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Agosto pode ser o mês do alívio das restrições

António Pedro Santos / Lusa

Com metade da população com a vacinação completa, há espaço para rever as limitações atualmente em vigor. Em agosto podem ser ajustadas algumas medidas, como a limitação de horários no comércio e na restauração.

Raquel Duarte, pneumologista e responsável pelos planos de desconfinamento propostos ao Governo, afirma que ainda é necessário que a vacinação continue associada a medidas comportamentais, mas “parece-me que faz todo o sentido que sejam revistas as medidas em agosto, porque estamos num contexto diferente dos anteriores”.

Em declarações ao Expresso, a especialista diz que, “à medida que vamos tendo mais população vacinada podemos ir abrindo os setores económico, cultural e de lazer, mas mantendo medidas de proteção individual particularmente em espaços fechados”.

Bernardo Gomes, médico de saúde pública e membro do grupo que definiu as linhas vermelhas, concorda e olha para agosto como o mês do início do alívio das restrições.

O perito considera que é importante reforçar a importância do uso de máscara em espaços fechados no interior dos espaços. “Também acho que podem ser repensadas as limitações de horários tanto no comércio como nos restaurantes, uma vez que com essa restrição vem o risco de haver maior concentração de pessoas”, diz ao semanário.

Quanto aos bares e discotecas, Bernardo Gomes afirma que ainda é cedo para abrirem, por serem “cená­rios ideais de disseminação”. “À medida que vamos tendo mais vacinados, podemos ir pensando nisso. Mas para este mês de agosto o essencial é clarificar que o risco é menor ao ar livre.”

Em maio, os especialistas acharam imprudente rever a matriz de risco, mas a discussão volta a estar em cima da mesa. “A partir do momento em que há maior desconexão do número de casos e internamentos, faz sentido rever limiares”, justifica Bernardo Gomes.

Na última semana, Portugal estava com uma média de 3.200 novos casos e nove mortes por dia, a incidência da covid-19 tem vindo a aumentar mas o R(t) está a descer desde o início de julho. A manter-se esta tendência, o pico de casos é esperado para estes dias.

Com 47% da população vacinada com duas doses, Portugal deverá atingir os 50% no início da próxima semana e a distribuição etária dos novos casos faz com que o impacto nos hospitais seja menor.

Ainda é cedo para mudar totalmente o paradigma, mas está na altura de a mensagem se ajustar à realidade, defende Margarida Gaspar de Matos, psicóloga e coordenadora da task force. “Não podemos ficar atolados na inércia. Temos de nos ajustar e ir mudando o chip com toda a prudência, passo a passo, usando na nossa proteção e na dos outros todos os instrumentos que temos”, afirma.

Na terça-feira, o primeiro-ministro António Costa irá ouvir os peritos no Infarmed. São esperadas melho­rias, mas os especialistas continuam a pedir cautela.

ZAP //

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