António Pedro Santos / LUSA

Sintra: José Luís Carneiro, Basílio Horta, Ana Mendes Godinho, Rui Tavares e João Soares
Ana Mendes Godinho é candidata à Câmara Municipal de Sintra; pela liberdade, pela democracia, contra retrocessos.
A candidatura da antiga ministra Ana Mendes Godinho à presidência da Câmara Municipal de Sintra, apoiada por uma coligação autárquica PS/Livre, foi apresentada neste domingo como um projeto em defesa da liberdade e da democracia, contra “retrocessos”.
Durante a sessão de apresentação da candidatura, que juntou, entre outros, o secretário-geral do PS, José Luís Carneiro, e o co-porta-voz do Livre, Rui Tavares, numa escola básica na freguesia de Algueirão-Mem Martins, foi anunciado que o antigo ministro e autarca socialista João Soares – abraçado a Rui Tavares no palco – será o candidato à Assembleia Municipal de Sintra.
Num concelho em que o Chega foi a força mais votada nas legislativas antecipadas de 18 de maio e tem a deputada Rita Matias como candidata à Câmara Municipal, Ana Mendes Godinho afirmou que a sua candidatura é “contra a política do medo, do ódio e da divisão”.
“Nós sabemos que há quem queira transformar a frustração das pessoas em raiva, a diversidade de Sintra numa ameaça, mas nós escolhemos outro caminho. Em Sintra, connosco, comigo, nunca serão lidos nomes de crianças em voz alta para acentuar as nossas diferenças”, prosseguiu a antiga ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.
Ana Mendes Godinho acrescentou que a sua candidatura “não se levanta contra ninguém, levanta-se por todos” e que “Sintra não precisa de regressos nem retrocessos, Sintra precisa só de respostas de proximidade, de energia, de trabalho, de coragem para fazer diferente”.
“É com a força da democracia que vamos derrotar a demagogia, o populismo e todos quantos querem colocar em causa a saúde do nosso projeto”, declarou, no mesmo sentido, o secretário-geral do PS, José Luís Carneiro.
Casas e transportes
Ana Mendes Godinho prometeu “colocar, até 2030, 10 mil casas no mercado a preços e rendas acessíveis” e mais transportes, incluindo autocarros diretos para Lisboa.
A antiga ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social prometeu também “criar e aumentar a rede de creches com mais seis mil novos lugares de vagas gratuitas”.
No plano da mobilidade, que elegeu como “prioridade essencial”, Ana Mendes Godinho afirmou que lutará “para garantir que a linha de Sintra passa a funcionar como uma linha de metro, com comboios regulares e previsíveis a cada 10 minutos”.
“Em paralelo, assumimos a necessidade de garantir por autocarros BRT a ligação entre os concelhos de Sintra, Cascais, Oeiras e Odivelas, reconhecendo, claro, a centralidade de Sintra na área metropolitana. Mas, também a criação de carreiras de autocarros diretos entre Sintra e Lisboa, ligando diferentes zonas do concelho a vários pontos da área metropolitana”, acrescentou.
A candidata à Câmara reafirmou o compromisso, que referiu já ter divulgado, de “acabar com as portagens na A16 para residentes, trabalhadores e empresas do concelho”, considerando que representa “um investimento fortíssimo, mas é uma medida justa” e que “ajuda a descongestionar o IC19, que está sufocado todos os dias”.
Ana Mendes Godinho comprometeu-se com “um ambicioso programa para a habitação em Sintra que garanta uma família, uma casa, aproveitando e partindo do trabalho de estratégia local já no terreno”.
“Acreditamos que conseguiremos, com este plano focado, colocar, até 2030, 10 mil casas no mercado a preços e rendas acessíveis. Com a Câmara a liderar, sem hesitações, e com o setor privado e cooperativo a colaborar, porque o tempo de emburrarmos e de desconfiarmos uns dos outros já passou”, disse.
“Liberdade”
Rui Tavares, do Livre, apontou “a liberdade” como um valor que une os dois partidos nesta candidatura autárquica: “É em nome da liberdade que nós nos candidatamos também. Da liberdade de todos e todas os sintrenses”.
O atual presidente da Câmara Municipal de Sintra, Basílio Horta, que não se pode recandidatar por limite de mandatos, discursou em último lugar e foi o único que se referiu expressamente ao partido Chega, considerando que o PS não vai “interromper o ciclo de vitórias” em Sintra, mas que “desta vez não é fácil”.
“Nós temos aqui um problema que é a subida da extrema-direita, e isso é grave para nós, porque uma coisa é voltar ao passado, e a lista do PSD é claramente um regresso ao passado, mas a lista do Chega é voltar ao passado com problemas sérios na liberdade individual e coletiva”, disse Basílio Horta.
Segundo o autarca, isso “deve mobilizar seriamente” a candidatura conjunta do PS e do Livre, “para além dos problemas autárquicos”, porque “há um risco evidente de o tal tik-tok de que falava a Ana Mendes Godinho aparecer e as pessoas ingenuamente acreditarem”.
“Eu acho que quem preza a democracia, quem preza a liberdade não pode votar no Chega, não pode votar no Chega, e é bom dizer isso com total clareza, porque há guerras”, defendeu Basílio Horta, “que têm de ser travadas em tempo útil, e este é o tempo de a travar”.
A Câmara de Sintra, no distrito de Lisboa, é liderada pelo PS, que em 2021 obteve cinco mandatos, tendo a coligação do social-democrata Ricardo Baptista Leite conseguido quatro eleitos, o Chega elegeu Nuno Afonso, que passou a independente, além de Pedro Ventura.
Até ao momento, são também conhecidas as candidaturas Marco Almeida (PSD/IL), Maurício Rodrigues (CDS-PP), Rita Matias (Chega) e Pedro Ventura (CDU, coligação PCP/PEV).
ZAP // Lusa
PS + Livre
A escumalha da ultra esquerda junta-se facilmente…