Depois da queixa do pai do jovem que foi atropelado no Seixal, quando fugia de colegas de escola num episódio de bullying, a GNR recebeu a participação de outro caso em Amares, Braga, onde um jovem terá sido amarrado na casa de banho. O líder do PSD, Rui Rio, quer lei mais eficaz e critica a inacção do Governo.
Rui Rio foi à escola Dr. António Augusto Louro, no Seixal, de onde são os alunos envolvidos no caso de atropelamento de um jovem que estava a ser vítima de bullying por parte de colegas. Uma visita que serviu para recolher informações para sustentar um projecto-lei que o PSD pretende apresentar, neste âmbito, “daqui a uma ou duas semanas”.
“Estamos a recolher informações, quer da parte do pai do jovem, quer agora do lado da escola, para saber quais são os constrangimentos que sentem em termos legais para que possamos fazer um projecto de lei, que vá de encontro com aquilo que é a necessidade do país”, aponta Rio.
“A Escola queixa-se de falta de meios, que o Ministério da Educação prometeu e está sempre a dizer que existem, para lutar contra estas situações de violência entre os jovens”, revela ainda Rio, salientando que “tem de haver apoio”.
“O pai queixa-se da incapacidade da lei”
Rio também esteve reunido com o pai da criança agredida no Seixal.
“O pai queixa-se da incapacidade da lei. Faz uma queixa na Polícia, no Ministério Público e junto da Escola e acha que as coisas andam devagar demais, não andam ou a dada altura parece que querem proteger mais o agressor do que quem foi agredido”, conta o líder do PSD.
“Entre jovens, precisa de protecção o agressor e o agredido, mas não vamos inverter as prioridades. Em primeiro lugar, precisa de protecção o agredido e é isso que temos de consubstanciar na lei”, salienta ainda Rio.
O presidente do PSD também revela que a investigação interna ao caso de atropelamento na escola do Seixal “está concluída” e que, nesta quarta-feira, “há a reunião final para aprovar o processo disciplinar”.
Críticas ao Governo
Rio assume que o bullying é um assunto onde é “muito difícil legislar”, até porque, muitas vezes, está em causa uma “agressão psicológica e silenciosa”, mas que “é grave para o futuro das crianças”.
Contudo, o PSD tenciona apresentar um projecto-lei neste âmbito no Parlamento.
Entretanto, Rio vai criticando o Governo e o facto de o grupo de trabalho que criou, em 2019, em torno do bullying, ainda não ter apresentado “nenhum resultado prático”. “Desconhecemos completamente que possa ter feito alguma coisa”, queixa-se Rio.
CDS pede mais psicólogos nas escolas
Para o presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, o bullying escolar “é um crime” e, por isso, exige ao Governo que reforce o programa Escola Segura e que aumente os psicólogos nas escolas e centros de saúde para apoiar as crianças.
Francisco Rodrigues dos Santos considera que o bullying é “uma realidade em Portugal que vai coagindo, agredindo e amedrontando o bem-estar” das crianças e que “vai minando a sua saúde mental“, conforme declarações na abertura do Conselho Nacional do CDS, que está reunido através de videoconferência.
“O bullying não é uma brincadeira de escola, é um crime, e por essa razão exige-se que o Governo tenha um papel determinante na [sua] eliminação”, aponta o líder do CDS, referindo que constitui “assédio moral e uma ofensa ao bem-estar e ao desenvolvimento” dos mais novos.
Rodrigues dos Santos defende que se deve “aumentar o número de psicólogos nas escolas e nos centros de saúde, para que aqueles que sofrem ameaças e sentem a sua saúde mental a esfumar-se tenham a assistência psicológica de que precisam”.
Além disso, o líder do CDS critica que “um número de telefone não é suficiente, muito menos um número em que se paga a chamada”.
“É necessário um atendimento e uma assistência directa para que todos aqueles que vivem todos os dias com o drama deste crime perpetrado contra si possam viver em segurança, com qualidade de vida e em liberdade”, diz.
Rodrigues dos Santos também critica o grupo de trabalho criado pelo Governo, lamentando que ainda não se viu “trabalho concreto rigorosamente nenhum, apesar do número de casos de bullying continuar a aumentar”.
Assim, diz que é “urgente” que o primeiro-ministro, António Costa, clarifique se “esta comissão de combate e acompanhamento ao bullying serve para proteger as crianças ou para empregar os ‘boys’ do PS“.
Rapaz de 11 anos amarrado na casa de banho da escola
Entretanto, surge nas notícias mais um caso de bullying numa escola, desta feita em Amares, no distrito de Braga, onde um grupo de rapazes de entre 10 e 11 anos “violentou psicologicamente, e de forma reiterada” um colega da mesma idade, como reporta o jornal local O Amarense.
O incidente terá ocorrido na Escola Básica de Amares. O Correio da Manhã refere que o rapaz foi amarrado com uma corda na casa de banho da escola.
A família da vítima apresentou queixa na GNR, de acordo com o CM, e “o rapaz agredido tem estado em casa”, segundo O Amarense.
A direcção da escola confirma ao jornal local que “o caso está já a ser tratado internamente”.
O Observatório Nacional de Bullying recebeu, em 2020, 407 queixas, 249 feitas por vítimas do sexo feminino e 153 por elementos do sexo masculino, conforme os dados recolhidos pelo CM.
Susana Valente, ZAP // Lusa
É isto que temos: um país de gente preguiçosa.
E nota-se bem que por aí há preguiça até para raciocinar…