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Banco de Portugal sabia da falência do BES “17 meses antes da derrocada”

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José Sena Goulão / Lusa

O governador do banco de Portugal, Carlos Costa

O governador do banco de Portugal, Carlos Costa

Os responsáveis do Banco de Portugal tinham conhecimento da situação de falência do Banco Espírito Santo mais de um ano antes de esta se ter confirmado. Um dado apurado numa investigação da SIC que começa a ser transmitida nesta quarta-feira.

A reportagem “Assalto ao Castelo”, que a SIC vai emitir no “Jornal da Noite”, entre 1 e 3 de Março, em três episódios, revela novos dados sobre o processo de colapso do BES e do Grupo Espírito Santo (GES).

O jornalista Pedro Coelho, que liderou a investigação, desvenda à Renascença alguns detalhes sobre o seu trabalho, revelando nomeadamente que o Banco de Portugal (BdP) já estava a par da falência do BES em 2013, isto é, 17 meses antes do colapso do banco.

“A administração do BPI colocou um grupo de técnicos a investigar as contas do GES – e estamos a falar de Janeiro de 2013, portanto, 17 meses antes da derrocada – e concluiu, avaliando as contas de 2010 e 2011, que o Grupo estava falido”, relata Pedro Coelho à rádio.

O jornalista sustenta que o GES “tinha uma dívida de seis mil milhões de euros nessa fase” e que “a dívida não parava de aumentar”.  “Tecnicamente, o GES estava falido em Janeiro de 2013 e o BdP ficou a saber, de uma forma muito transparente, estes dados”, acrescenta.

Pedro Coelho refere ainda que o principal problema do GES era a Rioforte, cuja dívida chegava, naquela altura, “aos 1.500 milhões de euros”. O BPI “também estava exposto ao GES porque tinha aplicações na Rioforte no valor de 75 milhões”, explica.

“Fonte mistério” ligada ao BdP

A reportagem foi feita com base em documentos que uma “fonte mistério”, ligada ao BdP, facultou ao jornalista, depois de perceber que era “preciso revelar um conjunto de más práticas ao nível da supervisão“, salienta o jornalista à SIC Notícias.

Estes documentos internos do Banco, que serão revelados na reportagem, atestam, de acordo com o jornalista, que o governador Carlos Costa não disse tudo o que sabia quando foi ouvido pelos deputados, em 2014, na Comissão Parlamentar de Inquérito ao colapso do BES.

Dubai no centro do esquema do BES

O trabalho de investigação da SIC permitiu ainda chegar ao Dubai, que terá também entrado nos esquemas do BES, através da filial do banco naquele país do Médio Oriente, que terá sido usada para a fuga de capitais angolanos.

A SIC antecipa, no seu site, que “membros influentes da chamada elite angolana, alguns muito próximos de José Eduardo dos Santos, escolheram o ES Bankers Dubai para aplicarem milhões de dólares”, os quais terão sido distribuídos pelas diversas empresas do GES.

O treinador de futebol Carlos Queiroz, que foi cliente da filial do BES no Dubai, surge na reportagem da SIC a lamentar a perda de 800 mil dólares da sua conta, depois da aplicação do dinheiro na Rioforte.

O técnico alega que nunca deu ordens para essa aplicação e conta a sua batalha para tentar recuperar o dinheiro que se esvaiu com a queda do GES.

“Fiz coisas de que me envergonho”, conta o ex-treinador da Selecção Nacional e do Real Madrid.

ZAP //

16 Comments

  1. E aprovaram um aumento de capital com o presidente da república ACS como avalista, entre outros ilustres, 3 meses antes da derrocada final….estes sr.s são uns ladrões e ainda ocupam lugares públicos, não vergonha nenhuma nem decência. Uma vergonha para o pais, para a sua familia e pais.

  2. O Banco de Portugal , sendo assim, é muito pior que o BES. Se sabia porque permitiu um aumento de capital? E o “SANTINHO” do presidente da república das bananas a dizer que estava tudo bem!…. Já agora sem quanto é que estes ficaram?…

  3. O Banco de Portugal já vem dando sinais de má orientação de há muito tempo para cá, já no tempo do senhor Vítor Constâncio e penso que até antes começaram a haver alguns rumores no entanto este até conseguiu um lugar de vice-presidente no BCE, portanto penso que dá para perceber como a incompetência poderá ser compensada e o que poderemos esperar e que infelizmente está à vista de todos nós.

  4. Já todos sabiamos que ele sabia alguns meses antes. Este programa neste momento é uma especie cortina de fumo para desviar a nossa atenção do assunto do dia, 10 mil milhoes de euros para as ofshores sem fiscalização.

  5. Até devia saber antes. Um banco não vai à falência de um dia para o outro. Em que ano é que houve uns testes de stress aos bancos e estavam todas bons e recomendavam-se??? Para aí em 2010 ou 2011 se não estou em erro. Daí para cá tem sido o que se vê???

  6. Mas então não era necessário, que os “RATOS” fizessem primeiro, os respectivos desvios, para os respectivos offshores, antes de dar o banco por falido?
    Talvez para ajudar os “RATOS”, as listas que deviam ter sido publicadas “à cautela” não o foram. Mas podemos todos estar descansados! Paulo Núncio até já disse ser o único responsável por essa decisão. Curiosamente já deve estar no desemprego, pois se renunciou a todos os cargos, coitado! Mas Portugal deve-lhe muito!
    Os então ministros das finanças, completamente desresponsabilizados, desempenham altos cargos…
    Já o governador do BdP,, sendo impotável, vai continuando por cá a fazer o “seu trabalho”.
    Eles têm andado a tirar o país da banca rota… e a salvar os portugueses.
    Devemos-lhe muito a todos!

  7. Os culpados tem nome. O que é que a nossa justiça fez? o que está a fazer? o que vai fazer? Pura e simplesmente nada, porque estão todos metidos neste circo e lucram com isso. O Zé povo que se aguente e pague o enriquecimento dos políticos e dos ricos. Cambada de vigaristas.

  8. E nada disseram,nem fizeram, porque todos, a começar pelo (des)governador, estavam feitos com o corrupto do Salgado. E assim om povo mais uma vez paga o roubo destes fdp.

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