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Autarca de Mação “foi um verdadeiro comentador televisivo”. Atitude de Cabrita “é indigna”

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Tiago Petinga / Lusa

O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita

O incêndio de Mação, em Castelo Branco, que deflagrou no passado sábado e foi esta terça-feira dominado, continua a ser o mote para a troca de acusações entre o autarca local e membros do Governo.

Depois de o primeiro-ministro, António Costa, ter recordado que os autarcas são os primeiros responsáveis pela proteção civil nos concelhos, agora foi a vez do Ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, que acusou o presidente da Câmara de Mação, Vasco Estrela, de agir como “um verdadeiro comentador televisivo”, em vez de acionar o Plano Municipal de Emergência.

“A Câmara da Sertã e a Câmara de Vila de Rei ativaram imediatamente os planos municipais de emergência, prestaram todo o apoio logístico àquilo que foram as operações de uma operação de Proteção Civil de grande dimensão, que envolveu mais de mil operacionais”, começou por explicar o governante, que falava em entrevista à RTP.

“O senhor presidente da Câmara de Mação, com quem estive hoje [esta terça-feira] à tarde, vejo com desgosto que – aquilo que julgava ser uma perturbação motivada pela tensão da ocorrência que estava a passar-se no seu concelho – optou por não promover a ativação do Plano Municipal de Emergência, não dar qualquer cooperação ao esforço de Proteção Civil e ser verdadeiramente um comentador televisivo“, lamentou.

Confrontado com as críticas dos autarcas sobre a alegada falta de meios destacados para a região, Eduardo Cabrita afirmou que os presidentes de câmara “são parceiros fundamentais e são os primeiros responsáveis da Proteção Civil nos seus municípios”, tal como tinha já afirmando o primeiro-ministro.

O presidente da Câmara de Mação, Vasco Estrela, considerou o comentário de Eduardo Cabrita como uma ofensa de caráter, afirmando que a sua atitude é indigna de um membro do Governo. “Não é forma de um membro do Governo tratar de uma forma ofensiva um presidente de Câmara. Posso discutir e discordar de ações que são tomadas, mas não entro no campo da ofensa e da ofensa de caráter”, afirmou em declarações à RTP.

“E o que o senhor ministro fez é indigno de um membro do Governo porque ofendeu o meu caráter ao vir dizer que eu me preocupei mais em ser comentador televisivo do que em proteger os cidadãos deste concelho”.

E concluiu: “É uma vergonha que um membro do Governo perca tempo, perca tempo a ofender em termos pessoais, repito, ofender em termos pessoais o concelho que mais ardeu no país, onde as pessoas estão a sofrer e o senhor ministro em vez de ter uma palavra de solidariedade para estas pessoas, o senhor ministro prefere ofender em termos pessoais o presidente da Câmara. É lamentável que isto aconteça”.

À TSF, Vasco Estrela revelou ainda que foi com “total surpresa” que recebeu as palavras de Eduardo Cabrita. “Nunca pensei que o ministro vivesse tão mal com opiniões divergentes. E que quando confrontado com críticas claras e objetivas e factuais reagisse dessa maneira”.

“Lamento que tenha estado comigo às 15 horas e não tenha tido a coragem de dizer olhos nos olhos aquilo que foi dizer para a televisão. É com muita surpresa que vejo estas declarações”, sublinhou o autarca de Mação.

Ardeu a área de Lisboa em Vila de Rei e Mação

O incêndio nos concelhos de Vila de Rei e Mação consumiu mais de 9.500 hectares de florestais, cerca de metade da área ardida deste ano, segundo o Sistema Europeu de Informação de Incêndios Florestais (EFFIS).

O EFFIS, do Centro de Investigação Comum da Comissão Europeia, que apresenta as áreas ardidas cartografadas em imagens de satélite, indica que o incêndio que deflagrou no sábado em Vila de Rei e que se propagou ao concelho de Mação, já em Santarém, consumiu 9.631 hectares, aproximadamente a área da cidade de Lisboa.

