Afinal, crocodilo avistado no rio Douro pode ser uma lontra

Segundo os especialistas encarregues de encontrar um suposto crocodilo do Nilo avistado por algumas pessoas em Pesqueruela, Valladolid, não há indicações claras de que esse animal exista mesmo na ligação do rio Pisuera com o Douro.

De acordo com o jornal espanhol El País, que cita Fernando Gómez, chefe do serviço florestal da associação Chelonia, especialista em animais silvestres, não há provas que haja realmente um crocodilo no Nilo no rio Douro, embora admita que a falta de provas sólidas “não significa que não esteja” na zona.

As investigações no terreno, que contam com o apoio de drones, barcos e membros de uma associação que colabora com o Ministério da Transição Ecológica, levam a suspeitar que os indícios do animal avistado correspondem “a uma lontra”. Segundo os especialistas, é provável que tenha sido confundido com uma lontra.

Segundo Francisco Javier García, membro do Grupo de Monitorização da Biodiversidade da Universidade Complutense, é “muito fácil confundir uma lontra com esse réptil, porque o crocodilo move-se pela água com um movimento ondulado e com os olhos e o nariz de fora”.

Os dois ninhos que o crocodilo teria preparado e as pegadas que um animal com cerca de 250 quilogramas deixaria também não encaixam.

Um crocodilo de 250 quilogramas e dois metros deixaria pegadas muito reconhecíveis e grandes, tanto com as pernas como com a barriga que arrasta no chão.

Quanto aos ninhos, Javier Garcia explica que as fêmeas constroem-nos para pôr os ovos, que depois cobrem com solo e vegetação, e defendem-nos. “Se encontrar um, o melhor é ficar longe porque estará por aí um crocodilo”, explicou. Porém, até agora não apareceu nenhum crocodilo a defender o suposto ninho.

“O que se pensava ser um ninho corresponde ao efeito da passagem de pessoas“, explicou Fernando Gómez. Nesta zona, a margem do rio é um local comum para pescadores e caminhantes.

A temperatura fria da água do rio também não encaixa com a teoria do crocodilo, réptil que prefere andar em águas quentes.

Para Francisco Javier García, a única opção, embora improvável, é que o espécime tenha escapado nesta primavera de algum lugar próximo ao rio, porque não podia viajar quilómetros em busca de água.

A investigação começou quando o suposto crocodilo foi avistado por três pessoas no rio Douro, na zona de Pesqueruela, em Valladolid, Espanha, a emergir dos juncos e nadar através da água.