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O baloiço cor-de-rosa que uniu o México e os EUA só durou algumas horas

Os agentes de patrulhamento da fronteira dos EUA com o México retiraram o baloiço no mesmo dia em que foi colocado, mas não antes de as imagens de adultos e crianças em cima de uma enorme baloiço cor-de-rosa serem divulgadas pelos media.

No passado sábado, dia 27, umas enormes traves de metal rosa-choque transformaram-se em baloiços “sobe e desce” para que crianças e adultos de um e de outro lado da fronteira pudessem brincar e interagir.

Apesar de a imagem dos baloiços ter corrido todo o mundo, os enormes “sobe e desce” transfronteiriços só lá ficaram um dia. Ao Expresso, a Agência de Patrulha de Fronteiras dos EUA disse que “já não existe qualquer brinquedo na fronteira entre os EUA” e que o material “foi retirado sem incidentes pelas pessoas responsáveis pelo projeto”.

As autoridade não adiantaram, porém, se a colocação do baloiço violava alguma lei. O responsável pela comunicação da agência para o Novo México disse apenas que como não tinha sido pedida previamente “a coordenação com as autoridades”, os baloiços tiveram de ser removidos.

O tempo que lá estiveram foi suficiente para alimentar a esperança de uma resolução relativamente pacífica para um conflito que está há mais de dois anos em escalada. As “políticas do muro”, expressão utilizada por alguns analistas para se referirem a todo o conjunto de medidas para a imigração esposadas por Donald Trump.

“Foi literalmente uma alavanca inserida nas relações EUA-México: adultos e crianças a brincarem juntos reconhecendo perfeitamente que o que se passa de um lado tem consequências diretas no outro”, disse Ronald Rael, cofundador do estúdio de arquitetura Rael San Fratel­lo com Virginia San Fratello.

O baloiço foi instalado entre a separação de vigas de metal que divide Sunland Park, no Novo México, e Colonia Anapra, uma comunidade na parte oeste de Cuidad Juárez, no México.

Para que a ideia resultasse, Ronald Rael teve de pedir aos seus voluntários que fizessem deslizar as enormes traves de aço cor-de-rosa pelas aberturas na fronteira, a que se seguiu a instalação de dois bancos, um em cada ponta da trave.

O projeto está no papel desde 2009 mas Rael e San Frantello consideraram que não podiam esperar mais para o materializar. O projeto foi retomado em 2016, numa parceria entre Rael e Virginia San Fratello, e integrou uma exposição no MoMa (Museum of Modern Art) de Nova Iorque, que abordava a crise dos refugiados.

O projeto “Teetertotter Wall” concretizou-se dias depois de o Supremo Tribunal dos Estados Unidos revelar que o governo de Donald Trump pode gastar 2,5 mil milhões de dólares do orçamento militar para construir o muro entre os dois países.

O estúdio de Rael tem outros projetos que ajudam a pensar nestas áreas como espaços comuns, que pertencem a ambos os países e a espécies de animais que também sofrem com a implementação de uma barreira física.

Além do projeto agora realizado, ainda que por breves momentos, na fronteira, Rael e San Fratello têm listadas na página do estúdio intervenções artísticas que dão prioridade à interação entre as pessoas, como a instalação de uma banca para cozinhar burritos, com grelhas dos dois lados, ou uma ponte com diversas ramificações finas para permitir a passagem de animais mantendo os standards de segurança.

ZAP //

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