Angola vive dia histórico e o mais decisivo em 40 anos. Mas todos temem o amanhã

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David Stanley / wikimedia

Assembleia Nacional de Angola, em Luanda

É dia de eleições gerais em Angola e a UNITA tem sérias aspirações a “roubar” o poder que o MPLA segura há 43 anos. Só esse dado é já “histórico”, mas também será o primeiro grande teste para João Lourenço sem o apoio de José Eduardo dos Santos.

Cerca de 14,4 milhões de angolanos decidem, esta quarta-feira, se João Lourenço vai manter a presidência de Angola. O seu principal rival é Adalberto da Costa Júnior, líder da UNITA.

Os dois candidatos já votaram e João Lourenço frisou que os angolanos vão “todos sair a ganhar” com estas eleições. “É a democracia que ganha, é Angola que ganha”, vincou.

Para João Lourenço, será o seu primeiro grande teste político depois da morte de José Eduardo dos Santos. A polémica em torno do seu funeral, com os filhos mais velhos do antigo presidente a contestarem a sua transladação para Angola, é o elefante na sala destas eleições.

Durante a campanha eleitoral, João Lourenço fugiu ao assunto Zedu, como era conhecido Eduardo dos Santos em Angola, tentando livrar-se da sombra do homem que lhe abriu o caminho para o poder.

No meio da polémica quanto ao funeral, foi acusado pela filha mais velho de ter participado num conluio para matar o pai e perdeu definitivamente o apoio dos Eduardo dos Santos, com vários filhos do ex-presidente a serem investigados pela justiça angolana, nomeadamente Isabel dos Santos e Tchizé dos Santos.

As filhas mais velhas de Eduardo dos Santos têm manifestado o seu apoio a Adalberto da Costa Júnior, o que no caso de Tchizé é especialmente paradignmático pelo facto de ter sido deputada do MPLA.

Líder da UNITA fala em “dia histórico”

Após ter votado em Luanda, Adalberto da Costa Júnior falou de “um dia histórico”, apelando ao voto dos angolanos.

O líder da UNITA também aproveitou para denunciar alegadas irregularidades, referindo que “a votação está a ser feita sem cadernos eleitorais”, conforme declarações divulgadas pelo Observador.

A questão da eventual fraude eleitoral é um dos temas que mais preocupa no âmbito destas eleições. Até porque se temem eventuais protestos, e com violência, quando os resultados oficiais forem divulgados.

Votação decorre “de forma ordeira e pacífica”

Para já, está tudo a decorrer normalmente, como sublinha o porta-voz da Comissão Nacional Eleitoral (CNE), frisando que as 13.238 assembleias de voto espalhadas pelos 164 municípios angolanos “estão abertas e em perfeito funcionamento”. “Não há registo de qualquer incidente” que possa beliscar a votação, nota Lucas Quilundo.

No primeiro ‘briefing’ do dia, duas horas depois do início da votação dos eleitores angolanos, Quilundo notou que “o processo decorre neste momento de forma ordeira e pacífica e o ambiente geral no país é calmo e não há registo de qualquer anomalia”.

O responsável da CNE exortou igualmente os responsáveis das assembleias de voto a seguirem estritamente os pressupostos legais no atendimento e acompanhamento aos eleitores.

Pediu igualmente prioridade de voto aos agentes das Forças Armadas Angolanas (FAA), dos serviços de saúde e de emergência e às pessoas portadoras de deficiência no acesso às assembleias.

O porta-voz da CNE, órgão que coordena o processo eleitoral, apelou ainda para a necessidade de “não se colocarem impedimentos aos eleitores que circunstancialmente não se apresentem às assembleias sem as máscaras faciais” devido à covid-19.

As quintas eleições gerais em Angola perpetuam a disputa entre os dois principais partidos do país, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, Governo) e a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), que tentam conquistar a maioria dos 220 lugares da Assembleia Nacional.

No total, concorrem oito formações políticas, sete partidos e uma coligação, que tentam conquistar o voto dos 14,4 milhões de eleitores. As cerca de 13 mil assembleias de voto no país e diáspora vão estar abertas entre as 07:00 e as 17:00 (mesma hora em Lisboa).

O processo eleitoral, que tem cerca de 1.300 observadores nacionais e internacionais, tem sido criticado pela oposição, considerando-o pouco transparente.

ZAP // Lusa

4 Comments

    • Angola tem 33 milhões de habitantes, sendo mais de 50% jovens e crianças. Os jovens eleitores já não têm memória da guerra e muitos nasceram depois da guerra civil acabar. O lider da UNITA, Adalberto Costa Júnior não participou na guerra, não foi militar e durante a campanha eleitoral teve o cuidado de não falar no Savimbi, demarcou-se da herança dele e tem-se apresentado como um homem Democrata e do séc XXI.

      • A Guerra Civil acabou em 2002. Em Angola votam com 18 anos. As crianças que na altura tinham 5 anos, têm agora 25 anos, não são jovens? Entenda, a maior parte da população de Angola é jovem, tem menos de 30 anos e são esses que vão votar na UNITA.

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