Apesar de Berna ser frequentemente considerada como capital “de facto”, por ser a sede do governo federal, em termos legais, a Suíça não tem capital oficial.
Muito se fala nas populosas e populares cidades de Zurique, Genebra ou Basileia… mas, na Suíça, quem ‘manda’ é Berna.
Berna é considera a “capital de facto” do país, por sediar o governo federal e o parlamento. É onde se tomam as grandes decisões. É lá que está o poder.
No entanto, não se pode dizer que Berna seja, ‘de facto’, a capital do país. Isto porque, na realidade, a Constituição Suíça não designa nenhuma cidade como capital.
Como explica o Swissinfo.ch, a razão por detrás deste ‘mito’ raízes históricas e diz muito sobre o espírito pragmático e descentralizador da Suíça.
A Suíça surgiu em 1291 como uma confederação de cantões (estados) que se uniram numa aliança flexível. Até ao final do século XVIII, a Antiga Confederação Suíça não tinha parlamento. Sendo uma união de cantões independentes e soberanos, sem uma estrutura centralizada, o país dependia do Tagsatzung.
A Tagsatzung era uma assembleia de representantes dos cantões que se reunia alternadamente em diferentes cidades.
Em 1798, as tropas republicanas francesas invadiram a Suíça. A Confederação foi substituída pela República Helvética, um Estado unitário centralizado inspirado no modelo francês. Durante os cinco anos turbulentos da sua existência, as cidades de Aarau, Lucerna e Berna serviram sucessivamente de capitais.
Mas ninguém ficou satisfeito com esta solução.
A partir de 1815, o status de “capital” (então chamada Vorort, ou “cidade principal”) alternou a cada dois anos entre Zurique, Berna e Lucerna. No entanto, isso significou mudança, pouca eficiência e ainda mais discussão.
O que na Suíça não pode acontecer.
Em 1848, após a guerra civil de Sonderbund, a Suíça adotou um sistema federal. Para evitar tensões entre os cantões, foi adotado um compromisso e Berna foi escolhida como a sede do governo – apesar de nunca ter sido, formalmente, declarada capital.
Ainda assim, a estratégia parece ter funcionado.
A Suíça manteve-se estável desde então e estabeleceu-se como uma das democracias mais invejáveis do mundo.
Além disso, a decisão de não designar uma capital terá contribuído para evitar rivalidades entre os 26 cantões (que dispõem de uma grande e notável autonomia política) e promover a unidade entre eles.