Os sindicatos acusam a TAP de reduzir o seu prejuízo à custa dos trabalhadores. A empresa tem mil milhões de euros em viagens vendidas por fazer.
A TAP apresentou nesta terça-feira o seu relatório do primeiro semestre de 2022, com prejuízos de 202 milhões de euros. Isto constitui uma melhoria face ao mesmo semestre do ano passado, quando os prejuízos se fixaram nos 492,1 milhões de euros.
Ainda assim, a presidente Christine Ourmières-Widener não ficou demasiado confiante: “Estou cautelosamente optimista para o futuro. A recuperação das receitas e da rentabilidade está a ter um bom desempenho. E isso deixa-nos satisfeitos”.
As receitas aumentaram quase 400 milhões de euros, para 1,3 mil milhões de euros — mais do quádruplo do ano anterior. No entanto, o disparar dos preços dos combustíveis faz-se sentir nas contas. O custo foi de 409 milhões de euros e deverá chegar aos 1.000 milhões de euros no final do ano, escreve o Expresso.
A melhoria dos prejuízos da TAP devem-se, em grande parte, à quebra significativa dos gastos com trabalhadores, cujos custos caíram 145 milhões de euros, para os 187,7 milhões de euros, na primeira metade do ano em comparação a 2019.
O Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) e o Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (SITAVA) denunciam que as contas melhoraram às custas dos trabalhadores. Os seus salários terão financiado os resultados em mais de 50 milhões de euros em 2021 e em 25 milhões no primeiro semestre deste ano.
“Há sempre tensão durante e depois das crises. Não gosto de ver manifestações nas ruas, mas a gestão não pode perder o foco. Estamos em discussão com todos os nossos parceiros. Gostávamos que a relação melhorasse e estamos a trabalhar para que isso aconteça”, disse Christine Ourmières-Widener.
Até ao final deste ano, a companhia aérea espera receber os 990 milhões de euros que faltam, provenientes de dinheiro público – incluídos no plano de reestruturação. A TAP continuará a ter prejuízo em 2022 e só deverá voltar ao mercado no segundo semestre de 2023.
Citado pelo Expresso, Nuno Esteves, analista financeiro que acompanhas as contas da TAP, realça que a TAP é hoje “a companhia com os gastos com pessoal face às receitas operacionais mais económica da Europa, só suplantada pela Ryanair”.
A transportadora aérea tinha, no final do primeiro semestre deste ano, 1.064 mil milhões de euros em viagens vendidas por realizar. No último par de anos, este valor tem disparado, seja pela pandemia de covid-19, pelos problemas nos aeroportos europeus e pela falta de trabalhadores.
“Os constrangimentos nos aeroportos começaram e prolongaram-se por junho, julho e agosto, o que significa que este valor continuará a subir”, avisa Nuno Esteves.