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Carlos Carreiras anuncia “vacina portuguesa” e causa mal-estar no Governo

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Mário Cruz / Lusa

Carlos Carreiras, presidente da Câmara de Cascais

O presidente da Câmara de Cascais afirmou que, “em completa articulação com o Governo”, garantiu a compra e inclusive a cedência da patente de uma vacina para produzir na Área Metropolitana de Lisboa.

Esta quarta-feira, num artigo de opinião publicado no jornal i, Carlos Carreiras lançou o tema: uma “vacina portuguesa”, como lhe chama, que diz poder “alterar a dinâmica da batalha contra a covid-19 não só no nosso limitado contexto nacional, mas sobretudo no espaço mais vasto da lusofonia”.

O presidente da Câmara de Cascais explicou que a autarquia “procurou desde sempre alternativas” e, como já teve oportunidade de referir, utilizou a “rede de cidades geminadas para chegar ao contacto de países, laboratórios e multinacionais”.

“Em completa articulação com o Governo, garantimos recentemente a compra e inclusive a cedência de uma patente que já apresenta excelentes resultados de imunização numa população vastíssima”, escreveu, sem referir o nome do medicamento em causa.

O autarca social-democrata revelou que a “pré-condição para essa cedência de patente é que Portugal se assuma como acelerador da vacinação no contexto mais vasto dos Países de Língua Oficial Portuguesa”.

Para que esse objetivo seja alcançado, Carreiras disse ainda que foi identificada “uma unidade de produção em Portugal, na Área Metropolitana de Lisboa, de uma farmacêutica que tem capacidade instalada para a produção de dezenas de milhões de doses anualmente”.

Ora, segundo o Observador, a referência a esta “vacina portuguesa”, antes de ser oficialmente anunciada, está a causar mal-estar dentro do Governo. Ao que o jornal online apurou, tudo terá sido negociado “ao mais alto nível da cúpula governamental”, envolvendo uma coligação de autarcas liderada por Carreiras e na qual se inclui Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto.

O Observador avança que o assunto terá sido discutido com a equipa do ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, mas o Ministério da Saúde não fez parte destas conversações.

Esta situação não foi bem recebida não só pelo ministério tutelado por Marta Temido, mas também por organismos como a Direção-Geral da Saúde, o Infarmed e a task force responsável pelo plano de vacinação contra a covid-19 em Portugal.

De acordo com o jornal digital, um dos motivos deste mal-estar é que a produção de qualquer medicamento em território nacional terá sempre de passar por estes organismos nas suas diferentes fases.

Além disso, terão considerado que dedicar linhas de produção a um novo medicamento poderá causar constrangimentos no mercado, uma vez que este processo pode ter consequências na produção de outros medicamentos.

Embora o autarca de Cascais não se tenha referido em nenhuma vacina em concreto, o jornal online escreve que, nos corredores, se aposta que esteja em causa a vacina russa Sputnik V, que ainda aguarda luz verde da Agência Europeia do Medicamento (EMA).

ZAP //

 

17 Comments

  1. “vacina portuguesa”: Sputnik V !!!
    Um muito pequeno país como Cuba tem a sua vacina, bem como o Brasil que tem uma vacina de segunda geração (contra a variente brasileira de Manaus). Portugal podia ter a sua vacina, e a Europa devia ter uma, de segunda geração. Mas a Pfizer e Moderna só terão essa vacina pronta para o ano, para mais uma campanha de vacinação, de 20 Euros cada vacina. “Ganância e capitalismo” como diz o nosso Boris Johnson.

  2. Xico !!, nosso !!!, meu não é de certeza, Ganância e capitalismo, sim, de certeza, mas essa figura ‘descabelada’, não é exemplo para nada.

    • Há ! não é exemplo mas devia de ser, a diferença é só, que no Reino Unido já foram administradas cerca de +- 41 milhões de doses da vacina entre 1ªs e 2ªs doses, num País com cerca de +- 66 milhões de habitantes, ou seja a imunidade de cerca de 70% está perto de ser atingida, tornando o Reino Unido no primeiro País da Europa e um dos primeiros do Mundo a fazê-lo, e nós por este andar nem para o ano por esta altura lá chegamos. Pelos vistos o ser descabelado não interessa. E já deu para perceber que é a única solução válida para a recuperação da nossa vida tal como a tivemos até 2019.Como vê no contexto do artigo é um excelente exemplo.

      • O R.U. tem 12% da população com a vacina completa.
        Tem mais vacinados do que o resto da Europa porque “sabotaram/roubaram” vacinas que deviam ter chegado aos países da UE!!

      • Roubaram?!!!! Ora essa! A Europa quis ser sumítica e poupar dinheiro na compra da vacina. Eles pagaram um preço mais justo e obviamente tiveram prioridade.
        A boa negociação é aquela que permite que ambas as partes possam ganhar. A UE quis ganhar tudo e acabou por perder tudo.

      • Mais um “artista” que não sabe o que são contratos e muito menos o que é a honestidade!!
        A UE negociou e a farmacêutica aceitou o preço proposto (e recebeu milhões da UE antecipadamente), portanto só tinha que cumprir o acordado!
        Um dia pode ser que te calhe negociar com alguém que pensa assim como tu e te aconteça o mesmo que aconteceu à UE…

  3. Este sr, autarca está “na carreira” para qualquer cargo mais alto. O que ele fez, durante este tempo de pandemia para se evidenciar, foi quase virulento! Esta jogada por antecipação é soberba! É tão gostosa a política! O que para aí vai de sabores!! Help yourself!!

  4. Vacina portuguesa parece não ser, se é russa ou coreana, logo que seja boa e estejam disponíveis para a deixar produzir em Portugal, tudo bem, o pior é a morosidade da burocracia neste país que demora anos a decidir e quando tal acontece por vezes já está ultrapassada.

  5. SE for a sputnik V acho muito bem, e lá está, os nossos cartolas ficaram preocupados, tendo em vista a perda de comissões das farmaceuticas

  6. Ainda é muito cedo, para andar já andar com bandeiras de protagonismo, é de divisionismo, ainda é preciso toda a União, agora é estranho ser duas pessoas do Partido PSD a criar confusões, um dos Açores outro do Continente, como o Rui Rio está sempre a dizer que colabora com o Governo, espero para bem da Saúde Pública dos Portugueses que esse apoio não se venha a revelar de falsidade.

  7. Pois é . Os portugueses também são capazes. Se bem que foi noticiado, na tv, que só daqui a 3 anos é que estará pronta e acessível……….

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