
O crânio de uma rapariga que se pensa ser filha de pais Neandertais e Homo sapiens
Foi descoberto o crânio de uma menina de 5 anos que viveu há 140.000 anos. Tem semelhanças com o Homo sapiens e o Neandertal modernos. Os seus pais podem mesmo ter pertencido a espécies diferentes.
Um crânio de hominídeo com 140.000 anos de idade, proveniente de Israel, pertenceu provavelmente a uma criança híbrida de pais Neandertais e Homo sapiens.
A conclusão é de um estudo publicado na mais recente edição da L’Anthropologie.
Como lembra a New Scientist, o crânio da menina de 5 anos foi originalmente desenterrado da gruta de Skhul, no Monte Carmelo, em 1929.
No total, estas primeiras escavações revelaram sete adultos, três crianças e um conjunto de ossos que pertenciam a 16 hominídeos – todos mais tarde atribuídos ao Homo sapiens.
No entanto, a classificação do crânio da criança tem sido contestada há quase um século, em parte porque a mandíbula é diferente das mandíbulas típicas do Homo sapiens.
Os trabalhos originais colocaram a hipótese de pertencer a um hominídeo de transição chamado Paleoanthropus palestinensis, mas investigações posteriores concluíram que provavelmente pertencia ao Homo sapiens.
Descoberta de um “híbrido”
O novo estudo utilizou agora a tomografia computorizada no crânio e comparou-o com outras crianças neandertais conhecidas.
Descobriu-se, por um lado que a mandíbula tinha caraterísticas neandertais distintas.
Por outro, o resto do crânio era condizente com o de um Homo sapiens.
Foi por aí que os investigadores teorizaram esta menina de 5 anos era um híbrido, cujos pais eram de espécies diferentes.
“Há muito tempo que penso que os híbridos não eram viáveis e continuo a pensar que eram maioritariamente abortivos. Este esqueleto revela que, no entanto, eram possíveis, apesar de esta menina ter vivido apenas 5 anos”, disse, à New Scientist, uma das autoras do estudo, Anne Dambricourt Malassé, do Instituto de Paleontologia Humana em França.
“As populações humanas são variáveis e pode haver muita variabilidade na sua aparência e forma física, mesmo sem se misturarem com grupos antigos como os Neandertais”, admite, por outro lado.
Além disso, sabemos que o Homo sapiens e os Neandertais trocaram genes muitas vezes durante os últimos 200.000 anos.
Embora o novo trabalho faça avançar a nossa compreensão deste importante crânio infantil, não podemos identificar definitivamente a criança como um híbrido sem antes extrair o seu ADN – o que os investigadores não conseguiram fazer.