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De “ato de coragem” a “estratégia orquestrada”. Candidatura de Montenegro divide PSD

PSD / Flickr

O ex-líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro

A candidatura de Luís Montenegro à liderança do PSD, oficializada pelo próprio esta quarta-feira em entrevista a SIC, está a dividir o partido.

Recusando ter qualquer guerra pessoa contra o atual líder do PSD, Luís Montenegro anunciou esta quarta-feira a sua candidatura à liderança do PSD, dizendo que o partido precisa de “coesão, união”, que permita agregação “em torno de um líder”, bem como “definição estratégica e ideologia”

O anúncio de Montenegro, que desde as legislativas de domingo vinha a ser vaticinado na imprensa, está a dividir o partido: há quem fale num ato de corarem e acredite que o futuro do PSD passa pela liderança do antigo líder parlamentar de Pedro Passos Coelho, mas há também que critique o oportunismo.

Em declarações à SIC Notícias, o presidente da Câmara de Ovar, Salvador Malheiro, defende Rui Rio e critica Montenegro, dizendo que os resultados das eleições podiam ter sido melhores caso não houvesse tanta agitação interna.

“O resultado honroso que o PSD conseguiu no domingo não tenho a menor dúvida que teria sido bem melhor caso não tivesse existido um agitação constante ao longo deste último ano e meio, onde naturalmente Luís Montenegro é um dos principais protagonistas”.

No entender de Salvador Malheiro, Rio deve recandidatar-se, uma vez que “é o melhor militante do PSD para continuar neste caminho de afirmação e credibilização do PSD”, mas também porque acredita que “é essa a vontade da maioria dos nossos militantes”.

No Fórum do TSF, frisou que Rio está a ser alvo de uma “estratégia orquestrada, que nada dependia dos resultado” das eleições. Diz mesmo que foi com “enorme estupefação” que o aparecimentos destes socais democratas que “que fizeram hossanas a Rio aquando da constituição de listas”.

Também Luís Sarmento, vice-presidente do partido, veio a público defender Rui Rio esta quarta-feira, considerando que o atual líder tem “mais bagagem e competência técnica” para liderar o partido do que Luís Montenegro.

Em entrevista ao programa “Grande Entrevista” da RTP3, Morais Sarmento foi confrontado com o anúncio, horas antes, de que o antigo líder parlamentar do PSD Luís Montenegro será candidato à liderança do PSD nas próximas diretas, previstas para janeiro.

“Foi um bom líder parlamentar, nada contra isso. Não gosto de julgar negativamente, mas reconheço outra bagagem, outra competência técnica, outra experiência, até outra capacidade de merecer a confiança dos portugueses a Rui Rio do que a Luís Montenegro”.

“Ato de coragem”

Do outro lado da barricada, há quem apoie a candidatura de Montenegro e critique Rui Rio. “A entrevista do doutor Luís Montenegro, na minha opinião, foi clara e corajosa. Clara porque não deixou de responder a nenhuma das perguntas de forma concreta, clara porque apresenta sem rodeios a sua candidatura e corajosa porque aparece numa altura muito difícil para o partido, uma altura em que o partido teve a sua maior derrota dos últimos 36 anos”, disse o ex-deputado social democrata Luís Menezes, citada pela SIC.

“Penso que o doutor Rui Rio avançar era uma situação que mostraria um partido vivo e também que mostraria a coerência ou não do doutor Rui Rio quanto ao facto de achar que estes resultados foram, usando as palavras do próprio, honrosos”.

Teresa Morais, ex-secretária de Estado da Igualdade, fez esta quinta-feira duras críticas à direção de Rui Rio. “Passos Coelho ganhou as eleições de 2015. Rio defendeu que Passos deveria sair. Agora que perdeu, o que tem a dizer?“, indagou.

Reconhecendo que este “não é o seu PSD, nem o de muitos militantes e simpatizantes”, a também ex-ministra da Cultura falou, em declarações à TSF, de uma “enorme desilusão” da própria e de muitos outros que “ficaram frustrados com o mandato de Rui Rio”.

“O doutor Rui Rio teve a sua oportunidade durante dois anos”, recordando que este período foi marcado por atitudes negativas do atual líder, acusando-o de ter “hostilizado, ostracizado e silenciado os militantes” do seu partido.

ZAP // Lusa

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