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Centeno em entrevista à Folha de S. Paulo: Redução do papel do Estado levou ao populismo radical

André Kosters / Lusa

O ministro das Finanças, Mário Centeno

O ministro das Finanças português deu uma entrevista ao jornal brasileiro Folha de São Paulo na qual falou sobre a geringonça, as negociações à esquerda e a necessidade de “virar a página da austeridade”.

Numa entrevista concedida ao jornal Folha de São Paulo, Mário Centeno afirmou que “era preciso virar a página da austeridade e das políticas pró-cíclicas para reconquistar a confiança dos cidadãos e fazer as reformas necessárias para ganhar a confiança dos investidores”.

Centeno acrescentou ainda que o desafio assumido pelo anterior Governo passava por alcançar uma “consolidação orçamentária com credibilidade, que cumprisse as metas” – que acabou mesmo por ser cumprida com uma “reforma abrangente do setor financeiro”; pela “devolução de rendimentos” e com “uma gestão rigorosa do Orçamento”.

No plano económico, a geringonça não surpreendeu o ministro das Finanças. Durante a entrevista, Centeno confessou que foi a solução que permitiu a “devolução de um sentimento de confiança aos portugueses”. E sublinhou: “Portugal é hoje uma referência de estabilidade política e económica numa Europa minada pela implosão do centro político.”

Em relação ao papel do Estado na economia, Centeno admite que a redução desse papel “foi longe demais”, e foi essa realidade que, na sua opinião, “abriu caminho ao populismo radical”. “O Estado deve fazer uso dos mecanismos de mercado, não se pode deixar usar por estes”, rematou o ministro, citado pelo Expresso.

Evitar “o descontrolo do déficit e do endividamento público” são as prioridades do Governo que tomou posse este sábado apontadas por Mário Centeno ao diário brasileiro. Uma vez que Portugal é uma “pequena economia aberta” e, por isso, “vulnerável”, é obrigação do Executivo “acautelar esses imprevistos para proteger os nossos cidadãos”.

Numa referência ao Brexit, que acaba por abalar também Portugal, Centeno considera que é “preciso colocar um ponto final nesta incerteza e avançar“, e afirma que a União Europeia está preparada para um cenário de saída desordenada: “estado de preparação adequado”, é a expressão utilizada pelo ministro.

Ainda no panorama mundial, Centeno abordou a questão comercial que divide a China e os Estados Unidos, alertando para o risco de se chegar a “uma verdadeira guerra comercial”.

“Os EUA estão a tentar a todo o custo melhorar a sua posição nas relações comerciais com os seus principais parceiros, o que desestabilizou o sistema comercial mundial e tem gerado tensões entre os principais blocos”, diz, admitindo que “do lado europeu, se os nossos interesses forem postos em causa não teremos alternativas a uma retaliação”.

“A nossa função como políticos é manter abertas as vias de diálogo e cooperação“, conclui Mário Centeno.

ZAP //

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