Não foi uma Birkin. Foi A Birkin. A mala original de Jane Birkin foi vendida em leilão por 8,6 milhões de euros. Foi desenhada à pressa, num saco de vómito, a bordo de um avião, para ser uma coisa prática. Tornou-se o 2º artigo de moda mais valioso do mundo.
A primeira mala Birkin do mundo foi vendida, em leilão, esta quinta-feira, em Paris, por 8,6 milhões de euros.
A oferta vencedora de 7 milhões de euros arrancou suspiros e aplausos da audiência.
preço bateu o anterior recorde de leilão de uma mala de mão – 513.040 dólares pagos em 2021 por outra Hermès, a White Himalaya Niloticus Crocodile Diamond Retourne Kelly 28.
Agora, a bolsa Birkin original, batizada em homenagem à atriz, cantora e ícone da moda para o qual Hermès a criou – a falecida Jane Birkin -, fez história.
Tornou-se o segundo artigo de moda mais valioso vendido em leilão, segundo a Sotheby’s.
Apenas um objeto de moda foi vendido em leilão por um valor superior: um par de chinelos vermelhos rubi de “O Feiticeiro de Oz”, por 32,5 milhões de dólares em 2024.
A sala de leilões de Paris fervilhava de expetativa à medida que a venda começava, com o leiloeiro a lembrar à multidão que a mala era “totalmente única” e “a mala mais famosa de todos os tempos”.
A licitação começou em 1 milhão de euros, mas rapidamente aumentou, com os licitadores telefónicos a lutarem no final, com as taxas da Sotheby’s incluídas, e o preço total para o licitador vencedor do Japão foi de 8,6 milhões de euros, segundo a casa de leilões.
A Sotheby’s não identificou o comprador. Nove colecionadores que licitaram por telefone, online e na sala competiram na batalha de 10 minutos do leilão, com o colecionador privado do Japão a vencer o último licitante restante no final.
Desenhada à pressa num saco de vómito
A casa de moda parisiense Hermès encomendou a bolsa exclusivamente para Birkin, nascida em Londres, em 1984 – marcando-a com as suas iniciais J.B. na aba da frente, por baixo do fecho – e entregou-lhe a bolsa única no ano seguinte.
A versão comercializada subsequente da bolsa de Birkin tornou-se num dos artigos de luxo mais exclusivos do mundo, com um preço extravagante e uma lista de espera que durava anos.
Mas a história é muito melhor do que isto. Começou bem antes, quase sem querer, lá “nos céus”, após um (pequeníssimo) desastre num avião…
A bolsa nasceu de um encontro fortuito, num voo para Londres, nos anos 80, entre Jane Birkin e o então diretor da Hermès, Jean-Louis Dumas.
Birkin contou em entrevistas posteriores que os dois começaram a falar, depois de ela ter entornado algumas das suas coisas espalhadas pelo chão da cabine.
O (pequeníssimo) desastre no avião foi Birkin ter deixado cair os seus pertences de uma mala desajeitada.
Foi aí que Birkin decidiu perguntar a Dumas porque é que a Hermès não fazia uma mala de mão maior; e, logo ali, desenhou, num saco de vómito, o tipo de mala que gostaria de ter.
E foi aí que Jean-Louis Dumas mandou fazer um exemplar para ela. Lisonjeada, a cantora concordou quando a Hermès lhe perguntou se podia comercializar a mala com o seu nome.
“Não há dúvida de que a mala Original Birkin é verdadeiramente única – uma peça singular da história da moda que se tornou num fenómeno da cultura pop que assinala o luxo da forma mais refinada possível “, afirmou Morgane Halimi, diretora de malas e moda da Sotheby’s.
“É incrível pensar que uma mala inicialmente concebida pela Hermès como um acessório prático para Jane Birkin se tenha tornado na mala mais desejada da história“, acrescentou.
A bolsa tornou-se tão famosa que, antes de morrer, em 2023, aos 76 anos, Birkin chegou a pensar que os seus obituários iriam provavelmente “dizer: ‘Como a bolsa’ ou algo do género”.
ZAP // Lusa