“Marcha pela justiça”. Prigozhin convoca russos para revolta contra comando militar

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O líder do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin.

O líder do grupo paramilitar Wagner convocou hoje uma revolta contra o alto comando militar da Rússia, garantindo que tem 25.000 soldados e convocando os russos a juntarem-se a estes numa “marcha pela justiça”.

“Somos 25.000 e vamos determinar por que é que reina o caos no país. As nossas reservas estratégicas são todo o exército e todo o país“, frisou o líder do Grupo Wagner, numa mensagem de áudio, instando “quem se quiser juntar” para “acabar com a confusão”.

No entanto, Yevgeny Prigozhin defendeu-se de qualquer “golpe militar”, alegando estar a liderar uma “marcha por justiça“.

Este não é um golpe militar, mas uma marcha pela justiça, as nossas ações não atrapalham as Forças Armadas”, assegurou, numa mensagem de áudio.

Prigozhin acusou hoje o Exército russo de realizar ataques a acampamentos dos seus mercenários, causando “um número muito grande de vítimas”, acusações negadas pelo Ministério da Defesa da Rússia.

“Realizaram ataques, ataques com mísseis, na retaguarda dos nossos acampamentos. Um número muito grande dos nossos combatentes foi morto”, sublinhou Yevgeny Prigozhin numa mensagem de áudio transmitida pelo seu serviço de imprensa.

A mensagem de Prigozhin foi acompanhada por vídeo com cerca de um minuto, onde se vê uma floresta destruída, alguns focos de incêndio e pelo menos o corpo de um militar.

O Exército russo negou de imediato a realização de ataques contra acampamentos do grupo Wagner.

“As mensagens e vídeos publicados nas redes sociais por Prigozhin sobre alegados ‘ataques do Ministério da Defesa da Rússia nas bases de retaguarda do grupo paramilitar Wagner’ não correspondem à realidade e são uma provocação“, referiu o governo russo em comunicado.

Numa outra reação, o líder do Wagner afirmou que as chefias do grupo decidiram que era preciso parar aqueles que têm “responsabilidade militar pelo país”.

“Aqueles que resistirem a isso serão considerados uma ameaça e destruídos imediatamente”, acrescentou Prigozhin, prometendo “responder” aos alegados ataques.

Estas fortes acusações de Prigozhin expõem as profundas tensões dentro das forças de Moscovo em relação à ofensiva na Ucrânia.

O líder do grupo Wagner tinha referido antes que o Exército russo está a recuar em vários setores do sul e leste da Ucrânia, Kherson e Zaporijia, respetivamente, contradizendo as afirmações de Moscovo de que a contraofensiva de Kiev era um fracasso.

Prigozhin disse que o mesmo está a acontecer em Bakhmut, onde as forças ucranianas estão a penetrar nas defesas russas.

Os comentários de Prigozhin, que não podem ser verificados de forma independente, contradizem o Presidente russo, Vladimir Putin, e o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, que afirmaram que o exército estava a repelir todos os ataques ucranianos.

Na quarta-feira, o líder do grupo paramilitar tinha já acusado o Kremlin de estar a esconder as dificuldades causadas pela contraofensiva ucraniana, que tem alcançado conquistas modestas nesta fase.

Na quinta-feira, Shoigu disse que o exército ucraniano estava a reagrupar-se, depois de não ter conseguido romper as defesas russas.

Prigozhin descreveu as declarações vitoriosas do Ministério da Defesa em Moscovo como um “profundo engano” e acusou o Estado-Maior.

Numa prova de que está a levar a sério a contraofensiva ucraniana, Putin pronunciou-se várias vezes em poucos dias sobre a situação no campo de batalha, após algum tempo sem comentar em pormenor a situação no terreno.

Enquanto muitos opositores russos e pessoas anónimas estão na prisão por criticarem o conflito na Ucrânia, o líder do Grupo Wagner questionou esta sexta-feira, abertamente, as razões pelas quais a intervenção militar foi lançada. “A guerra foi necessária para que um grupo de bastardos fosse promovido“, afirmou.

Prigozhin acusou também os oligarcas russos de terem empurrado o país para a guerra porque precisavam dela, enquanto Kiev, segundo disse, estava “pronta para qualquer acordo”.

Em maio, Prigozhin admitiu o fracasso da guerra e arrasou as elites russas, advertindo-as de que a vida luxuosa que levam enquanto as tropas russas morrem em combate pode acabar como em 1917, numa revolução.

Tudo isto está completamente escondido de todos. Um dia a Rússia vai acordar e perceber que a Crimeia é ucraniana. Isso é uma traição direta aos interesses da Federação Russa”, realçou Prigozhin. Na zona de Sadové, a norte de Tokmak na região de Zaporijia (sul), “não há comando, nem armas, nem munições”, alertou.

ZAP // Lusa

8 Comments

  1. E por cá temos dois generais de seus nomes Agostinho Costa e Carlos Branco que diziam que tudo isto do Prigozhin era apenas desinformação e orquestração entre o regime e o líder do grupo Wagner. Estes dois senhores não conseguiram ver o que era por demais evidente e que já todos os portugueses tinham visto há muito. E chegaram estes senhores a generais… Uma coisa é certa, se esta guerra serviu para alguma coisa, foi para ver como andam as nossas forças armadas. Também não será novidade para ninguém mas penso que nunca ninguém pensou que a incompetência tivesse ainda assim ido tão longe. Mas foi…

    • Agostinho Costa e Carlos Branco…estes senhores são uma autêntica anedota. Agora espero que a CNN os dispense de vez e nos poupe a mais comentários vergonhosos e nitidamente tendenciosos. É ver a cara de satisfação do Agostinho quando a Ucrânia tem algum revés!

  2. Ó sargento Agostinho Costa…então… já andam aos tiros em Rostov!!!! Inclusivamente um helicóptero que atacava o grupo Wagner já foi abatido!!! Ainda pensa que isto é tudo uma farsa?!?!?? É com cada um. Tem ido ao médico?!? Psiquiatra?!?! Fazia-lhe bem.

  3. Isto apenas vem demonstrar que o Agostinho Costa e o Carlos Branco podem perceber muito de alguma coisa mas não será certamente de guerra. Ponham-nos a comentar os tapetes de arraiolos ou as queijadas de Sintra. Pode ser que acertem mais.

  4. Estes generais carecas…que figura de ursos. Se eu fosse a eles enfiava-me num buraco. Que triste figurinha para todo o país rir à gargalhada. Um bando de garotos.

    • LOL. Fartei-me de rir com esta miudagem. Generais?!!! Mas de quê?!? Como?!?? Olhem, tenham juízo! Isto de ser general sem nunca ter combatido é um pouco como uma prostituta virgem.

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