1000 dias de guerra na Ucrânia fizeram 1 milhão de vítimas. Kiev nunca se vai render

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Bart Maat / EPA

Neste simbólico dia, Kiev garante que nunca se vai submeter às forças russas, um milhão de vítimas depois e com menos um quarto da população desde o dia 22 de fevereiro de 2022. Eis os números sombrios da guerra.

Foi há exatamente 1000 dias que a Rússia lançou a sua invasão em grande escala no território ucraniano. Após 1574 artigos dedicados ao conflito, o ZAP traz, no 1575.º, alguns números que evidenciam o custo sombrio da guerra no seu 34.º mês.

Um milhão de vítimas. Acredita-se que é este o total de mortos e feridos.

Milhares de civis morreram. As mortes civis documentadas pelas ONU situam-se entre 11 e 40 mil mortes. A Ucrânia afirma que a Rússia já matou mais de 12 mil civis, incluindo mais de 500 crianças.

Mais de 6 milhões de cidadãos vivem como refugiados no estrangeiro e a população da Ucrânia diminuiu um quarto (cerca de 10 milhões, segundo os dados mais recentes da ONU) desde que o presidente russo Vladimir Putin anunciou o que há semanas governos mundiais vinham a antecipar, mas com um nome disfarçado: o início de uma “operação militar especial” em território ucraniano.

 

Centenas de milhares de casas ficaram reduzidas a cinzas.

Em todo o país, famílias passam noites em claro graças às sirenes e à presença cada vez mais frequente de drones russos. Os funerais militares tornaram-se rotina nas zonas urbanas e rurais.

Segundo as Nações Unidas, 40% da população da Ucrânia depende atualmente da ajuda humanitária. De acordo com o Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários da ONU (OCHA), a situação humanitária deteriorou-se drasticamente.

As baixas militares, embora não divulgadas, são estimadas em centenas de milhares em ambos os lados. Estimativas ocidentais apontam para 80 mil mortos do lado militar ucraniano. No total, 300 mil foram mortos ou feridos, dizem as autoridades ucranianas.

As consequências económicas fazem-se notar. O PIB da Ucrânia registou uma contração de um terço em 2022 e mantém-se a apenas 78% dos níveis anteriores à guerra. As principais indústrias, incluindo a produção de aço e de cereais, foram devastadas. De acordo com a Agência Internacional de Energia, a Ucrânia já só consegue gerar um terço daquilo que antes gerava.

As estimativas mais recentes do Banco Mundial apontam para um custo necessário de 5 mil milhões de dólares para reconstruir o país — um número que, desde que foi apresentado, já disparou.

A Ucrânia já perdeu milhares de milhões em armamento e veículos fornecidos pelo Ocidente — a “rocha” de Kiev que suporta a agressão russa. Entre fevereiro de 2022 e agosto de 2024, os EUA contribuíram com 85 mil milhões de euros, enquanto a UE e os seus membros forneceram mais de 100 mil milhões de euros.

Apesar das sanções da UE e dos aliados da Ucrânia, a economia russa tem mostrado resiliência. Após um breve declínio em 2022, o PIB recuperou, apoiado por uma economia de guerra e por fortes laços com a China.

A Rússia encontrou compradores para as suas exportações de energia no gigante asiático, na Índia e noutras nações, minando os esforços ocidentais para reduzir as receitas provenientes dos combustíveis fósseis. O aumento dos preços da energia também atenuou as perdas financeiras de Moscovo. Algumas exportações russas continuam, apesar das sanções, a chegar à UE através de países terceiros.

Fim à vista?

Os rápidos avanços iniciais da Rússia foram contrariados pelas forças ucranianas, sobretudo nas regiões norte e sul. As tropas ucranianas chegaram mesmo a lançar uma incursão na região russa de Kursk em agosto de 2024, mas grande parte do leste da Ucrânia, incluindo Luhansk, Donetsk e Zaporijia continua sob controlo russo.

A Crimeia, anexada pela Rússia em março de 2024, também continua ocupada. As linhas da frente, praticamente, estagnaram.

O ainda presidente dos EUA, Joe Biden, autorizou esta semana a utilização de mísseis norte-americanos contra alvos mais profundos na Rússia. Já Trump, o novo presidente da nação, há muito que promete acabar rapidamente com o conflito: ainda não se sabe o que vai acontecer ao apoio militar absolutamente fundamental dos EUA.

A Rússia tem sido reforçada pelo apoio da Coreia do Norte, que forneceu projéteis de artilharia, mísseis balísticos e, alegadamente, 11.000 soldados a Putin.

O inverno é sempre mais duro para os ucranianos. Este, trouxe novos ataques aéreos, com Moscovo a lançar a sua maior “fornada” de mísseis e drones desde agosto.

Neste simbólico dia sombrio, a diplomacia de Kiev declara que nunca se vai submeter à força russa, apesar das dificuldades no campo de batalha e da incerteza quanto à continuidade do apoio norte-americano.

A Ucrânia nunca se vai submeter aos ocupantes e os militares russos vão ser punidos por violarem o direito internacional“, garantiu a diplomacia ucraniana em comunicado, afirmando que a segurança não pode ser restabelecida sem a restauração da integridade territorial e da soberania da Ucrânia.

 

Tomás Guimarães, ZAP //

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3 Comments

  1. Os russos são a pior raça sobre a face da terra. Com eles veio sempre a fome, a miseria, as ditaduras encobertas dos grandes senhores e o pior de tudo a guerra, na tentativa de ficar com o que é dos outros.
    No séc. XXI precisam de uma lição.

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