Quatro motivos para esta alteração importante na política da Casa Branca, pouco antes de Biden deixar de ser presidente.
O Presidente norte-americano, Joe Biden, autorizou neste domingo, pela primeira vez, a Ucrânia a usar de mísseis de longo alcance fornecidos pelos Estados Unidos para atacar território da Rússia, segundo fontes citadas pela agência noticiosa Associated Press (AP).
Tal decisão constitui uma importante alteração à política dos Estados Unidos e ocorre no momento em que Biden está prestes a deixar a Casa Branca e o Presidente eleito, Donald Trump, prometeu reduzir o apoio norte-americano à Ucrânia e acabar com a guerra o mais rapidamente possível.
A decisão de Biden pode representar um grande impulso para a Ucrânia.
Os mísseis de longo alcance serão provavelmente usados em resposta à decisão da Coreia do Norte de enviar milhares de militares para a Rússia, para apoiar a continuação da guerra na Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022 pelo Presidente russo, Vladimir Putin, segundo as fontes da AP, que falaram a coberto do anonimato.
O major general Vieira Borges acrescenta outros três motivos prováveis para esta decisão.
O primeiro é a conversa recente entre Olaf Scholz e Vladimir Putin. O chanceler da Alemanha terá percebido que o presidente da Rússia não vai negociar a paz; só aceita a rendição da Ucrânia. Emmanuel Macron, presidente da França, disse o mesmo neste domingo.
O segundo é o ataque em grande escala da Rússia, que nas horas anteriores lançou 120 mísseis e 90 drones contra infraestruturas energéticas na Ucrânia. “Foi muito complicado o que se passou hoje na Ucrânia, considerou o major general.
Por fim, e relacionado com o primeiro motivo, a reunião entre Xi Jinping e Joe Biden. “A China não está propriamente confortável com a participação da Coreia do Norte em apoio da Rússia. Há aí qualquer coisa decorrente dessa reunião”, acredita Vieira Borges, na RTP.
Mas o especialista militar assegura que não há risco de expansão deste conflito por causa desta decisão de Biden: “Putin vai esperar por Trump”.
Reação da Rússia?
Putin afirmou a 25 de setembro, numa reunião do Conselho de Segurança da Rússia, que as propostas para “clarificar” a doutrina sobre o uso de armas nucleares incluem considerar como agressor da Rússia qualquer potência nuclear que apoie um ataque de um país terceiro.
“Foi proposto considerar a agressão à Rússia por um país não-nuclear, mas com a participação ou apoio de um país nuclear, como um ataque conjunto contra a Federação Russa”, declarou o chefe de Estado russo, numa clara referência à Ucrânia, que tinha pedido autorização aos Estados Unidos e a outros países ocidentais para usar mísseis fornecidos por estes em ataques ao território russo.
A 12 de setembro, Putin tinha advertido de que uma autorização dos países ocidentais à Ucrânia para ataques com mísseis de longo alcance contra território russo significaria que “os países da NATO estão em guerra com a Rússia”.
“Se esta decisão [de uso de mísseis de longo alcance ocidentais] for tomada, significará nada menos do que o envolvimento direto dos países da NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte, bloco de defesa ocidental) na guerra na Ucrânia”, avisou Putin.
“Isso mudaria a própria natureza do conflito. Significaria que os países da NATO estão em guerra com a Rússia”, acrescentou Putin num vídeo publicado na plataforma digital Telegram.
Já neste domingo, o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo recordou essas declarações, na reação à decisão de Joe Biden.
ZAP // Lusa
Guerra na Ucrânia
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EUA autorizam pela primeira vez Ucrânia a atacar Rússia com mísseis de longo alcance