A oposição juntou-se 49 vezes nas votações das propostas de alteração ao relatório preliminar da comissão parlamentar do Novo Banco. Isto significa que a convergência (contra o PS) aconteceu em 22% das propostas que fazem parte do relatório final.
O Público analisou as votações das mais de 200 propostas de alteração e chegou à conclusão que PSD, BE, PCP, CDS, PAN e IL votaram a favor (e permitiram a aprovação) de 49 alterações ao documento, o que corresponde a 22% das mudanças propostas. Isto significa que, em cerca de um quinto das alterações, o PS ficou sozinho a votar contra.
O diário escreve que a tendência foi particularmente evidente no capítulo que diz respeito ao período entre a resolução do BES (a 3 de agosto de 2014, durante o Governo de Passos Coelho) e a venda do Novo Banco (em outubro de 2017, já com o Executivo de António Costa).
Uma das alterações que mereceu a união da oposição foi uma proposta do PSD que diz que o BdP, enquanto autoridade de resolução, foi o responsável pela decisão de venda do banco, contando com a “colaboração e acompanhamento permanente do Ministério das Finanças, como resulta das cartas trocadas entre o governador do Banco de Portugal [na altura Carlos Costa] e o ministro das Finanças de então [na altura Mário Centeno]”.
Outra das alterações que contaram com o voto a favor de todos os deputados é a que diz que o Governo de Costa teve um “papel determinante” na venda do Novo Banco, “independentemente” de as responsabilidades formais serem atribuídas ao Banco de Portugal.
Além desta aliança, a publicação das votações de forma individual revela também que, por vezes, os socialistas contaram com a ajuda do PCP ou do PAN, votando contra ao lado do PS ou através da abstenção em cerca de 20 alterações, 9% do total.
O relatório final da comissão parlamentar de inquérito ao Novo Banco foi aprovado em votação final global a 27 de julho. Votaram a favor nove deputados (do PSD, do BE, do PCP, do PAN e da IL), absteve-se a deputada do CDS e votaram contra os sete deputados do PS.