Mais um domingo, mais um comentário de Luís Marques Mendes no Jornal da Noite da SIC. Esta semana o analista falhou no recolher obrigatório, da estratégia de comunicação de Costa, de uma possível renovação do estado de emergência, da esperança na vacina e do casamento entre o PSD e o Chega.
O recolher obrigatório, que entrou em vigor no passado dia 9 de novembro, foi o primeiro tema abordado por Luís Marques Mendes este domingo. Também ele a partir de casa, avaliou com nota positiva este “fim de semana confinado”, que correu bem, com as pessoas a dar o exemplo ao manterem-se em casa.
Contudo, Marques Mendes recorda que “estamos a atravessar um momento explosivo, o pior da pandemia, e não é apenas pelo brutal aumento do número de infetados, internados e óbitos”, considerou”.
O comentador realça que “as pessoas estão cansadas da pandemia, estão preocupadas com o seu rendimento e o seu emprego e revoltadas com más decisões” – a falta do consenso político da primeira vaga, a quebra de coesão social, visível “nas manifestações deste fim de semana” e a falta de liderança.
O analista político recordou que há 15 dias, Portugal era o 14º pior na UE em novos casos e que agora já estamos em décimo. “Estamos há várias semanas com um crescimento exponencial e as previsões são más.
Luís Marques Mendes olha com bons olhos para as mais recentes intervenções da Igreja Católica, “que admitiu cancelar as celebrações de Natal e deu um bom exemplo”. Por outros lado, as críticas choveram para outros lados. O ex-ministro destacou o caso do Pingo Doce, “que queria abrir lojas antes da hora normal”, contornando regras numa altura em que a própria comunicação governamental tem falhado.
Referindo-se a António Costa, afirmou que “não lembraria ao diabo, por exemplo, fazer uma conferência de imprensa à meia-noite de um sábado para anunciar um recolher obrigatório. Só se for para irritar as pessoas”, expressou o comentador, que vê falhas no planeamento, na eficácia e na decisão a tempo e horas.
“Não há uma decisão do governo que não tenha sido alterada ou corrigida”, critica.
Um novo estado de emergência
Marques Mendes considera que o decretar de um novo estado de emergência é inevitável “pois a situação ainda vai agravar-se nas próximas semanas“. Porém, considera que o confinamento dos fins de semana não se vai manter por causa do Congresso do PCP. A ideia será evitar “dois pesos e duas medidas”, embora “a perceção de dualidade de critérios permaneça”. “O PCP devia ter o bom senso de o adiar”, destaca.
O Natal está à porta, e o analista político realça que é importante dar um sinal de planeamento. “É fundamental que o mais tardar até ao final deste mês o Governo diga o que vai fazer em relação ao Natal.” Luís Marques Mendes salienta que as pessoas precisam de programar o Natal.
A esperança da vacina
No meio do caos que se tem instalado no país, esta foi uma semana marcada também por “uma excelente notícia”. “No fim de janeiro ou em fevereiro de 2021 podemos começar a ter as primeiras vacinas contra a covid-19“, anseia o comentador.
Neste momento há duas vacinas em fase mais adiantada – a da Pfizer/BioNtech e a da Astrazeneca/Universidade de Oxford – sendo que ambas podem vir a ser autorizadas pela EMA (Agência Europeia do Medicamento) até ao final deste ano. A primeira vacina referida foi tida esta semana como tendo um potencial de 90% de eficácia.
O analista da SIC recorda que “a produção das novas vacinas já começou”, e que está a ser seguida uma estratégia de produção de risco tendo em conta a urgência da vacina, uma vez que o processo de aprovação e os últimos testes vão decorreu em paralelo.
Relativamente à situação economica do país, Marques Mendes acredita que só com a situação pandémica controlada é que a recuperação económica será possível. E será precisa paciência: “o mais provável é que a nossa recuperação seja em formato de W, com duas quedas e duas recuperações”.
“Euromilhões”
Para concluir, o comentário incidiu na ligação entre o PSD e o Chega para viabilizar o governo nos Açores. “No espaço de um ano, o Chega entra para a AR, entra para a Assembleia Legislativa dos Açores, faz um acordo com o PSD para viabilizar o Governo Regional Açoriano, e tem já a perspetiva de um acordo nacional no futuro. Melhor era impossível”.
O comentador comparou todas estas conquistas políticas do partido de extrema direita ao “euromilhões”.
Marques Mendes não tem dúvidas de que o partido de André Ventura é o grande vencedor desta “solução legítima nos Açores que seria um problema sério a nível nacional”.
Considera ainda que o problema só se agravou esta semana para o PSD. “Em vez de dizer que esta solução nos Açores não era repetível a nível nacional, o PSD gerou a perceção de que um acordo com o Chega se pode repetir no plano nacional. Ora, a política vive de perceções. E esta perceção é um erro colossal para os sociais-democratas”.
A atual situação é mesmo, nas palavras do analista político, “uma avenida para o Chega crescer”, “um passaporte para o PSD perder votos nos eleitores moderados do Centro”, bem como “uma grande ajuda para acabar com o CDS e substituí-lo pelo Chega”.