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Carola Rackete, a capitã que desafiou Salvini para resgatar migrantes, presa em Itália

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Carola Rackete, capitã de um navio de resgate de migrantes da organização não-governamental Sea Watch, foi detida este sábado no porto de Lampedusa por ter entrado, na quarta-feira, em águas territoriais italianas sem autorização.

A jovem alemã, de 31 anos, rejeitou as ameaças de prisão e as críticas de Matteo Salvini, o ministro do Interior de extrema-direita, e deu prioridade ao estado de saúde dos migrantes que resgatou ao largo da Líbia a 12 de junho. No interior da embarcação, encontravam-se 42 dos migrantes resgatados a 12 de junho no Mediterrâneo (inicialmente eram 53 mas os restantes foram desembarcados por razões médicas).

“Decidi atracar no porto em Lampedusa, apesar de saber o que estava em causa. Porque estavam 40 ​pessoas exaustas e não aguentavam mais. E eu era responsável por eles. As suas vidas são mais importantes do que um jogo político”, explicou Carola Rackete no Twitter.

Segundo o jornal italiano La Repubblica, m barco de patrulha da guarda italiana tentou bloquear a entrada da embarcação da ONG no porto de Lampedusa. A jovem enfrenta agora a possibilidade de uma pena de três a dez anos de prisão “por resistência ou violência contra um navio de guerra”​, lê-se.

“A comandante Carola não tinha escolha”, explicou a porta-voz da Sea Watch Itália, Giorgia Linardi. “Durante 36 horas tinha declarado um estado de necessidade que as autoridades italianas ignoraram.” “Foi uma escolha desesperada”, acrescentaram os advogados da ONG alemã Leonardo Marino e Alessandro Gamberini.

Depois de duas semanas no mar, Carola Rackete tornou-se símbolo da oposição à autoridade de Salvini, que se opõe à entrada de barcos de resgate de organizações não-governamentais nos portos italianos.

A alemã de 31 anos, licenciada em conservação ambiental, trabalha como voluntária na Sea Watch desde 2016 e, antes disso, também fez parte da equipa do navio da Greenpeace Arctic Sunrise durante dois anos.

Rackete diz que se dedica ao salvamento de migrantes para reagir à educação privilegiada que considera ter. “A minha vida era fácil. Sou branca, alemã, nasci num país rico e com o passaporte certo”, disse. “Quando me apercebi de tudo isso, senti a obrigação moral de ajudar aqueles que não tiveram as mesmas oportunidades que eu.”

O ministro do interior italiano considerou Rackete uma “pirata”, “criminosa” e questionou as motivações da alemã. “A senhora disse que se voluntariou porque nasceu branca, rica e alemã. Mas toda a gente que é branca, rica e alemã veio para Itália partir-nos as bolas. Ajuda as crianças na Alemanha!”, atirou Salvini no Twitter.

Itália mantém uma política de portos fechados aos barcos das ONG. Tal como no caso do jovem português Miguel Duarte, tanto a capitã do Sea-Watch 3 como os responsáveis pela ONG arriscam enfrentar um processo judicial por suspeita de ajuda à imigração ilegal.

ZAP //

1 Comment

  1. Imaginemos que um navio espanhol abalroava uma vedeta da marinha portuguesa e invadia as nossas áquas e os nossos portos.
    O que é que nos dava vontade de lhes fazer????????

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