Numa carta enviada à RTP, o ex-primeiro ministro nega ter comprado uma casa em Paris, mas confirma que viveu no apartamento do empresário e amigo Carlos Santos Silva.
Suspeito de corrupção, branqueamento de capitais e fraude fiscal, José Sócrates encontra-se detido no estabelecimento prisional de Évora, de onde ditou ao seu advogado, por telefone, a carta enviada à RTP.
Na carta de duas páginas, que Sócrates pediu ao advogado que apenas fosse entregue depois do congresso do PS, o ex-primeiro-ministro refuta várias alegações, a começar pela de que seja proprietário de um apartamento de luxo em Paris.
O apartamento, que está à venda há cerca de uma semana por 4 milhões de euros, está registado em nome do empresário Carlos Santos Silva, amigo de Sócrates e ex-administrador do Grupo Lena, acusado dos mesmos crimes e também ele detido em prisão preventiva.
“No primeiro ano vivi num apartamento arrendado”, diz Sócrates na carta, “depois, de setembro de 2012 a junho de 2013 vivi no apartamento que me foi emprestado pelo meu amigo Eng. Santos Silva, que o comprou para o recuperar, arrendar ou vender”.
“Saí quando começaram as obras”, diz ainda o ex-primeiro-ministro, “e depois de uns meses a viver com a família em hotéis, arrendei outro apartamento, que mantenho actualmente como residência em Paris.
A carta de José Sócrates é a “reacção indignada” do ex-primeiro-ministro a uma reportagem da RTP, segundo a qual 2 dos 3 apartamentos que a mãe do ex-governante vendeu ao amigo, ambos no Cacém e com intermediação do advogado Gonçalo Trindade Ferreira, foram escriturados por um preço 2 vezes acima do valor de mercado.
Segundo a peça da RTP, o primeiro destes apartamentos foi vendido no dia seguinte às eleições legislativas que ditaram a derrota do então primeiro-ministro, por um valor de 100 mil euros, muito acima dos 30 mil euros em que “agentes imobiliários avaliam um apartamento com 80m2 e construído há 50 anos.”
Segundo o ex-primeiro-ministro, 100 mil euros foi “o preço pelo qual a minha mãe vendeu os dois apartamentos, e não apenas um, como diz a peça”.
“É certo que é difícil falar. Estou preso. Mas não lhes faço o favor de ficar calado“, diz José Sócrates.
ZAP
Só vergonhaaaaaaaa!