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“Má notícia”. Pfizer vai enviar menos 20% de doses previstas na primeira fase

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André Kosters / Lusa

O coordenador da ‘task-force’ criada pelo Governo para gerir o plano de vacinação contra a covid-19 foi ouvido, esta quarta-feira, numa audição conjunta da Comissão de Saúde e da Comissão Eventual para o acompanhamento da aplicação das medidas de resposta à pandemia.

Francisco Ramos anunciou, no Parlamento, que a Pfizer não vai conseguir entregar a quantidade de doses de vacinas acordadas com o continente europeu no primeiro trimestre de 2021, sendo que o primeiro lote será reduzido em 20%.

“Uma má notícia”, considerou o coordenador da ‘task-force’ criada pelo Governo para gerir o plano de vacinação contra a covid-19, citado pela rádio TSF, admitindo, assim, que a primeira fase de vacinação poderá só ser concluída entre janeiro e abril.

Mas, apesar dessa redução, o responsável garantiu a prontidão do SNS. “Mesmo que essa distribuição ocorra no dia de Natal, teremos as pessoas habilitadas para receber as vacinas no local. Estamos disponíveis para começar a vacinar assim que as vacinas chegarem, seria intolerável ter vacinas em Portugal e não as utilizar de imediato. O pior que poderia acontecer seria marcar datas fixas para uma pessoa vacinar-se num dia a X horas e depois não vacinar”, notou.

Confrontado com a capacidade para uma eventual antecipação da administração da vacina ainda até ao final de dezembro e não apenas em janeiro, Francisco Ramos não se mostrou preocupado, preferindo destacar a “esperança muito grande” que este passo significa no combate à pandemia.

“Quanto menos tempo tivermos para preparar este processo, melhor, porque isso significa que as vacinas vão chegar mais cedo”, sentenciou.

“Seria um enorme erro” tornar vacina obrigatória

“Esta vacinação é voluntária e acho que seria um enorme erro torná-la obrigatória. Temos 40 anos de experiência de plano de vacinação, que é uma joia de coroa do Serviço Nacional de Saúde”, afirmou, relativizando as estimativas de pessoas que não querem ser vacinadas: “Quem recusar receber a vacina deve ser respeitado. Os relatórios dizem que menos de 10% da população recusa tomar a vacina e esses números são animadores“.

“Temos de ganhar a confiança das pessoas para aderirem ao processo de vacinação. Se não a ganharmos, as vacinas vão servir de pouco. Temos de ser capazes de gerir a incerteza, garantindo que a vacina é segura, que os portugueses devem aderir e que o plano está a ser preparado com toda a cautela”, observou, desvalorizando a preocupação que possa existir com reações alérgicas por essa ser “uma questão habitual” na administração de vacinas.

Como tal, Francisco Ramos antecipou uma campanha de comunicação na qual está prevista, além dos contactos locais, a criação de “um site completamente dedicado onde as pessoas possam encontrar toda a informação” e “duas linhas telefónicas de contacto, em que a infraestrutura será apoiada pelo SNS24″, com profissionais aptos a esclarecer dúvidas, estando ainda em aberto a possibilidade de vir a ser feito por esta via o agendamento de vacinas.

O responsável disse esperar que “a atividade não covid se mantenha, porque não se espera utilizar mais de 20% dos enfermeiros dos centros de saúde”, sustentando ainda a capacidade destas unidades para conduzir e gerir a logística da inoculação das vacinas.

Francisco Ramos revelou que serão ainda criadas unidades móveis para a administração das doses, bem como “centros de vacinação” específicos a nível local sob a coordenação dos centros de saúde e “com profissionais 100% dedicados”, com as equipas de enfermagem a assegurar “a qualidade e tranquilidade” do processo.

A capacidade diária de inoculações contra a covid-19 será de 50 mil, segundo o coordenador, que destacou as unidades de cuidados na comunidade entre os “principais agentes da vacinação”.

Forças Armadas ficam fora da distribuição da vacina

“É a empresa que vai entregar as vacinas. A distribuição no continente não será feita pelas Forças Armadas, a responsabilidade do processo de distribuição será dos elementos a colaborar connosco. Não serão veículos das Forças Armadas a fazer essa distribuição, será feita através de organizações e instrumentos certificados e licenciados para isso”, afirmou Francisco Ramos.

O responsável confirmou também os três locais de entrega das doses: um no continente e outro em cada uma das regiões autónomas.

Para a primeira fase do plano de vacinação, prevista entre janeiro e março de 2021, os pontos de vacinação foram definidos tendo em consideração os grupos prioritários: as pessoas com mais de 50 anos com patologias associadas, residentes e trabalhadores em lares e profissionais de saúde e de serviços essenciais.

Por isso, a vacina será administrada nos cerca de 1200 pontos de vacinação habituais dos centros de saúde, nos lares e unidades de cuidados continuados e no âmbito da medicina do trabalho para os profissionais dos serviços essenciais.

ZAP // Lusa

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