Hamas anunciou morte dos reféns “por causa dos bombardeamentos e massacres” israelitas, num dia em que Israel matou o coautor moral de ataque do Hamas. Israel testa invasão por terra e Irão prepara manobras militares.
As Brigadas de Al-Qassem, braço armado do movimento islamita palestiniano Hamas, anunciaram esta quinta-feira a morte de 50 reféns nos bombardeamentos de Israel à Faixa de Gaza, anunciou em comunicado o porta-voz das Brigadas, Abu Obeida, sem fornecer mais pormenores.
“As Brigadas de Al-Qassem calculam que o número de reféns sionistas mortos na Faixa de Gaza por causa dos bombardeamentos e dos massacres sionistas tenha alcançado perto de 50“, indicou o braço armado do Hamas na plataforma digital Telegram, uma afirmação que não foi possível verificar junto de fontes independentes.
Israel estima agora que um total de 229 reféns estejam nas mãos do Hamas, avançou o porta-voz das IDF Daniel Hagari.
O Hamas, que utiliza o termo “sionistas” para designar os israelitas, tinha dado conta de 22 reféns mortos a 16 de outubro, apesar de ter garantido pouco depois que a maioria está viva e de ter libertado já quatro dos reféns.
Esta quinta-feira, horas antes do comunicado das Brigadas de Al-Qassem, o porta-voz do Exército israelita, Daniel Hagari, tinha elevado para 224 (em vez dos anteriores 222) o número de reféns do seu país capturados pelo Hamas durante o ataque de 7 de outubro ao sul do território de Israel, que fez mais de 1400 mortos, na maioria civis, e cerca de cinco mil feridos.
“Este número tem evoluído em função das informações que vamos obtendo. Continuará a evoluir. Os esforços para trazer de volta os reféns são uma prioridade absoluta”, garantiu Daniel Hagari. Na semana passada, Abu Obeida tinha dito que havia um total de 250 reféns – 200 em poder das Brigadas de Al-Qassem e 50 nas mãos de outras milícias palestinianas.
Nos últimos dias, o Hamas libertou quatro reféns: Judith e Natalie Raanan, mãe e filha com nacionalidade norte-americana, na sexta-feira passada; e as idosas israelitas Yochved Lifshitz e Nurit Cooper, na segunda-feira.
Segundo dados fornecidos na quarta-feira pelo Governo israelita, mais de metade dos reféns tem passaporte estrangeiro de cerca de 25 países. Entre os sequestrados, há pelo menos 54 pessoas de nacionalidade tailandesa.
Coautor moral de ataque do Hamas eliminado
O Exército israelita anunciou ainda que eliminou num bombardeamento da Força Aérea o “número dois” da Direção de Informações do grupo islamita palestiniano Hamas, Shadi Barud, considerado coautor moral do ataque de 7 de outubro a Israel.
Num comunicado, o Exército indicou que, depois de receber informações dos serviços secretos militares e dos serviços secretos internos israelitas (Shin Bet), foi concebido um plano para atacar e eliminar Barud, que foi executado pela Força Aérea.
Segundo o Exército, Barud, juntamente com outro dos comandantes do Hamas, Yahya Sinwar (que Israel considera o seu principal alvo, mas não conseguiu ainda localizar), planearam o ataque ao sul do território israelita do passado dia 7 de outubro.
“Barud planeou os bárbaros ataques de 7 de outubro juntamente com Yahya Sinwar e tinha anteriormente sido comandante do batalhão do Hamas em Khan Yunis e foi responsável pelo planeamento de numerosos ataques terroristas contra civis israelitas”, indicou o Exército.
“Depois disto, Barud ocupou vários cargos nos serviços secretos militares do Hamas e foi responsável pela segurança da informação e era, até agora, responsável pelas relações do Hamas com os serviços secretos”, refere o comunicado militar israelita.
Por outro lado, “aviões de combate das Forças de Defesa de Israel (FDI) mataram o comandante do batalhão de ‘rockets’ da zona norte de Khan Yunis, Hassan al-Abdullah”, disse um porta-voz do Exército israelita.
“Os aviões de combate das FDI continuam a atacar a infraestrutura terrorista do Hamas na Faixa de Gaza, incluindo os centros de comando militar e os postos de lançamento de ‘rockets’”, acrescentou o porta-voz.
Khan Yunis é uma localidade no sul da Faixa de Gaza onde se situam vários campos de refugiados palestinianos e, nas últimas horas, as forças navais israelitas atacaram um posto de lançamento de mísseis terra-ar do Hamas nessa zona.
Por sua vez, “aviões de combate israelitas atacaram mais de 250 alvos” do Hamas nas últimas 24 horas, o que incluiu “centros de comando operacional, túneis e lançadores de ‘rockets’ instalados no meio de zonas civis”, de onde o Exército alegou que as milícias tinham disparado.
Desde que começou a guerra, as forças israelitas mataram 12 altos responsáveis do Hamas.
Israel faz operação terrestre em Gaza
Israel realizou uma nova operação terrestre na Faixa de Gaza, com apoio de caças e ‘drones’ (aeronaves sem tripulação), anunciou o exército israelita num comunicado.
A operação decorreu no setor central da Faixa de Gaza e visou alvos do grupo Hamas, segundo o comunicado citado pela agência francesa AFP. Os soldados abandonaram em seguida o território palestiniano sem sofrer ferimentos, afirmou o exército.
Paralelamente à operação terrestre, foram bombardeados alvos “pertencentes à organização terrorista Hamas” no centro do território “e em toda a Faixa de Gaza”. As imagens da operação foram partilhadas pelas forças israelitas.
OPERATIONAL UPDATE: The IDF conducted strikes on Hamas terrorist targets over the last 24 hours.
IDF ground troops, fighter jets and UAVs struck:
🔴 Anti-tank missile launch sites
🔴 Command & control centers
🔴 Hamas terrorist operativesThe troops exited the area and no… pic.twitter.com/yNdiY6XTby
— Israel Defense Forces (@IDF) October 27, 2023
O exército israelita disse ainda que destruiu lançadores de foguetes e centros de comando do Hamas. Na quarta-feira à noite, o exército anunciou que tinha efetuado um ataque com tanques no norte da Faixa de Gaza.
Irão vai realizar manobras militares em grande escala
O Irão vai realizar manobras militares em grande escala nos próximos dias, no meio de tensões na região devido à guerra entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas, anunciou esta sexta-feira uma agência iraniana.
Os exercícios militares, de dois dias, vão realizar-se na província central de Isfahan, informou a agência noticiosa Tasnim, ligada à Guarda Revolucionária iraniana. Serão utilizados veículos blindados, artilharia, mísseis, helicópteros e ‘drones’ (aeronaves sem tripulação), disse a mesma fonte, segundo a agência espanhola EFE.
O exército informou que 200 helicópteros participarão numa das manobras, mas sem dar mais pormenores.
Israel acusou o Irão de ter apoiado a operação do Hamas com treino militar, armamento e informações de inteligência.
Teerão, que nega as acusações, apoia o Hamas e tem alertado para o risco de uma escalada se Israel não parar com os ataques contra Gaza.
O conflito alastrou-se já ao norte de Israel, com trocas de tiros entre as forças israelitas e a milícia libanesa Hezbollah, ligada ao Irão.
ZAP // Lusa
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Israel procura sarna, muita sarna para se coçar.