Oficialmente, a situação entre Kremlin e líder do Grupo Wagner está resolvida. Mas agora surge outra versão.
A marcha até Moscovo pode ter sido a última iniciativa militar de Yevgeny Prigozhin.
Quando o movimento ainda estava a decorrer, rumo até Moscovo, chegou a indicação de que Vladimir Putin tinha deixado bem clara uma ordem: o líder do Grupo Wagner tinha que morrer.
Mas, poucas horas depois, a marcha foi interrompida e o desfecho para Prigozhin foi outro: ir para a Bielorrússia – e ficar por lá.
No entanto, o Kremlin ainda tem um plano para “eliminar” o líder (ou ex-líder) do Grupo Wagner.
Kyrylo Budanov, chefe dos serviços de Inteligência do Ministério da Defesa da Ucrânia, deixou esse aviso numa entrevista ao The War Zone.
O responsável ucraniano reforçou que os serviços de segurança de Moscovo receberam essa indicação. “Se vão conseguir? Veremos, com o tempo”.
“Em qualquer caso, todas essas tentativas de potencial assassinato não serão rápidas. Ter as abordagens adequadas e chegar ao momento em que estão prontos para uma grande operação… Isso demora. Mas é uma grande questão em aberto”, analisou Budanov, que não tem a certeza que os serviços de segurança do Kremlin vão “atrever-se a executar esta ordem”.
O “chefe dos espiões” da Ucrânia admitiu que, quando soube que estava a decorrer o movimento militar, o ambiente era “muito bom” porque poderia fragilizar a Rússia. Mas, como durou tão pouco tempo, não causou qualquer impacto significativo para a operação ucraniana.
No entanto, há dois pontos positivos para a Ucrânia: baixas na Força Aérea da Rússia e o aparente desaparecimento do Wagner: “Admito que esse grupo mostrou ser uma força de combate bastante poderosa, ao contrário do exército regular russo. E, ao contrário do exército regular russo, lutam da forma correcta e estão dispostos a sacrificarem-se para cumprir a tarefa”.
Kyrylo Budanov contou também que já sabia que havia planos para executar esta marcha. “E já sabíamos há algum tempo“.
Mas o chefe dos serviços de Inteligência não está preocupado com o que Prigozhin vai fazer na Bielorrússia, em relação à Ucrânia: “Não há planos para uma reconstrução maciça do Grupo Wagner na Bielorrússia. Estão a criar lá um posto, mas é para fins logísticos, além de alguns escritórios e centro de recrutamento. Mas é centrado nas operações do Wagner em África“.
E, além disso, segundo Budanov, Prigozhin não tem praticamente nenhum militar consigo na Bielorrússia.
Mas o chefe das secretas acredita que o poder vai mudar de “mãos” na Rússia. Só não sabe quando e como vai acontecer.
Budanov tinha dito que a Crimeia iria ser recuperada pela Ucrânia em Maio deste ano. Agora comenta: “Vamos fazer tudo o possível para recuperarmos as fronteiras de 1991 ainda neste ano. Mas só Deus consegue dar garantias”.