Maior avanço no sul da Ucrânia: Linha de defesa russa recuou 30 quilómetros

Roman Pilipey / EPA

A Rússia já não controla totalmente as quatro áreas recentemente anexadas por Vladimir Putin, com as tropas ucranianas a tentarem recuperar as regiões de Donetsk e de Luhansk, no Leste da Ucrânia, e Kherson e Zaporijjia, a Sul.

De acordo com o Guardian, o exército ucraniano conseguiu avançar dezenas de quilómetros em Kherson. As dificuldades nesta zona já foram admitidas pelos russos, com o Kremlin a indicar que os ucranianos possuem “tanques superiores” nesta área do conflito.

Citado pela SkyNews, um líder russo indicou que, após derrubar a linha de defesa ao longo do rio Dnipro, os ucranianos conseguiram recuperar várias aldeias.

Também recuperaram Dudchany, a 30 quilómetros a sul do local onde os russos tinham definido a frente de defesa, naquilo que pode ser entendido como o maior e mais rápido avanço no sul do país até ao momento.

Esta informação, agora divulgada pelos russos surge depois de o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, ter pedido silêncio sobre os avanços dos militares, para não atrapalhar as operações de defesa no terreno.

No fim de semana o exército ucraniano cercou Lyman, na região de Donetsk, o que originou a retirada dos militares russos. Esta é uma cidade estratégica: é um centro logístico importante, que agora estará sob controlo total dos ucranianos. Também no fim de semana tinham sido registados avanços na região Kherson.

Entretanto, o diretor-geral da central nuclear ucraniana de Zaporíjia, Igor Murachov, detido na sexta-feira pela Rússia, que controla o local, foi libertado, anunciou na segunda-feira a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA).

“Saúdo a libertação de Igor Murachov”, escreveu na rede social Twitter o diretor da AIEA, Rafael Grossi, que confirmou que Murachov já está em casa “são e salvo”. A detenção foi efetuada por uma patrulha russa quando aquele viajava da central para a cidade de Ernogodar, controlada pelos russos.

O veículo que transportava o diretor da central fora detido e este retirado do automóvel, tendo posteriormente sido conduzido, com os olhos vendados, para um destino desconhecido, segundo relatos da agência que opera a unidade nuclear.

Conflito vai prolongar-se se Kiev rejeitar negociações

Esta terça-feira, Zelenskyy assinou um decreto que declara “impossível” a possibilidade de qualquer conversa com Vladimir Putin, ainda que não feche totalmente a porta a conversas com a Rússia.

“Ele [Putin] não conhece dignidade ou honestidade. Portanto, estamos prontos para um diálogo com a Rússia, mas com outro Presidente”, disse o líder ucraniano.

Já o Kremlin avançou que o conflito com a Ucrânia vai prolongar-se se Kiev rejeitar as negociações, acrescentando que é necessária a presença de “ambos os lados” para negociar, noticiou a agência Reuters.

“Ou vamos esperar que o atual Presidente mude a sua posição ou aguardar que o próximo Presidente mude de posição no interesse do povo ucraniano”, afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, aos jornalistas.

Líder checheno enviará filhos menores para combate

O líder da Chechénia, Ramzan Kadyrov, revelou na segunda-feira que vai enviar três dos seus filhos menores para combater na linha da frente na Ucrânia.

“Ser menor de idade não deve interferir com o treino dos defensores da nossa pátria. Os netos do Primeiro Presidente da República Chechena – o herói da Rússia Akhmat-Khadzhi Kadyrov -, Akhmat, Eli e Adam têm 16, 15 e 14 anos, respetivamente, mas o seu treino militar começou há muito tempo, quase desde tenra idade. Não estou a brincar”, escreveu Kadyrov no Telegram.

“Sempre pensei que a principal missão de um pai é ensinar o que é piedade aos filhos e ensiná-los a defender a família, o seu povo e o seu país. Quem quer a paz, prepara-se para a guerra!”, escreveu.

Kadyrov adiantou que, em breve, os três menores serão enviados para a linha da frente e estarão nas secções mais difíceis. A publicação é acompanhada por um vídeo no qual é possível ver três rapazes disparar várias armas num campo de treino.

No início do século, Moscovo assinou um tratado com a ONU com o objetivo de impedir que os menores de 18 anos participem diretamente num conflito. Usar crianças com menos de 15 anos é considerado um crime de guerra de acordo com o Tribunal Penal Internacional. No entanto, a Rússia não reconhece este tribunal.

Com a mobilização parcial na Rússia, tem sido levantada a questão se os filhos dos membros de altos funcionários russos também serão convocados para combater na Ucrânia. Nikolai Peskov, filho do porta-voz do Kremlim, Dmitry Peskov, garantiu que não está a pensar ser um deles.

Câmara alta do Parlamento ratifica anexação

Um dia depois de a câmara baixa do Parlamento russo (Duma) ter votado os tratados de incorporação das regiões ucranianas, esta terça-feira foi a vez da ratificação da anexação das quatro regiões na câmara alta (Conselho da Federação).

Os tratados, aprovados por unanimidade, voltam para Putin, faltando apenas a assinatura do Presidente para Moscovo considerar completo o processo de anexação formar das quatro regiões, que representam 18% do território ucraniano reconhecido internacionalmente.

ZAP //

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