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Advogados de Trump acusam democratas de fabricar provas (e exigem a absolvição)

Após dois dias a ouvirem os argumentos da acusação, os advogados de Donald Trump gastaram apenas três horas a apresentar os argumentos da defesa do ex-presidente dos Estados Unidos no julgamento de impeachment.

O advogado Michael Van der Veen classificou a acusação como “um ato de vingança política, injusto e descaradamente inconstitucional“.

Depois de a acusação ter recorrido à exibição de vídeos, os advogados de Trump usaram o mesmo método e mostraram aos senadores uma montagem com excertos de discursos de Trump a apelar à “lei e ordem” no país, argumentando que a paz foi sempre uma prioridade para Trump durante o seu mandato.

A defesa mostrou um vídeo de políticos democratas a usar a palavra “lutar”. A montagem de mais de 10 minutos contou com a participação de muitos senadores democratas, além do presidente Joe Biden e da vice-presidente Kamala Harris quando estavam na campanha eleitoral de 2020, chamando à “luta” centenas de vezes em discursos e na televisão.

Van der Veen classificou o julgamento como um ato de aproveitamento político e disse que a acusação estava “errada nos factos”.

David Schoen, outro advogado de Trump, acusou os democratas de “fabricar” provas e exibiu uma fotografia publicada pelo The New York Times onde é possível ver o congressista Jamie Raskin a olhar para dois tweets de Trump, mostrados no Senado com a data de 3 de janeiro de 2020. porém, Eram de 2021. Para Schoen, isto prova que os democratas não exibiram os tweets reais, mas sim montagens.

Schoen disse ainda que grande parte dos argumentos da acusação baseavam-se em “relatos” da imprensa – e não em provas factuais.

O advogado acusou ainda de retirar grande parte do contexto necessário de certos vídeos para entender as palavras de Trump corretamente.

Outro dos argumentos em cima da mesa é o da liberdade de expressão. De acordo com a defesa, o discurso do ex-presidente está protegido pela 1.ª emenda da Constituição norte-americana.

“Sejamos claros: este julgamento é muito mais do que o presidente Trump”, disse o advogado Bruce Castor, ao encerrar a argumentação da defesa do ex-presidente dos Estados Unidos. “Trata-se de anular 75 milhões de eleitores de Trump e penalizar opiniões políticas. É disso que trata este julgamento”, afirmou. “O Senado deveria votar de forma rápida e decidida para rejeitá-lo”, pediu.

O Senado norte-americano aprovou com os votos dos senadores democratas e de alguns republicanos, a continuação do processo judicial de destituição do ex-Presidente.

Apesar disto, a condenação de Trump não parece provável, uma vez que seria necessária uma maioria de dois terços – 67 senadores. Para isso, 17 republicanos teriam de associar-se aos democratas. Na votação de terça-feira, só seis se dispuseram a fazê-lo.

Trump é o primeiro Presidente dos Estados Unidos a ser sujeito duas vezes a um processo de destituição no mesmo mandato e o único a ser julgado politicamente depois de já ter abandonado o cargo.

O primeiro impeachment foi aprovado pela Câmara dos Representantes, em dezembro de 2019, por abuso de poder e obstrução do Congresso, ao ter pressionado a Ucrânia a lançar uma investigação contra Joe Biden, agora Presidente, e o seu filho Hunter. O Senado acabou por absolver Trump em fevereiro do ano passado.

Maria Campos, ZAP //

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