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Afinal, James Dean não morreu. Nem Paul Walker. E Robin Williams ressuscita em 2039

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James Dean no papel de Jim Stark, no filme “Rebel Without A Cause”

Quase sete décadas após a sua morte, o ator James Dean vai regressar aos ecrãs dos cinemas. Robin Williams tem provavelmente estreia marcada para 2039.

O icónico James Dean está de regresso ao grande ecrã, onde marca presença como estrela principal de um novo filme de ficção científica, “Back to Eden”.

Ídolo de Hollywood nos anos 1950, o ator não está de volta graças à descoberta de filmagens antigas ou com cenas cortadas.

O rebelde sem causa, que morreu num trágico acidente de viação em 1955, vai ser recriado digitalmente — com recurso a tecnologias de Inteligência Artificial avançadas, semelhantes às usadas para criar deepfakes.

A onda avassaladora, ao mesmo tempo fascinante e inquietante, que a evolução recente da IA está a lançar sobre inúmeras áreas — da indústria aos conteúdos e entretenimento — reacende o debate sobre ética, direitos de imagem e os limites do uso da tecnologia.

Nos tempos que vivemos, a maioria das pessoas, mesmo que não seja propriamente uma celebridade, deixa para trás um rasto de dados suficiente para ensinar aos programas de IA tudo sobre as suas mais pequenas idiossincrasias — e os duplos digitais convincentes não estão a chegar. Já chegaram.

A recriação digital de atores de cinema desaparecidos representa não só um avanço técnico impressionante, mas também uma mudança de paradigma no mundo do entretenimento — que tem levantado sérias preocupações entre profissionais da indústria.

Numa altura em que atores e argumentistas de Hollywood estão em greve, em protesto por disparidades salariais e pelo papel da IA no entretenimento (e quando ao mesmo tempo a Netflix recruta especialistas em IA), a actriz Susan Sarandon lança o alerta: os atores podem perder o controlo sobre a sua imagem e voz, que podem ser manipuladas por IA para “dizer e fazer coisas sobre as quais não têm escolha”.

A questão, realça a BBC, torna-se ainda mais sensível quando abordamos os direitos de imagem e personalidade de alguém após a sua morte.

A aposta em clones digitais de celebridades falecidas não é nova. Paul Walker, que tal como James Dean faleceu num acidente de viação, em 2015, foi “ressuscitado” e aparece em várias cenas dos filmes mais recentes da franqui “Fast”.

A Disney terá chegado a planear “ressuscitar” Carrie Fisher, a mítica Princesa Leia de Star Wars, que faleceu inesperadamente após as filmagens do Episódio VII, para o VIII e último episódio da saga. Mas os seus fãs não deixaram.

Contudo, a recriação digital de James Dean vai um passo além de tudo o que foi feito até agora. O seu avatar de IA não vai apenas aparecer em filmes, irá também interagir com o público em plataformas interativas, com realidade aumentada e virtual — o que, mais do que simples reconstruções digitais, permite que uma personalidade alcance uma espécie de “imortalidade digital”.

E podemos estar a chegar a uma era em que clones digitais de pessoas falecidas podem continuar a “trabalhar eternamente” na indústria do entretenimento.

Estes avanços trazem consigo questões éticas e legais complexas. Normalmente, os “direitos de imagem” de uma celebridade passam para os parentes mais próximos após a sua morte, mas o controlo final sobre a forma como a sua imagem é usada passa para o seu executor vivo.

Algumas celebridades, como Robin Williams, definiram em testamento limites para o uso da sua imagem após a morte, mas esse limite expira ao fim de 25 anos. Assim, é provável que em 2039 possamos voltar a ver o ator, que faleceu em 2014, numa sala de cinema perto de nós.

Mas será que devemos?

Armando Batista, ZAP //

1 Comment

  1. A tecnologia , desde a faca à Intelihgencia Artificial ou á nuclear, é neutra.

    O problema é o seu uso pelos humanos e os fins bons ou maus a que se destina. Aqui muitos concordarão que estas descobertas mais valia terem ficado na gaveta e nunca terem sido usadas, e nem sequer divulgadas, como já aconteceu , infelizmente poucas vezes, com alguns cientistas mais conscienciosos e com altos valores morais, e não movidos somente pelo dinheiro e pela fama dos premios nobeis .

    Mas enfim o Titanic (considerado inafundável) estava a afundar e a malta estava toda contente a dançar e a orquesta a tocar…

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