Mariano Fazio, que exerce as funções de vigário auxiliar da Prelazia da Santa Cruz e da Opus Dei, em Roma, foi acusado pela justiça argentina de tráfico de pelo menos 43 mulheres menores.
O número dois da Opus Dei, Mariano Fazio, foi acusado pela justiça argentina de tráfico de pessoas, por ter recrutado pelo menos 43 mulheres menores e as ter forçado a trabalhar como empregadas domésticas sem remuneração durante décadas.
A justiça argentina, que investiga este caso desde 2022, acusou Fazio de “tráfico de pessoas sob a forma de escravidão“, numa decisão proferida em 11 de junho e divulgada esta segunda-feira pela agência EFE.
O mais recente arguido desde processo é o reverendo monsenhor Mariano Fazio, nascido em Buenos Aires em 1960, que exerce as funções de vigário auxiliar da Prelazia da Santa Cruz e da Opus Dei (Obra de Deus) em Roma.
Fazio é o braço direito do espanhol Fernando Ocáriz, líder supremo do grupo ultracatólico, e o primeiro na linha de sucessão.
Pelos mesmos crimes o tribunal indiciou os ex-vigários regionais Carlos Nannei (1991-2000), Patricio Olmos (2000-2010) e Víctor Urrestarazu (2014-2022), bem como Gabriel Dondo, ex-secretário responsável pela secção feminina do Opus Dei na Argentina.
A investigação judicial, iniciada em 2022, descreve o perfil de 43 mulheres em situação de vulnerabilidade económica que foram atraídas para a Obra quando tinham entre 12 e 16 anos, com a promessa de um lar e educação.
No entanto, a única instrução que receberam referia-se a tarefas domésticas como passar a ferro, cozinhar e limpar, trabalhos que realizaram durante décadas sem remuneração e a pedido de homens da Opus Dei, tanto na Argentina como noutros países.
De acordo com a acusação, a subjugação no trabalho era agravada por um regime de doutrinação e manipulação psicológica, com “regras de vida”, incluindo a obrigação ao celibato, o corte de laços familiares e sociais, exames médicos periódicos, e o fornecimento de medicação psiquiátrica, que tinham de cumprir sob ameaça de castigo.
Segundo a Catholic News Agency, o caso baseia-se no testemunho de uma mulher boliviana que trabalhou para o Opus Dei durante 30 anos. Em abril, a mulher expandiu a sua declaração, afirmando ter servido diretamente Fazio, entre outros sacerdotes.
Uma das vítimas relatou ao juiz Daniel Rafecas que Carlos Nannei, que liderava as sessões de meditação, lhes disse que “abandonar a Obra foi como saltar do barco” e que “abandonar o barco foi uma morte súbita“.
“Andei pela rua a pensar que não queria viver mais. Andei pela rua a pensar em como as pessoas podiam sorrir. Foi então que me encaminharam para um psiquiatra”, contou a denunciante, uma das mulheres que precisava de estar totalmente disponível para uma série de tarefas domésticas.
Esta declaração, feita a 6 de maio pelo método câmara Gesell, instrumento utilizado por diferentes áreas da psicologia que minimiza a influência do observador no desenvolvimento da situação observada, permitiu aos procuradores Eduardo Taiano, María Alejandra Mángano e Marcelo Colombo alargar a acusação contra Fazio.
Mariano Fazio tinha sido inicialmente excluído da intimação para interrogatório, cuja data ainda não foi confirmada, segundo adiantaram fontes judiciais à EFE.
O reverendo monsenhor desempenhou funções de 2010 a 2014 como vigário regional do Opus Dei na Argentina, Paraguai e Bolívia. De 2014 a 2019, foi vigário-geral da prelazia e é atualmente vigário auxiliar, segundo na hierarquia geral.
Opus Dei rejeita acusações
Após o anúncio desta nova acusação, inicialmente reportada pelo jornal espanhol El Diario, o gabinete de comunicações da Opus Dei na Argentina emitiu uma declaração na qual esclarece que a investigação judicial diz respeito apenas à “situação pessoal de uma mulher” durante o seu tempo na Opus Dei, e nega “categoricamente” a acusação de tráfico humano e exploração laboral.
“A Opus Dei expressa surpresa ao ver que a queixa que inicialmente começou nos meios de comunicação como uma reclamação sobre inconsistências nas contribuições para pensões e emprego subsequentemente se transformou numa ação civil por danos financeiros, bem como mais recentemente numa acusação de uma pessoa que afirma ter sido vítima de tráfico humano”, diz a nota da Opus Dei.
A queixa, mantém a Opus Dei, resulta de “uma completa descontextualização” da vocação livremente escolhida das numerárias assistentes.
A declaração prossegue defendendo o direito das pessoas mencionadas na queixa de se defenderem e “serem autorizadas a apresentar a sua versão dos acontecimentos pela primeira vez, de forma a esclarecer definitivamente esta situação.”
Aqueles que fazem a acusação, realça a Opus Dei, “têm sistematicamente tentado instilar nos meios de comunicação uma narrativa de culpa automática” que viola a presunção de inocência.
ZAP // Lusa
Policia em cima dessa pessoa. E se for provado o que é acusado…. Boa. Agora se for provado inocente? Azar o dele…. Ao contrario de uma certa etnia ou religião quando faz crimes (com frequência) não se identifica sequer a etnia ou nacionalidade quanto mais meter a foto da pessoa na noticia. Estranho não aparecerem muitas mulheres acusarem, mas apenas uma…. Para mim é logo uma bandeira vermelha e que devia se aproximar da história com cuidado e deixar a policia investigar.
A Opus Dei é uma máfia dentro da igreja, só que não os conhece é que os defende…