As vitórias tiveram sabor amargo. As derrotas souberam muito pior

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ZAP // V.A. / Lusa

Os resultados das eleições legislativas deste domingo trouxeram, à direita, dois grandes vencedores, que ainda assim ficaram aquém dos seus objetivos, e uma pequena vitória com sabor a derrota. À esquerda, duas derrotas de proporções bíblicas.

A AD venceu as legislativas de domingo com uma “maioria maior” do que a alcançada em 2024, numa noite eleitoral marcada pela estrondosa derrota do PS, que provocou a demissão do seu secretário-geral, Pedro Nuno Santos.

O líder socialista anunciou a convocação de eleições internas, nas quais não será candidato, numa altura em que o PS corre o risco de perder para o Chega o estatuto de maior partido da oposição.

Com os quatro mandatos dos círculos da emigração ainda por atribuir, o Partido Socialista fechou a noite eleitoral com um maior número de votos do que o Chega, mas ambos com 58 deputados eleitos.

Se os resultados de 2024 dos círculos da Europa e Fora da Europa se repetirem, o Chega ultrapassará o PS como segundo maior grupo parlamentar da Assembleia da República, a seguir ao do PSD. Em 2024, dos quatro mandatos em disputa, dois foram para o Chega, um para a AD e outro para o PS.

A noite eleitoral trouxe grandes vencedores, enormes derrotados — e algumas vitórias com sabor a derrota.

Os grandes vencedores

Luís Montenegro e a sua Aliança Democrática são os primeiros grandes vendedores destas legislativas.

Contra tudo e contra todos, todos, todos os que apostaram em basear a sua campanha no caso Spinumviva, que motivou a queda do Governo e a convocação de eleições, a AD aumenta o número de votos, obtendo quase mais 5 pontos percentuais do que os conseguidos em 2024.

Com estes resultados, a coligação PSD/CDS-PP elege pelo menos 89 deputados, reforçando a sua representação na Assembleia — cuja composição pode, curiosamente, dar ao primeiro ministro mais condições de governabilidade.

Além disso, somados os 89 (provavelmente 90), mandatos da AD aos 58 a 60 do Chega e aos 9 da Iniciativa Liberal, as três formações partidárias ultrapassam os dois terços dos deputados da Assembleia, necessários para aprovar propostas que requerem maioria qualificada, como uma revisão da Constituição, sem necessitar de acordos com a esquerda parlamentar.

É uma vitória incontornável de Luís Montenegro, que fica no entanto aquém do que era o seu objetivo primordial: chegar a uma maioria absoluta, nem que fosse com a IL.

André Ventura é o outro grande vencedor das eleições deste domingo. Com 22,56% dos votos e pelo menos 58 deputados, o Chega conseguiu o melhor resultado de sempre e, se voltar a vencer nos círculos da Emigração, passará a ser o maior partido da oposição.

Apesar de ter traçado como objetivo de vencer as eleições, que não atingiu, André Ventura tem conseguido conduzir o partido a um crescimento consistente desde 2019, ano em que conseguiu eleger um deputado à Assembleia da República.

Ainda assim, no seu discurso de vitória, o líder do partido de extrema-direita avisa que o partido “ainda não venceu”. Para já, varreu o Bloco de Esquerda, do outro lado da segunda circular eleitoral, “com uma pinta que nunca se tinha visto” — e ainda não vimos nada, porque “nada ficará como dantes” na política em Portugal.

Os grandes derrotados

Com 23,4% dos votos e 58 deputados, o PS de Pedro Nuno Santos registou o seu terceiro pior resultado de sempre, a seguir aos 20,8% e 57 deputados em 1985 e aos 22,2% e 60 deputados de 1987, numa altura em que o parlamento contava com 250 mandatos.

Pedro Nuno Santos, o rosto dessa enorme derrota, assumiu as responsabilidades e disse que deixará de ser secretário-geral “no momento em que puder“, afirmando não querer ser “um estorvo ao partido nas decisões que pretender tomar”.

