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“Baixo risco não é risco nulo”. Candidatos suspendem campanhas e aguardam instruções da DGS

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Pedro Pina / RTP / Lusa

Debate televisivo entre Marcelo Rebelo de Sousa e Marisa Matias

A campanha para as eleições presidenciais está em risco após Marcelo Rebelo de Sousa ter testado positivo para a covid-19 na noite de segunda-feira. Os restantes candidatos, que estiveram em contacto com o atual Presidente, aguardam instruções da Direção-Geral da Saúde (DGS).

Na passada quarta-feira, o assessor de imprensa de Marcelo Rebelo de Sousa testou positivo para a covid-19. O Presidente fez um teste, que deu negativo, e teve autorização para participar, no mesmo dia à noite, num debate televisivo com André Ventura. Assim, Ventura foi o primeiro a ficar em isolamento profilático.

Em declarações à SIC Notícias, o candidato do Chega disse que o contacto “não foi considerado de risco”, o que o deixou “um pouco mais tranquilo”, e que espera realizar esta terça-feira o teste para poder retomar a campanha.

Até lá, “todas as iniciativas de campanha estão canceladas até serem conhecidas as recomendações das autoridades de saúde”, informou fonte da campanha de Ventura ao semanário Expresso.

No dia seguinte, Marcelo debateu com Vitorino Silva, que disse esta terça-feira que contactou a linha SNS24 e, como não foi considerado contacto de risco, vai continuar com a campanha eleitoral. Apesar disso, Tino de Rans vai pedir para fazer um teste de deteção da presença do novo coronavírus “logo que tenha oportunidade”.

Marcelo esteve, ainda, frente a frente com João Ferreira. O candidato comunista disse estar “absolutamente tranquilo” e prometeu fazer o que indicarem as autoridades de saúde. “A minha campanha foi já alterada em função da situação epidemiológica”, acrescentou. As ações previstas para terça-feira ficarão sem efeito para já.

No sábado, Marcelo debateu com Ana Gomes, que ainda não foi “oficialmente contactada” pela Presidência da República sobre o facto de Marcelo estar infetado com covid-19 e diz estar “a aguardar instruções das autoridades de saúde sobre o modo de proceder”.

A candidata aguarda instruções em casa e não tem programa de campanha marcado para esta terça-feira – além da participação online na reunião de especialistas do Infarmed.

Marisa Matias também contactou a linha SNS24, que “não considerou existir contacto de risco” entre os candidatos, que estiveram juntos no sábado, dias antes do alegado contacto de risco do Presidente.

Fonte da campanha de Marisa Matias disse ao Expresso que a agenda da candidata fica suspensa até ser conhecido o resultado do teste, feito esta segunda-feira, “como estava previsto”, uma vez que na quarta-feira a bloquista viajaria para os Açores e para a Madeira. A participação na reunião do Infarmed será feita por via digital.

Segundo fonte da campanha de Tiago Mayan, ouvida pelo Expresso, o staff da campanha tem feito testes com regularidade. Em declarações à SIC, o candidato disse esperar por aquilo que as autoridades de saúde lhe indicarem. “Não vou fazer a figura do coitadinho. Farei a campanha que for possível, nos termos que forem possíveis”, disse.

Apesar de o teste ter sido positivo na segunda-feira, o segundo teste de Marcelo foi negativo, segundo uma nota no site da presidência. “Enquanto aguarda pelo resultado, bem como pelas subsequentes orientações das autoridades de saúde, o Presidente da República assistirá, por videoconferência, à reunião desta manhã no Infarmed“, acrescenta o comunicado. As ações de campanha de Marcelo foram suspensas.

“Baixo risco não é risco nulo”

Em declarações ao Expresso, o virologista Pedro Simas disse que o caso de Marcelo é “o melhor exemplo ilustrativo que o país podia ter”. “É uma pessoa que tem imenso cuidado desde o início [da pandemia], que é testado todas as semanas, e que mesmo assim foi infetado.”

Pedro Simas reiterou que “baixo risco não é risco nulo” e, como “não há nenhuma máscara 100% eficiente, todo o cuidado é pouco”.

O especialista considera que um contacto com um caso positivo exige isolamento. Questionado sobre o que devem fazer os outros candidatos e responsáveis políticos que se encontraram com Marcelo na última semana, Pedro Simas respondeu que “devem cumprir a regra: ficar em quarentena profilática”.

Para Pedro Simas, a democracia não fica em causa por se interromperem campanhas. “A prioridade agora é salvar vidas e estamos na fase mais crítica da pandemia. Já fizemos tantos sacrifícios”, disse.

Maria Campos, ZAP // Lusa

3 Comments

  1. Se o PR tivesse ficado no confinamento no tempo devido não estariam certamente c/ este tipo de situação.
    Srs que estão é frente deste pais devem dar o exemplo pela positiva (não pela negativa), independentemente do dito resultado o PR tem o dever e obrigação de ficar em confinamento nas próximas 2 semanas, bem como quem teve contacto com ele. Andamos a brincar? Vamos entrar em confinamento e vamos continuar a ter eleições? Isto é brincar c/ situação mt seria. Os exemplos vem de cima depois não venham dizer que a culpa é do povo.

    • Exacto os exemplos vem de cima, o Marcelo vai dar o exemplo de que se o covid for tratado de forma rápida e preventiva os pacientes de risco (como o Marcelo) tem apenas sintomas ligeiros.

      Vamos esperar para ver o efeito do poderoso covid na classe política.
      E entretanto questionar se o hipocondríaco do presidente que não sai sem máscara, cumpre todas as normas e ainda assim fica infectado, será justo dizer que afinal não são os jovem irresponsáveis que aumentam a propagação do vírus e sim as medidas que não são eficientes como se diz e que talvez… apenas talvez … aqueles médicos e especialistas que arriscam ir contra a narrativa implementada não estejam assim tão errados no que tocas as máscaras e outras medidas!!!!

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