Na Bielorrúsia, os dados oficiais do Governo apontam para 163 pessoas infetadas e duas mortes por Covid-19. Embora o país não tenha decretado quarentena, as ruas estão vazias. Mas as atividades, escolas e serviços continuam a funcionar normalmente, segundo um relato de uma jovem bielorrussa.
De acordo com um relato de uma bielorrussa de 32 anos, publicado na quarta-feira no Expresso sob anonimato, os dados acima referidos são do Ministério da Saúde, mas a população e os meios de comunicação social independentes indicam que o Estado está a esconder os números reais da pandemia, para evitar o pânico e proteger a economia.
Segundo a jovem, que dirige programas educacionais para os média, os diagnósticos de pneumonia no país podem ser casos de Covid-19. Devido à falta de confiança no Estado, as pessoas autoprotegem-se, “agem de forma responsável e minimizam os riscos”, embora “nem todos percebam o quão grave a situação possa vir a tornar-se num futuro próximo”.
A bielorrussa – que está em casa há duas semanas e meia, só saindo para ir às compras -, indicou que tanto a própria como os seus amigos estão “furiosos pelo facto das autoridades ocultarem informação dos cidadãos – numa situação tão arriscada como esta”.
O país não está de quarentena nem existem recomendações do Governo para que as pessoas evitem proximidade ou fiquem em casa, com as instituições, fábricas e escolas a funcionar normalmente. As empresas privadas, continuou a jovem, bem como as ONG’s e os meios de comunicação social independentes permitiram, na sua maioria, o teletrabalho.
“Na Bielorrússia temos bons médicos, um sistema nacional de saúde seguro e, no geral, os trabalhadores da saúde são uns heróis em situações como esta, mas claro que não sabemos se estas infraestruturas serão suficientes”, continuou a jovem no seu relato.
E acrescentou: “Neste momento, continuamos com o campeonato de futebol a decorrer e, uma vez que não foi decretada quarentena e que não existe qualquer declaração oficial a alertar para os riscos, cancelar o campeonato representará a confirmação de que a pandemia é uma ameaça real à saúde pública. É uma situação ridícula e muito triste”.
Adeptos de dois clubes vão deixar de ir aos estádios
A Bielorrússia é o único país europeu que ainda tem o campeonato de futebol a decorrer e sem qualquer restrição. Mas os adeptos de dois clubes do país vão voluntariamente deixar de assistir aos jogos nos estádios devido à pandemia, informou a agência Lusa.
A claque do Neman Grodno fez um comunicado a anunciar que os seus membros vão deixar de marcar presença nos estádios e pediram aos adeptos dos outros clubes que façam o mesmo, como forma de prevenção ao novo coronavírus. Os mesmos adeptos do Neman Grodno apelaram ainda à federação bielorrussa que tenha “a coragem” de suspender os campeonatos, tal como aconteceu em quase todo o mundo.
Os apoiantes do Shakhter Soligorsk seguiram o exemplo e também vão deixar de apoiar a sua equipas nos recintos, até que seja novamente seguro poder marcar presença num jogo de futebol.
Na terça-feira, a Federação Internacional das Associações de Futebolistas Profissionais (FIFPro) revelou que os jogadores que atuam na primeira liga da Bielorrússia estão preocupados por continuarem a exercer a profissão durante a pandemia de Covid-19, uma situação que “não é compreensível e deixa todos preocupados”.
A situação vivida vai de encontro à postura adotada pelo presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, que recusou limitar o movimento das pessoas, tendo mesmo vindo a público afirmar que “é melhor morrer em pé do que viver de joelhos”.
Na última jornada, os adeptos que entraram nos estádios receberam gel desinfetante para as mãos, mas poucos usaram máscaras de proteção. A terceira ronda está agendada para o próximo fim de semana.
O defesa central Denis Duarte atua no Dínamo Brest, o atual campeão, e é o único português a atuar no primeiro escalão do futebol na Bielorrússia.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia de Covid-19, já infetou mais de 865 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 43 mil. Dos casos de infeção, pelo menos 165 mil são considerados curados. Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Coronavírus / Covid-19
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