A guerra na Ucrânia “não será longa”

Roman Pilipey / EPA

Nova previsão de Kyrylo Budanov, enquanto longe do terreno se reforça a tensão entre Ucrânia e Lula da Silva.

A guerra na Ucrânia começou há mais de um ano e meio mas não vai durar anos e anos.

A previsão foi deixada neste domingo por Kyrylo Budanov, chefe dos serviços de Inteligência do Ministério da Defesa da Ucrânia.

O responsável de Kiev comentou, numa reunião da Fundação Viktor Pinchuk, que o exército russo não é capaz, fisicamente, de realizar campanhas militares a longo prazo.

Por isso, acredita, a guerra acabará em breve: “Não partilho da opinião de que esta será uma guerra longa”.

“Esta é a minha opinião pessoal, que se baseia na análise dos dados que temos, em primeiro lugar, sobre o inimigo”, analisou Budanov, citado na agência russa Interfax.

Fazendo uma comparação, o “chefe dos espiões” ucranianos deixou uma previsão mais concreta: o conflito pode chegar a um ano.

“Se falas de meio ano, sete meses, ou cerca de um ano, e achas que isso é um período longo, então é bastante claro que estarás certo”, completou o analista.

Nos primeiros tempos da guerra (e ainda antes do seu início), Kyrylo Budanov acertou algumas vezes: avisou que iria haver guerra com a Rússia, que os russos iriam tentar controlar Kiev e que Kherson voltaria a ser dominada pelos militares ucranianos.

Mais recentemente, avisou que Yevgeny Prigozhin, ex-líder do Grupo Wagner, iria aparecer morto.

Mas falhou ao dizer que a guerra iria terminar no final da Primavera de 2023.

Ucrânia vs. Lula

Longe do terreno, Lula da Silva continua a deixar sinais de aproximação à Rússia – e sinais que irritam os responsáveis da Ucrânia.

Neste domingo foi emitida uma entrevista na qual o presidente do Brasil revela que Vladimir Putin vai ser convidado para a próxima reunião do G-20, que vai decorrer precisamente no Brasil, em Novembro de 2024.

“No Brasil gostamos de paz. De Carnaval, de futebol e de paz. E gostamos de tratar bem as pessoas”, começou por dizer Lula.

Assim, fica o convite: “Eu acho que o Putin pode ir para o Brasil tranquilamente”.

Questionado sobre o Estatuto de Roma de 1998 – o Brasil assinou esse documento e deveria deter Vladimir Putin por causa do mandado de captura internacional – Lula falou sobre respeito pelo seu país.

“O que posso dizer é que, se eu sou o presidente do Brasil e Putin for para o Brasil, não há motivos para ele ser preso. Ninguém vai desrespeitar o Brasil; tentar prendê-lo no Brasil é desrespeitar o Brasil. É para as pessoas levarem isso muito a sério”, respondeu o presidente.

Mykhailo Podolyak, assessor do gabinete presidencial da Ucrânia e um dos principais conselheiros de Volodymyr Zelenskyy, reagiu ainda neste domingo a estas declarações.

Na X, Podolyak escreveu que não entende porque o Brasil assinou o Estatuto de Roma se depois não o cumpre; e acha que convidar Putin é destruir a reputação do Brasil.

E atirou: Lula da Silva é o autor do “novo neo/realpolitik – quebrar tudo que puder; ou então o lema ‘viva o caos pelo bem dos assassinos russos!’…”.

“Para que é que precisas sequer de regras, quando vais quebrá-las em nome do populismo escandaloso?”, questionou o assessor.