Esta é a Juventude do Papa em apoteose. E quem pede, por vezes recebe

Antonio Pedro Santos / Lusa

Peregrinos da JMJ à espera do Papa no Parque Eduardo VII, em Lisboa

A menos de meia hora de o Papa entrar no Parque Eduardo VII, uma multidão de jovens de todo o mundo dividia-se entre os que tentavam estar o mais perto do palco e os que lhe viravam costas na esperança de ver Francisco subir a Colina do Encontro.

No recinto onde a meio da manhã se começaram a concentrar peregrinos para assistir à Cerimónia do Acolhimento, a animação fez-se ao ritmo dos artistas que vão subindo ao palco, mas também ao ritmo da aproximação das câmaras de televisão ou de um ‘clique’ de um fotógrafo.

Da Guatemala a Raimonda, em Paços de Ferreira, não há peregrino que não cante e dance quando filmado, numa onda de animação que se estende por todos os grupos que se concentram no relvado.

Entre os muitos milhares de peregrinos que abanam bandeiras de todas as nacionalidades, há quem ajude, como o padre espanhol que tem junto a si cinco jovens menores, mas que precisa que um voluntário ajude a encontrar outros cinco, perdidos algures no recinto. E a dar razão ao ditado “quem pede encontra”, lá chegou um voluntário com a comitiva.

Sem vontade de serem encontradas, três chinesas, que viajaram 12 horas para ver o Papa em Lisboa, pedem para não serem fotografadas, justificando que quando regressarem à China” isso pode trazer problemas”.

E porque, quem pede, por vezes recebe, os jornalistas acedem e em troca recebem também agradecimentos.

Sem tempo para esperar por agradecimentos, uma freira corre em busca de um voluntário que encaminhe uma jovem indisposta ao posto de socorro. Ainda antes de acabar a explicação, já dois voluntários amparavam e levavam em braços a jovem que, certamente, quando lhe voltarem as forças, haverá de agradecer.

Para outros, a longa espera, foi hoje à tarde feita de sestas ao sol, jogos debaixo de chapéus de chuva usados para fazer sombra e, sobretudo, muitos saltos ao som da música, cantorias e palmas.

Para lá da relva, na lateral da Colina do Encontro, o cenário era outro. Junto às baias que delimitam a passagem, muitos outros jovens concentraram-se na tentativa de ver passar o Papa, quando o líder da Igreja Católica se dirigisse para o palco onde às 17:45 começava a cerimónia de acolhimento aos peregrinos.

As baias foram sendo tapadas com bandeiras de países como Portugal, Espanha, El Salvador, Guatemala, Canadá, Japão e dos Estados Unidos.

O que não mudava, de um lado e de outro do cenário, são as palmas com que os peregrinos cumprimentam as colunas de agentes da PSP que vão passando pelos corredores mantidos livres e por onde, até ao início da cerimónia, foram passando quer agentes da PSP quer socorristas e voluntários apoiando peregrinos lesionados ou indispostos.

A dez minutos das 17:00, no palco, os artistas avisavam que “o Papa está quase aqui” e incitavam os peregrinos a “mostrar entusiasmo”. E eles mostraram, fazendo barulho para sinalizar onde estava, no recinto, cada uma das nacionalidades.

E quando o repto foi para todos fazerem barulho em conjunto, o Parque Eduardo VII explodiu de entusiasmo ao som de “Esta é a juventude do Papa” no exato momento em que surgiram nos écrans as motas que escoltam Francisco.

E às 17.34, o Papa chegou

Perante gritos “esta é a juventude do Papa”, Francisco entrou no palco da cerimónia de Acolhimento às 17:34, sendo recebido por um ambiente festivo e colorido pelas centenas de milhares de peregrinos presentes, numerosas bandeiras desfraldadas dos mais de 180 países representados nesta JMJ.

Francisco ouviu a música “Joyful, joyful”, interpretada pela cantora Mimi Froes, acompanhada pelo coro e pela orquestra da JMJ, compostos por 210 cantores e 100 músicos de todas as dioceses de Portugal, dirigidos pela maestrina portuguesa Joana Carneiro.

A música foi acompanhada de uma coreografia de jovens em cima do palco.

Antes, e pela primeira vez nesta JMJ, Francisco usou o papamóvel num percurso que incluiu a Avenida da Liberdade e para atravessar demoradamente o Parque até ao palco da cerimónia, tendo sido efusivamente saudado pelos peregrinos.

José Sena Goulão / Lusa

Peregrinos da JMJ recebem o Papa Franciso no Parque Eduardo VII, em Lisboa

Esta cerimónia, com uma duração estimada de uma hora e meia, responde ao apelo que o Papa Francisco fez aos jovens do mundo inteiro, para que se juntassem em Lisboa celebrando a fé e demonstrado a existência de uma Igreja una na sua diversidade.

Este Acolhimento é uma cerimónia que tem na sua génese as palavras-chave alegria, encontro e peregrino.

Mais de 147.000 pessoas nos diversos eventos

Mais de 147.000 pessoas participaram na quarta-feira nos diferentes eventos realizados em Lisboa no âmbito da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), revelou a PSP.

Na conferência de imprensa diária sobre a operação de segurança da JMJ, o diretor do departamento de operações da Polícia de Segurança Pública, Pedro Moura, precisou que, dos 147.450 jovens, 40.000 participaram no Encontro Episcopal de Itália, em Algés, 30.300 no Festival da Juventude, na Praça do Comércio, e 40.000 na Alameda.

No segundo dia da JMJ, dia em que o Papa Francisco chegou a Portugal, a PSP envolveu no policiamento e na segurança mais de 3.000 polícias em cada um dos quatro turnos de serviço.

Segundo Pedro Moura, os polícias envolvidos são do Comando Metropolitano de Lisboa, diferentes comandos do país e Unidade Especial de Polícia, além dos alunos da Escola de Polícia de Torres Novas e do Instituto Superior de Polícia, que pela primeira vez fizeram parte do dispositivo.

O responsável da PSP destacou o facto de não se terem registado incidentes ao longo do dia de quarta-feira.

ZAP // Lusa

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