Foi uma hecatombe de proporções bíblicas para o PS, à qual o Bloco de Esquerda também não escapou.

Mariana Mortágua acompanha Pedro Nuno Santos no panteão das derrotas da noite eleitoral. O BE perde o seu grupo parlamentar, que chegou a ter 19 representantes em 2015 e 2019, e passa a ser um partido de deputada única, a sua coordenadora.

A derrota bloquista ganha mais destaque após a aposta em resgatar da reforma para as suas listas de candidatos dois pesos pesados: o fundador e antigo líder do partido Francisco Louçã, e o historiador Fernando Rosas, que falharam a eleição.

Apesar da copiosa derrota, ao contrário de Pedro Nuno Santos, que se demitiu, Mariana Mortágua confirmou a sua recandidatura à liderança do partido, na convenção marcada para novembro.

Outras vitórias

Rui Tavares é um dos vencedores da noite eleitoral. À esquerda, o seu Livre foi o único partido a registar resultados positivos, tendo conquistado 4,2% dos votos e aumentado a representação parlamentar de 4 para 6 deputados.

Com a enorme queda do Bloco e a descida da CDU, que, com 3,0% dos votos, passa de 4 para 3 deputados, o Livre é agora o maior partido da extrema-esquerda.

Porém, com a atual composição da Assembleia, o Livre faz companhia à IL no grupo de partidos que aspiravam a fazer parte de uma solução governativa, mas dificilmente verão surgir oportunidade ou necessidade de que tal aconteça.

A Assembleia da República vai contar, na nova legislatura, com a estreia de um partido: o Juntos Pelo Povo, a segunda formação política mais votada na Madeira, que conseguiu eleger Filipe Sousa. É a primeira vez que um partido de raiz regional tem assento no Parlamento.

Com a entrada do JPP e a manutenção de todas as outras formações partidárias, o parlamento voltará a ter o número recorde de dez partidos, como aconteceu em 2019.

Com sabor a derrota

Rui Rocha ganhou, mas poucochinho. A Iniciativa Libera aumenta ligeiramente a sua votação relativamente a 2024, e conquista mais um mandato, passando a contar com 9 deputados na Assembleia da República.

Mas a pequena vitória da IL deixa os liberais aquém do que seria necessário para  ajudar a formar uma maioria parlamentar com a AD — que além disso, consegue sozinha mais deputados do que a esquerda junta.

O PAN de Inês Sousa Real falhou o objetivo de voltar a ter um grupo parlamentar. Mas, depois de ter estado em risco de perder mesmo a única representante que tinha, o partido conseguiu fazer eleger a sua porta-voz. É, neste caso, uma derrota que inesperadamente sabe a vitória.

A abstenção continuou a recuar, registando 35,6%, o valor mais baixo desde 1995, quando se situou nos 33,7%. E a derrota da abstenção sabe a vitória da democracia.

ZAP // Lusa

2 Comments

  1. Para saber os verdadeiros resultados partidos nas Eleições Legislativas de 2025 assim como resultado da Abstenção os votos dos Estrangeiros têm que ser anulados, o resultado da Abstenção não bate certo e na minha opinião poderá estar entre os 47% e os 52%.
    Há fraude eleitoral com os Estrangeiros que estão a ser deslocados para Portugal desde 2012 sem qualquer critério ou justificação a votarem para substituir os votos em falta da Maioria Silenciosa dos Portugueses representados pela Abstenção, este esquema de fraude eleitoral já tinha sido implementado nas Eleições Legislativas de 2024: «PT apela a comunidade brasileira para que vote à esquerda» (https://observador.pt/2024/03/08/pt-apela-a-comunidade-brasileira-para-que-vote-a-esquerda/), «Brasileiros em Portugal mobilizam-se para as eleições legislativas» (https://www.dn.pt/2647201781/brasileiros-em-portugal-mobilizam-se-para-eleicoes-legislativas/), «Seita ‘vende’ 100 mil votos ao PSD» (https://www.sapo.pt/jornais/nacional/10256/2023-12-20).

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