Este fogo foi esta quarta-feira dado como dominado, mas mantêm-se no terreno os mais de 1000 operacionais e oito meios aéreos. Os dados do EFFIS mostram também que os incêndios florestais consumiram este ano 18.606 hectares de floresta, enquanto que a média da aérea ardida entre 2008 e 2018 foi de 24.622.

Os dados provisórios, disponíveis no site do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), indicam que, entre 1 de janeiro e o dia de hoje, ocorreram 6.091 incêndios rurais, que provocaram 11.602 hectares de área ardida.

Segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, mais de duas dezenas de concelhos dos distritos de Portalegre, Castelo Branco, Santarém, Coimbra, Viseu e Bragança apresentam esta quarta-feira um risco máximo de incêndio.

O IPMA colocou também vários concelhos de todos os distritos (18) de Portugal continental em risco muito elevado e elevado de incêndio.

ZAP //

18 Comments

  1. Cada vez tenho mais nojo desta classe política, em vez de reunirem e tirarem lições do que correu mal e que pode ser melhorado nas tragédia vem para praça pública discutir e empurrar as culpas uns para os outros, aceito e compreendo as populações quando dizem que não tiveram meios humanos para os salvar e salvar os seus bens, não aceito quando os políticos vem-se acusar coma falta de meios na praça pública, sejam do Governo Central ou Autarca sabem perfeitamente que os meios sejam materiais ou humanos nunca numa tragédia como são os incêndios eles chegam por muitos que haja, é impossível ter meios em todas as ocorrências em todas as aldeias, assim como sabem perfeitamente que não se pode colocar Bombeiros numa zona a arder com ventos que mudam de posição constantemente, os Bombeiros são seres humanos não são máquinas para serem usados a belo prazer de quem quer que seja, ou teríamos de lamentar depois as mortes e os feridos que viessem acontecer caso os mandassem para as frentes de fogo nessas condições. E se os políticos se unissem para verem em conjunto o que deve ser mudado o que deve ser melhorado e o que não se justificasse acabar aí eu tirava o chapéu, mas como o que é preciso fazer mexe com as capelinhas políticas eles fogem dessa discussão como o diabo foge da cruz, preferem usar as tragédia e até as mortes para fazer política, não é por acaso que a actual classe política cada vez o Povo menos acredita e confia na classe política.

  2. A ser verdade que
    …”A Câmara da Sertã e a Câmara de Vila de Rei ativaram imediatamente os planos municipais de emergência…”
    Cabrita mentiu ignorantemente.
    Por mim deveria ter-se demitido logo que entrou para o poleiro e colocou os guardas na rua para nao incomodar o cao.
    https://observador.pt/2017/11/09/ministro-coloca-guardas-na-rua-para-cao-nao-ladrar-gnr-queixa-se/
    Mas pelos vistos ninguem quer incomodar o cao.
    Ja que nao se cala, demita-se sr. desgovernante de meia tijela

    • Senhora Maria, leia o que escreveu e veja se faz sentido dizer que «Cabrita mentiu ignorantemente».
      Não estou a defender o homem, que, aliás, não mentiu. Mas sugiro que cada um de nós, cidadãos, assumamos as responsabilidades que nos cabem, em vez de estarmos sempre à espera que sejam os outros a fazê-lo.

      • Caro Sérgio O. Sá
        O autarca é de Maçao que afinal nao esteve incluida na acitvacao imediata do plano de emergencia (daí a minha confusao porque interpretei que o tinha feito).
        Assim, reconheço o seu reparo.
        Apresento desculpas a quem feri susceptibilidades.
        Cumprimentos,
        Maria

    • Este Cabrita não queria o seu cão a ladrar, porque estaria a fazer trabalho de casa com a namorada, a ministra do Mar! Cuidado que este artolas é muito sonso e convencido.

