A suspensão da vacina da AstraZeneca não assustou alguns governantes europeus, que querem receber o fármaco e passar confiança aos cidadãos.
A vacina da AstraZeneca está suspensa em vários países europeus, mas não é por isso que os respetivos governantes deixam de defender o fármaco.
António Costa é exemplo disso mesmo. Na terça-feira, o primeiro-ministro português disse que a decisão de suspender a administração da vacina em Portugal foi tomada por mera precaução e pediu aos portugueses para permanecerem tranquilos.
“Estou convosco, também tomei a primeira dose da vacina. Anseio pela segunda”, afirmou o governante. “Toda a evidência científica demonstra que a vacina é segura e efetiva. Digo isto com a tranquilidade de eu estar a ser vacinado com a vacina da AstraZeneca. Já tomei a minha primeira dose e aguardo a segunda em maio.”
Graça Freitas realçou que apesar de as reações serem “extremamente graves”, são também “extremamente raras”. A diretora-geral da Saúde apelou a quem já foi vacinado com a AstraZeneca em Portugal que fique tranquilo, já que “no nosso país não foram reportados casos semelhantes ao encontrado nos outros países”.
Tal como António Costa, o primeiro-ministro francês, Jean Castex, referiu, em declarações à emissora BFM-TV, que quer receber a primeira dose da vacina da AstraZeneca assim que “a suspensão” seja “levantada”.
Ao contrário de Portugal e França, a Lituânia interrompeu temporariamente a administração de vacinas do lote alvo de suspeitas. Segundo o ECO, Arunas Dulkys, ministro da Saúde da Lituânia, também disse que vai escolher o fármaco desenvolvido pela fabricante anglo-sueca quando chegar a sua vez de ser vacinado.
“Pessoalmente, escolherei a vacina da AstraZeneca e não uma outra vacina, pois quero dissipar as preocupações”, afirmou, citado pelo Delfi.
No Reino Unido, a vacina da AstraZeneca continua a ser administrada e o Governo tem vindo a inisstir que o fármaco é seguro e eficaz. O primeiro-ministro Boris Johnson anunciou que iria ser vacinado “muito em breve” e que “certamente” receberia a vacina da “Oxford/AstraZeneca”.
Os resultados do estudo da avaliação de segurança à vacina, da Agência Europeia do Medicamento (EMA), deverão ser conhecidos esta quinta-feira.
À TSF, Stella Kyriakides, comissária europeia da Saúde, espera que as dúvidas em torno da vacina da AstraZeneca se dissipem. O regulador europeu está a realizar novos estudos ao fármaco para procurar uma relação entre a administração da vacina e casos raros de coagulação do sangue.
“Uma vez que uma opinião definitiva da Agência Europeia do Medicamento esteja tomada, creio que o que precisam de fazer é comunicar isto muito claramente, porque é com comunicação e transparência que se constrói a confiança. E nós precisamos de ter confiança nas vacinas”, disse.
“Se a opinião da Agência Europeia do Medicamento for de que a utilização da vacina continua a ser segura, então teremos de abordar a questão da confiança dos cidadãos”, admitiu a responsável, admitindo que tal possa ser feito de “forma muito eficaz, se os profissionais de saúde, os especialistas, em conjunto com a Agência Europeia do Medicamento, falarem a uma só voz sobre isto”.
Documento alemão explica decisão
Segundo o Observador, o Instituto Federal para as Vacinas e os Medicamentos da Alemanha publicou recentemente um documento destinado a guiar os cidadãos pelo processo que levou à suspensão da vacina da AstraZeneca.
“Uma forma específica de trombose venosa cerebral grave associada à deficiência de plaquetas (trombocitopenia) e a hemorragias foi identificada em sete casos (até ao dia 15 de março de 2021) em associação temporal com a vacinação com a vacina contra a Covid-19 da AstraZeneca”, lê-se no texto. “Todos os casos ocorreram entre quatro e 16 dias depois da vacina.”
Ao contrário do que tem sido reiterado pela EMA, o documento avança que “o número destes casos depois da vacinação com a AstraZeneca é mais elevado, com significado estatístico, do que o número de tromboses venosas que ocorrem normalmente na população não vacinada”.
Os cientistas alemães avisam que “se a reação adversa observada ocorrer estatisticamente mais frequentemente no grupo de indivíduos vacinados, isto é um sinal de risco, ou seja, um indicador de uma possível relação causal com a vacinação”.
Outro fator de preocupação é o facto de as idades dos mais afetados não baterem certo com a população que, naturalmente, está em maior risco de sofrer uma trombose venal com desfecho fatal.
“Todos os especialistas concordaram, unanimemente, que poderia ser discernido aqui um padrão e que uma ligação entre as doenças mencionadas e a vacina contra a Covid-19 da AstraZeneca não era implausível”, sublinha o documento, citado pelo jornal online.
Coronavírus / Covid-19
-
20 Outubro, 2024 Descobertas mais provas de que a COVID longa é uma lesão cerebral
-
6 Outubro, 2024 A COVID-19 pode proteger-nos… da gripe