O Banco de Portugal anunciou este domingo um plano de capitalização do Banco Espírito Santo (BES) de 4.900 milhões de euros e a separação dos ativos tóxicos (‘bad bank’) dos restantes que ficam numa nova instituição, o Novo Banco.
O governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, garantiu que a injeção de quase 5.000 milhões de euros no BES não penaliza as finanças públicas nem os depositantes do banco.
Na conferência de imprensa em que anunciou o plano de capitalização do BES e a separação dos ativos tóxicos num ‘bad bank’, Carlos Costa garantiu que “a medida de resolução agora decidida pelo Banco de Portugal, e em contraste com outras soluções que foram adotadas no passado, não terá qualquer custo para o erário público e nem para os contribuintes”.
O governador garantiu também que o Novo Banco vai continuar a “assegurar a atividade até aqui desenvolvida pelo BES e pelas suas filiais, em Portugal e no estrangeiro, protegendo assim os seus clientes e depositantes”, reiterando que “fica completamente e inequivocamente afastada qualquer hipótese de poder haver perdas para os depositantes”.
O recentemente empossado Vítor Bento, que transita da presidência do BES para a do Novo Banco, garantiu que estão afastadas as “incertezas que ameaçavam a instituição”, segundo um comunicado entretanto divulgado.
Para o Novo Banco transitam também todos os trabalhadores, assim como balcões e agências do actual BES.
À margem do comunicado oficial, o governador adiantou ainda terem sido identificadas acções e comportamentos eventualmente ilícitos de membros da anterior administração, cujas responsabilidades serão apuradas em sede própria.
Segundo Carlos Costa, o Banco de Portugal detectou esquemas de dívida em carrossel nas empresas do GES, em que novas entradas de dinheiro serviam para pagar juros e dívidas anteriores.
Estes esquemas, semelhantes às “pirâmides de Ponzi”, são muito difíceis de detectar antes de entrarem em ruptura.
Finanças garantem que contribuintes não suportarão custos do financiamento
O Governo garantiu entretanto, em comunicado do Ministério das Finanças, que os contribuintes não terão de suportar os custos relacionados com o financiamento do BES e que o a nova instituição será detida integralmente pelo Fundo de Resolução.
A recapitalização do Novo Banco será feita pelo Fundo de Resolução, entidade inter-bancária que irá injectar 4.900 milhões de euros no Novo Banco.
Estando o Fundo, criado em 2012, dotado apenas com 380 milhões de euros, a solução encontrada passa por usar a verba disponibilizada pela troika ao setor financeiro, em que ainda estão disponíveis 6,4 mil milhões de euros.
A Comissão Europeia anunciou, em comunicado, que aprova a solução encontrada para o Banco Espírito Santo e adianta que a medida está em linha com as regras de ajuda dos Estados da União Europeia.
A administração do Novo Banco tem agora a tarefa de encontrar investidores para entrar no capital da instituição e proceder à venda do Novo Banco, de forma a realizar capital para devolver à troika a verba disponobilizada.
Caso a receita de uma eventual venda não cubra a verba da troika, a diferença deverá vir a ser coberta pelas entidades bancárias que compõem o Fundo de Resolução.
ZAP / Lusa
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e depois nao temos dinheiro para a saude, ensino,reformas, apoio a economia e turismo ,palhaçada este pais !