Prigozhin admite fracasso da guerra e arrasa elites russas. “Pode acabar como em 1917, numa revolução”

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Metzel Mikhail / TASS / ZUMA

O líder do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin.

O chefe do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, admitiu hoje o fracasso da campanha militar da Rússia na Ucrânia, afirmando que nenhum dos objetivos foi atingido, elogia o exército ucraniano e critica as elites russas.

“A operação militar especial foi lançada com o objetivo de ‘desnazificação’, mas transformámos a Ucrânia numa nação conhecida em todo o mundo”, escreveu Yevgeny Prigozhin na rede social Telegram, citado pela agência espanhola EFE.

O empresário, que tem estado ao comando dos mercenários do grupo Wagner na linha da frente, disse que a invasão russa fez dos ucranianos “os gregos e os romanos da época do florescimento”.

Prigojin é um aliado do Presidente Vladimir Putin, que ordenou a invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, para “desmilitarizar e desnazificar” o país vizinho, entre outros objetivos.

Nas suas declarações, o chefe do grupo Wagner considera que a Rússia também falhou o objetivo da desmilitarização da Ucrânia.

“Se antes do início da operação especial, os ucranianos tinham, digamos, 500 tanques, agora têm 5.000. Se na altura eram capazes de combater 20.000 soldados, agora têm 400.000”, afirmou.

“Acontece que estamos a militarizar a Ucrânia, e de que forma!”, criticou, numa alusão ao fornecimento de armamento por parte dos aliados ocidentais de Kiev como resultado da invasão.

Desde o início da guerra, Prigozhin tem sido um duro crítico do estado-maior russo e do ministro da Defesa, Serguei Shoigu, a quem chegou a apelidar de “cabrões”, acusando-os de não fornecer munições suficientes e de sabotar as ofensivas dos mercenários.

Recentemente, documentos da inteligência norte-americana divulgados no Discord revelaram que Prigozhin terá oferecido informações sobre as tropas russas a Kiev em troca de uma retirada dos soldados ucranianos das imediações de Bakhmut.

Ainda no seu post no Telegram, Prigozhin disse também que o grupo Wagner “é o melhor exército do mundo.

“Para ser correto, devo dizer que o segundo melhor exército do mundo é o exército russo. Mas penso que os ucranianos têm um dos exércitos mais fortes”, afirmou.

Prigojin diz também que os militares ucranianos conseguem usar com sucesso qualquer sistema de armas, seja soviético ou da NATO, e comparou a motivação dos soldados ucranianos à dos soviéticos durante a guerra contra a Alemanha nazi. “Fazem tudo para atingir o objetivo supremo, tal como nós fizemos durante a Grande Guerra Patriótica”, disse.

A Grande Guerra Patriótica é a designação dada na Rússia ao período da Segunda Guerra Mundial entre o início da invasão da então União Soviética, em 1941, e a capitulação da Alemanha, em 1945.

Prigojin criticou igualmente os filhos da elite russa pela vida de luxo que exibem nas redes sociais, quando “as pessoas comuns veem os filhos serem-lhes devolvidos em caixões de zinco, feitos em pedaços. E não devemos pensar que são centenas, agora são dezenas de milhares de familiares dos mortos. E serão certamente centenas de milhares”, acrescentou.

Esta dualidade de critérios “pode acabar como em 1917, numa revolução”, referindo-se ao conflito de que resultou o fim da monarquia e a tomada do poder pelos bolcheviques liderados por Vladimir Lenine.

Além do fornecimento de armas, os aliados ocidentais de Kiev têm decretado pacotes de sanções contra a Rússia para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra.

Desconhece-se o número de vítimas do conflito, que mergulhou a Europa naquela que é considerada como a pior crise de segurança desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

ZAP // Lusa

1 Comment

  1. Olha aqui está um gajo que percebe a realidade onde se enfiou. Os outros vão demorar mais mas também vão chegar lá. Sobretudo quando para além dos 200 mil mortos atuais tiverem mais outros 200 mil.

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