Acordo sem precedentes volta a ser suspenso pelo Kremlin e põe em causa a segurança alimentar mundial. Rússia nega que a suspensão seja “vingança” pelo ataque deste domingo à ponte da Crimeia.
Esta segunda-feira, a Rússia suspendeu o acordo de exportação de cereais pelo Mar Negro a partir de portos ucranianos, argumentando que os compromissos assumidos em relação à parte russa não foram cumpridos.
“O acordo dos cereais está suspenso”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, durante a sua conferência de imprensa diária por telefone.
“Infelizmente, alguns dos acordos relacionados com a Rússia ainda não foram cumpridos, então o acordo está a ser terminado”, confirmou Peskov, que sublinhou que “assim que a parte russa dos acordos seja cumprida, o lado russo irá retornar a implementação deste acordo de mediato.”
O acordo sem precedentes negociado entre a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Turquia no verão passado — para permitir que alimentos deixassem a região do Mar Negro depois da invasão russa — garantia que os navios não seriam atacados quando presentes nos portos ucranianos.
A semana passada, o presidente da Rússia Vladimir Putin afirmou que nenhuma das condições do acordo que envolviam “interesses russos” foram cumpridas.
O reencontro do Banco Agrícola Russo com o sistema de pagamento internacional SWIFT, cortado devido a sanções relacionadas à invasão da Ucrânia, seria uma das condições fundamentais do acordo, segundo o The Washington Post.
A Rússia queixa-se das sanções que têm limitado os níveis de exportações dos seus próprios cereais e fertilizantes, exigindo uma mudança desse cenário, apesar de os bens agrícolas ucranianos chegarem a mercados estrangeiros.
“Vingança” pelo ataque à ponte da Crimeia?
Questionado esta segunda-feira se o ataque por parte de drones ucranianos à ponte que liga a Península da Crimeia à Rússia — que teve lugar este domingo e provocou a morte de um casal — foi um fator relevante por trás da decisão sobre o acordo de cereais, o porta-voz do Kremlin disse que não.
“Não, esses desenvolvimentos não estão ligados”, reforçou Peskov: “mesmo antes deste ataque terrorista, o presidente Putin já tinha revelado a nossa posição sobre isso.”
Uma ameaça à segurança alimentar mundial
Repetindo a suspensão, a Rússia volta a travar um acordo sem precedentes em tempos de guerra, impedindo o fluxo destes cereais para países ameaçados pela fome, elevados preços dos alimentos e pobreza em África, Médio Oriente e Ásia.
Tanto a Rússia como a Ucrânia são dois dos maiores fornecedores de trigo, cevada, óleo de girassol e outros produtos alimentares dos quais dependem estas nações em desenvolvimento.
A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura afirmou este mês que 45 países precisam de assistência alimentar externa, com os altos preços locais dos alimentos a apresentarem “níveis preocupantes de fome”, segundo a ABC.
A Iniciativa de Cereais do Mar Negro permitiu que três portos ucranianos exportassem 32,9 milhões de toneladas métricas de cereais e outros alimentos para o resto do mundo, sendo que mais de metade destas toneladas teriam como destino nações em desenvolvimento.
O acordo foi renovado, em maio, por 60 dias (em vez dos habituais 120 dias de extensão), mas a Rússia tem sido acusada de impedir a participação de determinados navios, com a quantidade de alimentos e número de navios a partir de portos ucranianos a diminuir nos meses passados. A quantidade de cereais caiu de 4,2 milhões de toneladas em outubro para 1,3 milhões de toneladas em maio — o menor volume desde que o acordo arrancou.
A Rússia já tinha desistido do acordo em novembro do ano passado, antes de prosseguir com a sua extensão, acusando a Ucrânia de ter usado drones para atacar o território anexado da Crimeia numa jogada descrita como “extorsão e punição coletiva” pelos EUA. A Ucrânia denunciou um “falso pretexto” para a suspensão do acordo de cereais.
“Sob as condições atuais, não pode haver dúvida de garantir a segurança de qualquer objeto na área até o lado ucraniano aceitar obrigações adicionais de não usar esta rota com objetivos militares“, disse o Ministério da Defesa russo em comunicado.
O ministério pediu ainda à Organização das Nações Unidas (ONU) que “obtenha garantias da Ucrânia de que não vão usar os corredores humanitários e os portos ucranianos designados para a exportação de produtos agrícolas em atos hostis contra a Rússia”.
Parece incrivelmente absurdo como é que o mundo depende exclusivamente de apenas dois países no que respeita a trigo, cevada e óleo de girassol… Mais meia dúzia de magnatas a encher os próprios bolsos à custa desta especulação. Já se viu com o óleo de girassol, no inicio subiram o mesmo para preços absurdos e agora tentam impingir o mesmo para escoar stock antes que passe do prazo de validade… Está a faltar uma revolução do povo comum contra estes magnatas que tornam mundo o cada vez mais injusto.
Agradeçam ao regime da Inglaterra, à OTAN, e à união europeia (ue) por esta situação.
Figueiredo , talvez seja melhor agradecer ao Invasor Putin , por esta simpática guerra , não acha ?
O Figueiredo tem de agradecer é ao Júlio de Matos por o deixar sair de vez em quando para vir aqui comentar