  3. TEM dúvidas que o autarca é um comentador televisivo. Já aqui escrevi para reporem uma entrevista que ele deu a um canal televisivo à 2/3 anos em que se gabava que Mação era o concelho modelo e que lá nunca aconteceria um grande incêndio, pois ele como autarca sabia o que tinha que fazer e fê-lo para bem da população do concelho. Tenham coragem e ponham essa entrevista no ar, AGORA.

    • Subscrevo. Assim como subscrevo de que os autarcas são os primeiros responsáveis por não fazerem o que lhe compete, fazer cumprir a lei. Quando tudo corre bem são os maiores, quando algo corre mal e é preciso apurar responsabilidades nunca é deles, é sempre dos outros. A menos que queiram que seja também o estado a tomar conta das autarquias!, ou só servem para reclamar verbas!

  4. Este tipo de lançamento de “galhardetes” não abona a favor de ninguém.
    Na verdade parece que nada se aprendeu com os erros do passado, continuam a haver incêndios “incontroláveis”.
    Não seria melhor entregar a gestão dos incêndios a quem trabalha para os apagar, ou seja, aos bombeiros, e tornar a protecção civil apenas como um “observatório” mantendo os tachos mas sem atrapalhar?
    Fica a sugestão, se não atrapalharem já é um bom trabalho que prestam ao país.

  5. A verdadeira vocação dos tugas: sacudir a água do capote e atirar mimos aos adversários (não esquecer que de um lado se ladra em rosa e do outro se zurra em laranja). Futebol e política não divergem substancialmente.

      • O Sr. autcarca foi eleito. O Sr. ministro foi nomeado por alguém que nem eleito foi. A diferença é essa!

      • O ser eleito não lhe dá direito a dizer aquilo que quer. Já pedi várias vezes para colocarem no ar a entrevista que ele deu à ca de 2/3 anos a um canal de televisão em que só fez foi gabar-se do trabalho que tinha feito em Mação e que por isso lá nunca aconteceriam incêndios dado o trabalho que tinha realizado

      • O sonso ministro da Administração Interna disse, relativamente aos incêndios no pinhal interior: “fizemos tudo o que tínhamos previsto”. Portanto o que ele disse é que tinha previsto que ardesse quase todo aquele território dos municípios de Vila de Rei e de Mação, durante quase 5 dias, o que representa o tornar público da sua enormíssima e grave irresponsabilidade e incompetência para estar á frente do ministério. Este sujeito não tem condições para continuar. Tem que se demitir ou ser demitido, como aconteceu com a sua antecessora.

  6. Claro que não lhe dá esse direito. Mas também não o tem o Sr. Ministro.
    Quanto à entrevista, procure que decerto encontrará.
    E todos sabemos que os resultados do tal trabalho são nulos. Basta ver notícias. Ano após ano, Mação é notícia pelas mesmas tristes razões…

    • Com esta seita governativa, auguro um final desastroso para o nosso país. Os políticos portugueses têm um défice de cultura, de cumprimento do dever e de servir a causa pública, mas estes abusam quanto à sua atroz incompetência. Não fora a conjuntura económica, com o turismo a fortalecer os cofres do Estado e da Segurança Social e o fabuloso imposto Centeno sobre os combustíveis, já estaríamos hoje no chafurdo, após 4 anos cheios de nada e de muita incompetência e bazófia política, comandados pelo filho de um comunista que desde os 14 anos, nada fez na vida para além do andar nesta pândega da política ordinária e embusteira.

      • Meu caro, contra factos não há argumentos: subscrevo, ponto por ponto. Note-se que não estou a fazer a apologia da oposição que, infelizmente, é o que é!

  7. Todos devem dizer mal deste ministro e principalmente do seu ministério. Depois do que vi no princípio do ano, no distrito de Aveiro, com o incêndio no concelho de Oliveira de Azeméis, já nada me surpreende quanto a incompetência. Em Mação bastou ver duas descargas aéreas na parte já ardida em vez de ser na cabeça do fogo, uns 300 metros à frente, que fiquei mais uma vez convencido dos grandes estrategas que temos. Viva o ANPC e mais uns milhões de euros!!! IDIOTAS.

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