Cristina Ferreira acaba de lançar um perfume íntimo chamado “Pipy” que pretende dar frescura à zona genital feminina. Especialistas em saúde feminina não recomendam o uso deste tipo de produtos.
O “Pipy” custa 29,90 euros e é apresentado como uma “bruma íntima” e um “novo cuidado para a zona íntima”.
Na página do produto no novo site de Cristina Ferreira, Eu Sou Gira, nota-se que “o Pipy foi desenvolvido com uma fórmula sem álcool, com pH equilibrado compatível com a zona íntima externa que respeita o equilíbrio natural da pele”.
“Contém ácido lático que favorece a hidratação da pele junto da zona íntima” e a substância foi “testada dermatologicamente e ginecologicamente” para oferecer “uma sensação de frescura imediata”, sublinha-se ainda.
O produto não é exactamente inovador, uma vez que existem no mercado várias ofertas de perfumes e desodorizantes íntimos que prometem neutralizar odores e dar frescura à zona vaginal.
A cantora brasileira Anitta também tem o seu perfume íntimo, o “Patroa”, lançado pela sua marca Puzzy como uma “colónia íntima”.
Em 2023, Kourtney Kardashian lançou gomas vaginais, um suplemento vitamínico que prometia melhorar a saúde e o sabor da vagina, contendo ananás, vitamina C e probióticos.
E a actriz Gwyneth Paltrow tem um site onde vende perfumes que “cheiram à sua vagina”.
Perfumes íntimos podem aumentar risco de infecções
A VIDAs – Associação Portuguesa de Menopausa já veio criticar o lançamento do “Pipy” de Cristina Ferreira, considerando que “promover produtos que perpetuam desinformação prejudica as mulheres e desvia o foco do que realmente importa: conhecimento, prevenção e saúde”.
“A saúde vaginal deve ser prioridade, e não uma oportunidade de mercado”, critica ainda.
“Produtos que prometem mascarar odores naturais podem alterar a microbiota vaginal, aumentando o risco de infeções“, bem como “disfarçar sinais de alerta, atrasando diagnósticos”, acrescenta a VIDAs, notando também que podem “provocar irritações em pele sensível”, sobretudo na menopausa e na peri-menopausa.
“O odor vaginal natural não deve ser estigmatizado ou mascarado“, acrescenta a Associação, sublinhando que “alterações persistentes ou desconfortáveis precisam de avaliação médica, não de cosméticos”.
A VIDAs também repara que “produtos deste tipo exploram inseguranças femininas e perpetuam a ideia de que o corpo feminino precisa de ser “corrigido” para cumprir padrões de beleza irreais”, o que “estigmatiza a saúde íntima, afastando mulheres de soluções seguras”.
É também algo que “explora economicamente inseguranças em vez de promover aceitação e empoderamento”, analisa a VIDAs.
A associação defende ainda mais “educação e desmistificação sobre o corpo feminino”, “cuidados médicos reais e acessíveis, em vez de soluções cosméticas” e “aceitação e confiança no corpo natural, sem padrões artificiais”.
“Não há necessidade, nem benefícios”
A ginecologista Irina Ramilo também comenta o “Pipy” de Cristina Ferreira, considerando que “é uma estratégia de marketing” e que “não há necessidade, nem benefícios” associados ao produto, conforme sublinha à revista online MAGG.
“O cheiro normal de que se fala do pH vem da vagina que é interior, e como esta bruma é para colocar no exterior, não vai interferir com o cheiro normal da vagina, ou com o corrimento”, aponta a médica.
“É só mesmo um produto para refrescar”, acrescenta, notando que “como tem ácido lático, acaba por ser rico em hidratação”. “Não é o essencial de tudo, mas hidrata”, destaca.
Contudo, se o produto contiver algum químico, pode resultar em “reações alérgicas ou irritativas, alterar o corrimento ou predispor a ter mais, infectar a região e causar vaginites”, acrescenta a ginecologista.
A médica também avisa que é preciso “ter atenção” para a zona vaginal “não ficar húmida, porque a parte da humidade também pode trazer infeções“.
Se quer mesmo usar, use com todo o cuidado
No site de Cristina Ferreira, explica-se que o “Pipy” é para “aplicar directamente na zona íntima externa, mantendo uma distância segura“. Sublinha-se ainda que é “apenas para uso externo” e que se deve “evitar o contacto com os olhos, nariz e outras áreas sensíveis”.
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Se quer mesmo usar o “Pipy”, ou outro qualquer perfume íntimo, pode tentar minimizar os riscos associados a estes produtos, por exemplo, testando primeiro uma pequena quantidade numa zona lateral da vulva, a parte externa dos órgãos genitais femininos.
Depois, só deve utilizá-lo se não verificar qualquer reação alérgica.
Nunca borrife o perfume directamente na vagina, ou seja, na parte interna do órgão genital feminino. Deve borrifar apenas a zona exterior e a uma distância segura.
E se quer mesmo usar algum tipo de produto para perfumar a região genital, os que são especificamente desenvolvidos para isso são sempre melhores do que outro perfume qualquer, pois apresentam fórmulas mais neutras e próximas do pH vaginal.
O Pipy da Cristina deve andar muito por baixo… 🙂
Herpes genitais…. Não estou a inventar.
Querem frescura? Lavai-vos!
Vi por acaso na televisão, num programa de feição, a publicidade a esse produto, feita pela própria, num registo de fazer corar de vergonha alheia.
Lamentável a baixaria a que estas “VIP’s” invertebradas, remetem os seus pares.
Pior ainda é nem sequer terem disso consciência.
Felizmente, existem MULHERES, que não se medem por essa reduzida bitola, e é por isso que essas pessoas e esses programas têm a adesão que merecem.