Ángel Hernández, o homem que ajudou a sua mulher a pôr fim à vida há dez meses, em Espanha, decidiu doar a herança da sua esposa (300.000 euros) para o estudo da esclerose múltipla progressiva, avança a imprensa espanhola.
Hernández, ajudou a sua esposa, María José Carrasco, doente em estado terminal, a pôr termo à vida em abril de 2019, reacendendo o debate sobre a eutanásia em Espanha.
Agora, conta o jornal espanhol El País, doou toda a herança da sua esposa, que sofria da doença, ao Projeto M1, uma iniciativa pioneira organizada por doentes que tentam reunir fundos para impulsionar novas investigações sobre a esclerose múltipla.
Esta doença não é considerada mortal, mas condiciona drasticamente a vida dos doentes.
Maria José Carrasco sofreu da doença durante mais de 30 anos. Progressivamente, a sua vida foi-se tornando cada vez mais limitada, impossibilitando-a de ser mover e obrigando-a a utilizar uma cadeira de rodas. Nos últimos anos de vida, Maria mal conseguia falar, tinha dificuldades em comer e até a morfina que lhe era administrada deixou de surtir efeito.
Ángel Hernández, de 70 anos, era quem ajudava Maria, de 61 anos, a sobreviver. Acabou por cumprir o desejo da sua mulher, tendo depois contado o que aconteceu aos elementos da emergência médica. Foi inicialmente detido – o primeiro em Espanha por cooperação ao suicídio -, aguardando agora julgamento em liberdade.
O caso está pendente nos tribunais, representando a falta de regulamentação sobre este tema em Espanha. No passado dia 11 de fevereiro, Hernández assistiu com entusiasmo à aprovação de uma proposta de lei do PSOE para reconhecer a eutanásia a pessoas maiores de idade que padeçam de um sofrimento físico e psíquico insuportável e sem esperanças de cura, à semelhança do que já acontece na Holanda.
A proposta foi aprovada com 201 votos a favor, 140 contra (PP, UPN, Foro Asturias e Vox) e duas abstenções, tal como precisa o jornal espanhol El Mundo.