicado, a comissão pede a “todos os interessados” na participação no desfile “que não estejam integrados nas organizações que constituem a comissão promotora” que cumpram as regras sanitárias impostas pela Direção-Geral da Saúde (DGS).
A decisão foi tomada numa reunião virtual da comissão promotora, composta por mais de 40 entidades, que começou pelas 15h30 e se prolongou durante cerca de quatro horas.
De acordo com as regras estabelecidas, qualquer entidade interessada em participar deve comunicar a sua intenção “bem como a identificação e o contacto do respetivo responsável” até às 15h00 horas do dia 24 de abril para o endereço ‘[email protected]’.
“O número máximo de cada participação será de doze pessoas (duas filas de seis, separadas de 2 metros)”, especifica o comunicado.
Deve ainda ser feito um “registo devidamente autorizado de todas as pessoas participantes no evento, incluindo nome e contacto, bem como a localização exata do bloco constante na organização do desfile, em que irão integradas”, para efeitos de contacto no contexto de vigilância epidemiológica da covid-19.
Todas as entidades que queiram participar na celebração devem garantir que os seus participantes “dispõem de máscaras adequadas e em número suficiente e as utilizam corretamente e em permanência, durante a realização de todo o evento” e que levam desinfetante próprio.
Na mesma nota, a entidade responsável pela organização do desfile “repudia as especulações e as acusações feitas com eco público”. “Em especial a de que queremos ser donos do 25 de Abril”, sublinham.
A comissão esclarece que a opção deste ano de realizar, “não uma manifestação popular”, mas sim “um desfile comemorativo, com grande limitação do número de participantes”, teve como objetivo garantir o cumprimento das medidas e recomendações de saúde pública “emanadas das competentes autoridades sanitárias” e “procurar evitar que esta importante iniciativa, viesse a ser geradora de potenciais surtos de transmissão”.
“Nunca, qualquer sentimento de sectarismo ideológico ou de apropriação de relevantes acontecimentos da nossa história contemporânea”, vincam ainda.
A decisão anteriormente tomada limitava a participação às entidades que integram a comissão promotora, o que levou a uma polémica com os partidos Iniciativa Liberal e Volt Portugal, que se disseram impedidos de participar.
Depois, a polémica adensou-se quando o Livre, que faz parte da comissão promotora, decidiu ceder quatro lugares da sua comitiva aos dois partidos. Na altura, o presidente da Associação 25 de Abril, o coronel Vasco Lourenço, acusou o partido da papoila de fazer “chicana política”.
À agência Lusa, fonte da Iniciativa Liberal garantiu que o partido não recebeu qualquer contacto nesse sentido e anunciou que vai avançar com um desfile próprio, que também vai acontecer na Avenida da Liberdade.
“Esta posição da Comissão Promotora é tardia e só acontece porque a sua decisão sectária da semana passada foi fortemente criticada, tendo gerado a mobilização de muitos membros e simpatizantes da Iniciativa Liberal cujas expectativas não iremos agora gorar.”
Segundo os liberais, o desfile que vão promover “está devidamente coordenado com as autoridades, nomeadamente a nível de horários e trajeto”, comprometendo-se com “um exercício de liberdade com responsabilidade”.
“O ponto de encontro será às 14h00 na Praça do Duque de Saldanha (junto ao Outdoor TAP da Iniciativa Liberal) e o desfile terá início pelas 15h00, em direção na Rotunda do Marquês de Pombal, cumprindo as indicações de segurança sanitária, dando mais uma vez um exemplo de exercício de Liberdade com Responsabilidade”, referiu.
O partido liderado por João Cotrim de Figueiredo já tinha referido que “não prescinde de nenhum dos seus direitos cívicos e políticos”. Para a IL, “a liberdade não tem donos” e recorda que “participa nas celebrações do 25 de Abril desde que é partido político”, sendo o único partido português que “celebra na rua quer o 25 de Abril quer o 25 de Novembro”.
“A IL não cede a manobras que têm como objetivo limitar o exercício pleno das Liberdades, reafirma a sua intenção de celebrar uma data fundadora da nossa democracia e irá descer – e também subir, como já o fez em 2018 – a Avenida da Liberdade”, assegurou.
ZAP // Lusa
Só com a IL é que Abril fica completo. De outro modo, seria o 25 de Abr.