O surto de covid-19 identificado em Pequim, capital da China, pode ter começado um mês antes do que se tinha calculado. O surto, que já foi adjetivado de “preocupante”, poderá originar uma segunda vaga de covid-19.
De acordo com o Observador, o Centro de Controlo de Doenças chinês anunciou esta quinta-feira que, em vez de ter disparado em finais de maio ou início de junho, o surto pode ter começado um mês antes, ainda em abril. Porém, não foi detetado por causa dos portadores assintomáticos do vírus.
A China aumentou o nível de alerta na capital e declarou o estado de emergência quando Pequim registou 130 infetados. De acordo com a atualização do Centro de Controlo de Doenças, já são mais de 150. No entanto, “muitos casos de assintomáticos ou casos leves foram detetados neste surto”.
Nas últimas 24 horas, a China contabilizou 28 novos casos de covid-19, 21 dos quais em Pequim — menos 10 que no dia anterior, totalizando 158 infeções. O governo já decretou o segundo nível de emergência, obrigando os comités de bairro a verificar a identidade e o estado de saúde dos residentes e a medir a temperatura à entrada.
O surto fez com que as exportações de salmão da Noruega para a China caíssem para um terço. Os novos casos foram relacionados com um mercado de Xinfadu, principal fornecedor de frutas e legumes da capital, onde se vendia salmão importado. Além disso, as cadeias de supermercados Wumart e Carrefour suprimiram a venda do salmão da Noruega.
A Noruega rejeitou as acusações de Pequim e o ministro das pescas Odd Emil Ingebrigtsen garantiu que “o assunto está em fase de resolução”
“Necessidade urgente” de melhorar higiene nos mercados
A China admitiu esta quinta-feira a “necessidade urgente” de melhorar a higiene nos seus mercados abastecedores e na cadeia de fornecimento alimentar.
Em comunicado, a Comissão Central de Inspeção e Disciplina do Partido Comunista da China (PCC) admitiu que “há a necessidade urgente de o país melhorar os padrões de saneamento e minimizar os riscos à saúde nos mercados”.
“A epidemia é um espelho que não apenas reflete a desorganização e falta de higiene nos mercados abastecedores, mas também mostra o baixo nível da sua administração“, lê-se no comunicado.
“A maioria dos mercados foi construída há 20 ou 30 anos, quando a drenagem e tratamento de águas residuais eram relativamente subdesenvolvidos“, notou a agência.
O coronavírus foi detetado, pela primeira vez, no mercado de marisco e animais selvagens de Wuhan, na cidade chinesa de Wuhan.
Voos suspensos e aulas encerradas
A cidade continua a aplicar medidas extraordinárias para conter o novo surto. O porta-voz do governo local, Xu Hejian, disse que mais testes serão realizados entre os residentes e que 87 mil testes de ácido nucleico já foram realizados no distrito de Fengtai, onde o mercado de Xinfadi está localizado.
Os funcionários de todos os restaurantes, universidades e mercados da capital continuarão também a ser testados e os estabelecimentos também serão desinfetados. Até quarta-feira tinham sido realizados 356 mil testes.
Quem tenha visitado o mercado de Xinfadi, desde 30 de maio, ou quem tenha tido contacto com trabalhadores do mercado, deve ser submetido a dois testes de coronavírus, um antes e outro após 14 dias de isolamento nas respetivas comunidades residenciais.
O porta-voz reiterou que a cidade está em estado “crítico”, enquanto se aguarda a conclusão de investigações epidemiológicas.
Os residentes em áreas de risco alto e médio não poderão sair da cidade.
O vice-diretor de Segurança Pública do município, Pan Xuhong, indicou que “as restrições não significam que a cidade foi selada” e que o objetivo é “impedir que o vírus se espalhe pela capital ou alcance outras cidades”.
Várias ligações aéreas a outras partes da China foram também suspensas – mais de 60% dos voos de entrada e saída foram cancelados -, todas as aulas foram canceladas e os residentes são aconselhados a trabalhar a partir de casa.
ZAP // Lusa
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